Análise econômica da suinocultura: exportações recorde e preços internos reagem
As exportações brasileiras de carne suína em maio de 2025, apesar de uma leve queda em relação ao mês anterior, alcançaram um patamar histórico, consolidando o bom momento do setor no cenário internacional. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), foram embarcadas 117,5 mil toneladas da proteína no último mês, com preços refletindo essa alta demanda. Este volume representa uma redução de 8,1% em comparação com abril de 2025, quando as exportações foram ainda mais robustas, mas um aumento expressivo de 13,7% em relação a maio de 2024.
Desde abril do ano passado, o Brasil tem consistentemente superado a marca de 100 mil toneladas de carne suína exportadas mensalmente, um feito notável que sublinha a crescente competitividade e capacidade produtiva do agronegócio nacional. O recorde de maio de 2025, considerando a série histórica da Secex iniciada em 1997, demonstra a força do setor em um mercado global cada vez mais exigente.
Mercado doméstico: recuperação dos preços do suíno vivo após queda em maio
No mercado interno, os pesquisadores do Cepea observam uma recuperação nos preços do suíno vivo e da carne após um período de instabilidade. A segunda quinzena de maio foi marcada por quedas nas cotações, tanto para o suíno vivo no setor industrial quanto para a carne. Contudo, entre 3 e 10 de junho, houve uma reação positiva nos preços em diversas regiões, impulsionada por um ritmo de negócios mais aquecido.
Essa retomada se alinha com o período de tradicional aumento na demanda, favorecido pelo maior poder de compra da população, como ressaltado pelo Cepea. Essa dinâmica sugere uma relação saudável entre oferta e demanda, com consumidores se mostrando receptivos à proteína suína, indicando um cenário promissor para o setor nos meses seguintes.
Comparativo de preços do suíno vivo: tendência de alta em junho
A análise dos preços do suíno vivo nas principais praças produtoras do Brasil revela uma leve recuperação na primeira semana de junho em comparação com as médias de maio. A evolução dos preços é crucial para entender a saúde do mercado interno e as expectativas dos produtores.
É importante ressaltar que os preços médios do suíno vivo em maio superaram os de abril, impulsionados pela firmeza das cotações durante as três primeiras semanas do mês. A demanda aquecida, especialmente devido ao Dia das Mães, sustentou esses valores. Contudo, o encerramento de maio trouxe uma leve pressão nos preços, atribuída à menor procura e a um cenário especulativo em razão da gripe aviária, que impactou o mercado momentaneamente.
No atacado da Grande São Paulo, a carcaça especial suína também mostrou valorização, com um aumento de 2,4% de abril para maio, sendo comercializada à média de R$ 12,74/kg no último mês. Este dado evidencia a tendência de valorização da carne suína em toda a cadeia produtiva, refletindo o aumento de interesse por parte dos consumidores e a adaptabilidade do setor.
Perspectivas para a Suinocultura
O cenário atual da suinocultura brasileira é de otimismo, com o setor demonstrando resiliência e capacidade de resposta tanto no mercado externo, com volumes recordes de exportação, quanto no mercado interno, com a recuperação dos preços e demanda aquecida. Os próximos meses serão cruciais para consolidar essas tendências e observar o impacto contínuo das dinâmicas globais e domésticas na rentabilidade dos produtores.
Especialmente diante de um panorama global ainda incerto, a constante adaptação às demandas dos mercados consumidores será fundamental para manter a competitividade e evitar surpresas negativas, ressaltando a necessidade de monitoramento contínuo das condições de mercado.
Fatores que influenciam o mercado da suinocultura
Custos de produção (especialmente ração): A alimentação dos suínos, composta principalmente por milho e farelo de soja, representa a maior parcela dos custos de produção. Flutuações nos preços desses grãos impactam diretamente a rentabilidade dos produtores, exigindo constante monitoramento e estratégias de gerenciamento de custos.
Demanda interna: O poder de compra da população e os hábitos de consumo influenciam a demanda por carne suína no mercado doméstico. Períodos de maior renda ou eventos sazonais (como festas de fim de ano ou Dia das Mães) tendem a impulsionar o consumo e, consequentemente, os preços.
Demanda externa (exportações): A abertura e manutenção de mercados internacionais, o câmbio e a ocorrência de problemas sanitários em outros países produtores, como a Peste Suína Africana na Ásia, são fatores cruciais para o volume e a receita das exportações brasileiras de carne suína. O Brasil busca constantemente diversificar seus destinos de exportação para reduzir a dependência de um único mercado.
Concorrência com outras proteínas: Os preços e a disponibilidade de outras carnes, como bovina e de frango, afetam diretamente a escolha do consumidor. Uma maior oferta ou preços mais baixos de outras proteínas podem desviar a demanda da carne suína.
Sanidade animal e barreiras sanitárias: A ocorrência de doenças animais, como a gripe aviária ou a Peste Suína Clássica, pode levar à imposição de barreiras comerciais e à suspensão de importações por parte de países compradores. A manutenção do status sanitário do Brasil é fundamental para a competitividade do setor, uma vez que clientes internacionais tendem a ser mais exigentes em relação à segurança alimentar.
Aquicultura: estabilidade e leves flutuações no mercado nacional
Os preços da tilápia apresentaram pequenas variações na última semana em diversas regiões produtoras do Brasil. A análise dos valores de 6 de junho em comparação com 30 de maio revela um cenário de estabilidade, com leves ajustes em algumas localidades.
Panorama geral da aquicultura
A estabilidade predominou na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. O Triângulo Mineiro e Alto Paraíba, por exemplo, manteve o preço inalterado em R$ 8,31 por quilo, enquanto outras áreas experimentaram mudanças sutis que impactaram a lucratividade de alguns produtores.
Destaques regionais no mercado aquicultor
- Grandes Lagos: A região registrou uma leve queda, passando de R$ 8,13 (30/05) para R$ 8,11 (06/06).
- Morada Nova de Minas: Houve um ligeiro aumento, com o preço subindo de R$ 8,45 (30/05) para R$ 8,46 (06/06).
- Norte do Paraná: A cotação recuou marginalmente de R$ 8,60 (30/05) para R$ 8,59 (06/06).
- Oeste do Paraná: Esta região também apresentou uma pequena retração, com o preço saindo de R$ 7,43 (30/05) para R$ 7,41 (06/06).
Esses dados refletem a dinâmica do mercado da aquicultura, influenciada por fatores como oferta, demanda e custos de produção em cada região. Acompanhar essas variações é fundamental para produtores e demais agentes da cadeia produtiva, permitindo ajustes em suas estratégias.
Enquanto a soja brasileira mantém cotações sustentadas pela demanda externa e bate recorde de embarques em 2025, o milho enfrenta desvalorização com a safra recorde e a baixa demanda. Já o trigo registra aumento nas importações impulsionado pela oferta argentina.
Soja: preços firmes e exportações em ascensão
Os preços domésticos da soja seguem firmes na última semana, impulsionados pela maior demanda, especialmente do mercado externo. No entanto, a liquidez no mercado spot nacional continua lenta, com os agentes atentos a um possível acordo comercial entre China e Estados Unidos. Em maio, o Brasil exportou 14,09 milhões de toneladas de soja, um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior, mas 7,7% abaixo do volume de abril. Na parcial de 2025 (até maio), os embarques atingiram um volume recorde de 51,52 milhões de toneladas, 2,7% acima do mesmo período de 2024.
Para o segundo semestre, os produtores demonstram interesse em negociar a oleaginosa, estimulados pelo aumento do prêmio de exportação e pela paridade de exportação mais atrativa.
Confira os valores da soja (12/06):
- Paranaguá: R$ 134,26
- Paraná: R$ 128,80
Milho: preços em queda com aumento da oferta e retração de compradores
Os preços do milho continuam em queda no Brasil, um movimento observado desde meados de abril. Essa desvalorização é atribuída à retração dos compradores, que esperam por novas quedas, justificadas pelo aumento da oferta com o início da colheita da segunda safra e pelas limitações na capacidade de armazenagem. A Conab estima uma produção de 99,8 milhões de toneladas, 11% acima da safra anterior.
Além disso, as recentes quedas do dólar e dos preços externos diminuem a paridade de exportação, o que reforça a pressão sobre as cotações domésticas. Em maio, o volume de milho exportado pelo Brasil foi de apenas 39,92 mil toneladas, um número significativamente inferior às 413 mil toneladas registradas em maio de 2024.
- O valor do milho (12/06) é de: R$ 67,64
Trigo: importações crescem e moinhos mantêm estoques elevados
As importações brasileiras de trigo continuam em crescimento em 2025, somando 3,092 milhões de toneladas até maio, o maior volume desde 2001. Nos últimos 12 meses, o país importou quase 7 milhões de toneladas, um volume não visto há seis anos. Esse avanço se deve, em grande parte, à maior disponibilidade de trigo da Argentina nos últimos dois anos, que favoreceu as compras brasileiras.
Com esse fluxo de importações, os moinhos nacionais seguem com estoques satisfatórios, sem a necessidade de aquisições intensas neste período de entressafra brasileira. Em relação aos preços, as cotações do trigo em grão estão pressionadas desde abril, quando atingiram os maiores valores do ano, mantendo uma liquidez baixa e negociações pontuais.
Confira os valores do trigo (12/06):
- Paraná: R$ 1.503,06
- Rio Grande do Sul: R$ 1.341,43
Perspectivas do mercado de grãos
O cenário do mercado de grãos no Brasil apresenta contrastes. A soja está em destaque devido à forte demanda externa e volumes recordes de exportação, o que deve continuar impulsionando as negociações. Em contrapartida, o milho enfrenta um período de ajustes com o aumento da oferta da segunda safra e a retração de compradores, indicando que a pressão sobre os preços pode persistir no curto prazo. Já o trigo, com o crescimento nas importações e estoques satisfatórios dos moinhos, aponta para um cenário de estabilidade nos preços internos, enquanto a atenção dos produtores se volta para a próxima safra.
Fatores que influenciam o mercado de grãos
- Condições climáticas: Fatores como chuvas em excesso ou estiagens prolongadas, geadas e altas temperaturas afetam diretamente o desenvolvimento das lavouras, impactando a produtividade e a qualidade dos grãos.
- Câmbio (taxa de juros): A variação da taxa de câmbio (Real frente ao Dólar) é crucial para as exportações e importações de grãos.
- Demanda global e geopolítica: A demanda de países importadores, como a China, e acordos comerciais ou tensões geopolíticas podem alterar significativamente os fluxos de comércio.
- Oferta e estoques globais: A produção total dos principais países produtores e os níveis de estoques mundiais são determinantes para a formação dos preços.
- Políticas governamentais e subsídios: Incentivos agrícolas, políticas de armazenagem e subsídios podem distorcer o mercado.
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