Recobertos com camadas metálicas, polímeros podem ter algumas de suas propriedades acentuadas e até adquirir funcionalidades que normalmente não possuem. Resistência à abrasão, temperatura e luminosidade UV, ganho de condutividade elétrica e blindagem magnética são algumas das características que a metalização possibilita enfatizar, ou mesmo gerar nos plásticos. Esse tratamento permite que os materiais plásticos sigam substituindo metais em automóveis, peças hidráulicas e sanitárias, eletrodomésticos, tampas de frascos, entre outros itens.
Existem diferentes métodos de metalização dos plásticos, cada um deles com usos e potencialidades específicos (ver box). O mais convencional e mais comum, especialmente em aplicações mais exigentes em termos de resistência, caso das autopeças, por exemplo, combina um pré-tratamento químico que dota as peças plásticas de condutividade para o posterior processo de eletrodeposição de metais, no qual o cromo geralmente forma a camada mais externa (daí o nome usual de cromação, embora o processo inclua camadas feitas de outros metais).
Especificidades na composição que o tornam mais apto à adesão dos metais, além das características em quesitos como resistência mecânica e térmica, fazem do ABS o plástico submetido em escala amplamente majoritária aos processos de metalização. Isso garante a sua aplicação em peças decorativas de automóveis, torneiras, chuveiros, puxadores de gavetas, entre vários outros artigos. Em aplicações que exigem maior resistência mecânica e térmica, como insertos de calotas e peças instaladas mais próximas dos motores dos automóveis, são empregadas blendas de ABS e PC.
Há também nichos de metalização de outras resinas, entre as quais Anderson Bos, gerente de produto da Atotech, cita as poliamidas, que, por suas características de resistência mecânica, são especificadas por algumas montadoras para maçanetas de portas de carros. “Em países como Itália e França, hoje croma-se por eletrodeposição também o polipropileno, mas somente para tampas de frascos de perfume”, acrescenta.
Para outras resinas, explica Bos, ainda não se obteve processos de metalização com aderência suficiente. “E a indústria está confortável com os plásticos que já consegue metalizar”, pondera o profissional da Atotech, empresa fornecedora de produtos para todas as etapas dos processos de galvanoplostia, como também é chamada a eletrodeposição de metais, para diversos substratos: plásticos, latão, ferro, alumínio, entre outros.
Além de não se visualizar ainda a possibilidade de metalização de outras resinas por eletrodeposição, também não parece haver, ao menos por enquanto, perspectivas de muitos outros usos para a resina mais amplamente metalizada por esse processo, afirma Airi Zani, diretor-geral do grupo MacDermid na América do Sul. “ABS é uma resina cara”, justifica.
Segundo ele, vêm mudando inclusive os tratamentos aos quais é submetido o ABS em seu principal mercado: a indústria automobilística: “Há hoje uma tendência, não sei se passageira ou não, de se usar autopeças mais coloridas; isso favorece as peças pintadas e recobertas com verniz, em vez das metalizadas”, relata Zanini. Essa colocação de cor pode ser dada tanto por verniz eletroforético – que a MacDermid disponibiliza –, quanto por tintas que não fazem parte do escopo da empresa (que oferece um portfólio completo para todo o processo de tratamento por eletrodeposição de plásticos e de outros materiais).
Pode-se observar ainda, prossegue o profissional da MacDermid, um movimento de substituição, nas camadas exteriores das peças, do cromo hexavalente pela versão trivalente. “O cromo trivalente permite acabamentos diferenciados, especialmente em tons como fumê e cinza”, comenta. Essa substituição também atende a demanda de eliminação nos processos de tratamento, por questões ambientais e de saúde, do cromo hexavalente, que está sendo definitivamente proibido na Comunidade Europeia. Em fevereiro próximo, a região deve anunciar a decisão final sobre por quanto tempo ele ainda poderá ser utilizado nesse mercado.