Telhas: Mercado nacional se rende ao PVC e deve gerar boas oportunidades de negócios

Telhas: Mercado nacional se rende ao PVC e deve gerar boas oportunidades de negócios

Ao longo das últimas décadas, o crescimento da indústria do plástico se deveu muito à substituição de outros materiais por resinas nas mais variadas aplicações. A saga promete contar com mais um capítulo. Um novo nicho deve gerar boas oportunidades de negócios para fornecedores de matérias-primas, equipamentos e transformadores nacionais nos próximos anos.

A fabricação de telhas de PVC, produto de sucesso em outros países e recém-chegado ao mercado brasileiro, entusiasma o setor e deve se tornar alvo de investimentos pesados em curto prazo. Em tempo: as telhas de PVC não são fabricadas apenas com a resina. Elas são coextrudadas com uma camada fina (em torno de 8% da espessura) de material acrílico.

O filão é dos mais atraentes. No Brasil são fabricados em torno de 600 milhões de metros quadrados de telhas por ano, dizem números do setor. O crescimento médio das vendas desde 2004 tem ficado na casa dos 5% ao ano – 30 milhões de metros quadrados. Do total fornecido, aproximadamente 45% corresponde às telhas de fibrocimento – as cerâmicas representam 40%.

O PVC, por enquanto, não aparece nas estatísticas. Se depender da vontade da indústria do plástico, no entanto, esses números vão mudar. As metas dos representantes do setor são ambiciosas. Eles querem conquistar 10% do mercado em cinco anos. Para atingir esse objetivo, responsáveis pelo lançamento contam com as características proporcionadas pela matéria-prima, vantajosas em relação às das concorrentes. As telhas de PVC são mais leves, resistentes e recicláveis. O preço é maior, mas os profissionais ligados ao segmento garantem aos clientes instalação com custo/benefício compensador.

Telhas de PVC se destacam por causa da resistência e leveza

Telhas de PVC se destacam por causa da resistência e leveza

O projeto pioneiro de fabricação foi desenvolvido por meio de uma parceria do grupo mineiro Precon, fabricante de diversos materiais de construção, com a Braskem, fornecedora de PVC. Colaboraram na empreitada as fornecedoras de materiais acrílicos e de aditivos para o PVC. Os estudos se iniciaram em 2009 e as primeiras telhas chegaram ao mercado no final de 2010. De lá para cá, a Precon vem investindo de maneira constante no aumento de sua capacidade produtiva. Não está conseguindo atender à demanda e promete prosseguir na aplicação de recursos para elevar sua participação.

Uma segunda transformadora acaba de entrar no mercado. É a paulista Permatti, outro nome conhecido do ramo dos materiais de construção. Juntando as estruturas dos dois fornecedores, existem mais de dez linhas de produção em funcionamento. Até o final do ano, estima-se a entrada no mercado de pelo menos outras quinze. Cada linha conta com extrusora e equipamentos periféricos, todos de grande porte. A maioria das máquinas instaladas é de origem chinesa. O bom potencial do negócio faz as fabricantes brasileiras de equipamentos para extrusão trabalharem no desenvolvimento de modelos nacionais. Pelo menos duas, a Extrusão Brasil e a Teck Tril, prometem lançamentos ainda neste ano.

O interesse crescente da indústria provocou a criação, no final do ano passado, da Associação Brasileira da Indústria de Telhas de PVC (Abitelha), formada pelos empresários responsáveis pelo surgimento do produto no país. O interesse principal da nova entidade é desenvolver normas de qualidade mínimas a serem respeitadas pelos futuros fabricantes.

Lideranças – O otimismo irradiado pelas telhas de PVC à indústria de plástico pode ser medido pelos comentários de líderes do setor. Miguel Bahiense, presidente do Instituto do PVC, acredita no sucesso. “É um mercado com potencial bastante interessante”, resume. O dirigente conta como o produto, já utilizado em vários países, começou a ser comentado por aqui. “Em 2005, por ocasião da realização de nosso primeiro congresso de PVC, uma empresa da Itália veio falar sobre o assunto.” De lá para cá, houve avanço significativo no interesse por parte das empresas nacionais.

Bahiense cita algumas propriedades das telhas de PVC para explicar seu sentimento: são bem mais leves do que as de materiais concorrentes, pesam dez vezes menos do que as de barro, por exemplo. A característica traz muitas vantagens na execução da obra. “Não é preciso montar grandes estruturas de madeira para aguentar os telhados. Há economia de material e redução na mão de obra”, explica. A leveza também ajuda o transporte. Um mesmo caminhão pode carregar muito mais telhas. “As quebras de telhas de cerâmica ou de concreto são muito comuns durante as viagens, o PVC é bem mais resistente”, emenda.

O PVC proporciona excelente vedação e tem ótima resistência mecânica e química. “As telhas têm ótima durabilidade, exigem menos manutenção no dia a dia e aguentam bem as chuvas de granizo ou os efeitos produzidos pelo salitre no litoral.” O material também permite excelente isolação térmica e acústica e é totalmente reciclável. “A proteção do meio ambiente hoje é procurada por todos na indústria”, lembra.

Para que tudo ocorra conforme o esperado pelo setor, os próximos passos são importantes. Um deles é o investimento de um maior número de empresas na atividade. Isso não parece ser problema diante do interesse crescente do empresariado. Para ajudar, a tecnologia necessária está disponível. Ela exige adaptações em relação a outras operações de extrusão da resina.

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