O Impacto de um Apagão nos Alimentos Armazenados
Uma falha de energia pode ser mais do que apenas um incómodo temporário – pode representar um risco real para a segurança alimentar. Com o frigorífico sem energia, a temperatura interna sobe, criando um ambiente propício para a multiplicação de bactérias perigosas. Por isso, é fundamental saber quanto tempo é seguro manter os alimentos no frigorífico durante um apagão e que medidas tomar para evitar intoxicações alimentares.
Quanto Tempo É Que os Alimentos se Mantêm Seguros?
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), num documento intitulado Keeping Food Safe During an Emergency, um frigorífico fechado consegue manter os alimentos seguros durante cerca de quatro horas após uma falha de energia. Durante esse tempo, é crucial não abrir a porta do frigorífico, para conservar o máximo de frio possível no interior.
A dietista registada Beth Czerwony reforça esta orientação, explicando ao Cleveland Clinic que o ar quente que entra cada vez que se abre a porta acelera a subida da temperatura interna, encurtando a segurança dos alimentos. Normalmente, o frigorífico mantém os alimentos a temperaturas iguais ou inferiores a 4 ºC (ou 40 ºF). Acima desse valor, os alimentos entram na chamada “Zona de Perigo”, na qual as bactérias se podem multiplicar rapidamente.
Alimentos que Devem Ser Deitados Fora
Se a falha de energia ultrapassar quatro horas, determinados alimentos devem ser descartados para evitar riscos de contaminação – isto se a temperatura do frigorífico subir para um nível muito superior ao suposto. Entre eles estão: carnes cruas ou cozinhadas (incluindo carne de vaca, aves e marisco), assim como substitutos de carne à base de soja; carnes processadas, como fiambre, cachorros-quentes e bacon; produtos lácteos (leite, iogurtes, natas); ovos e quaisquer pratos à base de ovos; sopas, guisados e caçarolas; massas, arroz ou batatas cozinhadas; pizzas e restos de refeições; queijos de pasta mole, como brie, mozzarella e queijo creme; frutas e legumes frescos cortados e vegetais cozinhados; sumos de vegetais abertos e leite em pó para bebés aberto.
Estes alimentos, uma vez expostos a temperaturas superiores a 4 ºC durante mais de quatro horas, devem ser considerados inseguros, conforme recomenda também Tom Ross, especialista em microbiologia alimentar da Universidade da Tasmânia, em declarações à ABC News Australia.
Alimentos que Podem Ser Conservados
Por outro lado, alguns alimentos são mais resistentes e podem ser mantidos mesmo após uma falha de energia prolongada: queijos duros, como cheddar, suíço, Colby e provolone, bem como queijos fundidos e parmesão ralado; manteiga e margarina; frutas e vegetais não cortados; sumos de fruta abertos e fruta enlatada; condimentos como ketchup, mostarda, manteiga de amendoim, geleias e molhos baseados em vinagre (barbecue, Worcestershire, molhos para salada); pão e tortilhas. Esses produtos têm menor teor de umidade ou maior acidez, fatores que dificultam a multiplicação bacteriana.
Além disso, o armazenamento adequado desses alimentos, mesmo durante um apagão, pode prolongar sua segurança, pois muitos deles mantêm suas propriedades por mais tempo, permitindo um aproveitamento seguro após a volta da energia.
Sinais de que a Comida Já Não É Segura
Além do tempo e da temperatura, é importante reconhecer sinais visíveis de deterioração. Se notar cheiro estranho, alteração de cor ou textura diferente nos alimentos, é mais seguro descartar do que arriscar. Tal como recomenda o USDA, nunca prove alimentos para avaliar se estão bons – um alimento pode parecer, cheirar e saber bem, e mesmo assim conter bactérias nocivas.
Outra dica fundamental é a realização de inspeções regulares dos alimentos armazenados. Criar a rotina de verificar se há alterações nas embalagens ou nos próprios alimentos pode ajudar na identificação precoce de produtos que devem ser descartados.
Como Prolongar a Segurança Alimentar Durante um Apagão
Para maximizar o tempo de segurança dos alimentos durante uma falta de energia, os consumidores podem seguir algumas estratégias eficazes. Mantenha a porta do frigorífico fechada o máximo possível e, se você tiver gelo ou um termômetro, adicione gelo ao frigorífico para ajudar a manter a temperatura. A utilização de termômetros elimina a dúvida, permitindo monitorar com precisão a temperatura interna do aparelho.
Além disso, a disposição dos alimentos também pode ser importante. Colocar os itens mais perecíveis nos andares mais baixos e propensos a manter a temperatura mais constante do frigorífico pode ser uma estratégia útil. Por outro lado, ter um inventário dos alimentos, organizado por data de validade, pode facilitar a identificação dos itens que precisam ser consumidos primeiro.
Futuras Perspectivas
Os apagões podem ocorrer devido a uma variedade de fatores, incluindo fenômenos climáticos extremos, falhas na infraestrutura elétrica e até mesmo manutenção programada. Com a crescente preocupação sobre a segurança alimentar em situações de emergência, é importante que os consumidores se mantenham informados sobre as melhores práticas para o armazenamento e manuseio de alimentos. O conhecimento sobre a duração da segurança dos alimentos no frigorífico durante um apagão é essencial para a saúde pública e para evitar desperdício.
No futuro, campanhas de conscientização e a promoção de dispositivos que ajudem a monitorar a temperatura dos frigoríficos durante apagões podem desempenhar um papel significativo na segurança alimentar. Empoderar as comunidades com conhecimento e ferramentas pode reduzir os riscos associados à perda de energia e suas consequências na segurança alimentar.
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