Cooperativas que fecham o ciclo: do resíduo ao faturamento — economia circular que fortalece comunidades

Cooperativas que fecham o ciclo: do resíduo ao faturamento — economia circular que fortalece comunidades

As cooperativas e a economia circular, por Vanir Zanatta

Em um cenário em que eficiência produtiva e inovação caminham lado a lado, as cooperativas têm se firmado como protagonistas na construção de uma economia mais resiliente, eficiente e socialmente comprometida. Em Santa Catarina, esse protagonismo assume proporções notáveis. O cooperativismo catarinense envolve mais de 4,7 milhões de pessoas — o equivalente a 58% da população do estado — e movimenta anualmente R$ 91,2 bilhões, consolidando-se como uma das mais relevantes forças socioeconômicas.

Esse modelo de organização econômica encontrou na economia circular uma agenda estratégica para ampliar seu impacto positivo. A lógica deixa de ser linear — extrair, produzir e descartar — e passa a priorizar reaproveitamento, remanufatura, reparação e reciclagem, criando ciclos contínuos de uso de recursos. Trata-se de um arranjo que combina crescimento com uso responsável de materiais, aumento de produtividade e geração de oportunidades locais.

Por sua própria natureza, as cooperativas estão alinhadas a esse raciocínio. Elas atuam de forma descentralizada, enraizadas nas comunidades em que estão inseridas, promovendo negócios de longo prazo e de baixo desperdício. Ao valorizar a produção local, fomentar cadeias curtas e priorizar relações de confiança com fornecedores, consumidores e colaboradores, o cooperativismo fortalece os elos da economia regional e potencializa a geração de valor em ciclos fechados.

Panorama catarinense: dimensão, capilaridade e crescimento recente

Em Santa Catarina, a circularidade já aparece em diferentes frentes. Cooperativas agroindustriais investem em tecnologias para o aproveitamento integral de insumos, transformando subprodutos antes descartados em itens com valor de mercado. No ramo da reciclagem, cooperativas de catadores organizam a coleta, a triagem e o encaminhamento de materiais, fechando ciclos de consumo e gerando renda a milhares de famílias. Cooperativas de crédito apoiam financeiramente iniciativas empreendedoras ligadas a novos usos de recursos, contribuindo para a diversificação econômica e o fortalecimento de comunidades.

O quadro associativo cresceu 9,8% no último ano, com o ingresso de mais de 419 mil novos cooperados. O avanço mostra confiança no modelo e amplia a capacidade de capilaridade, inovação e transformação. Quanto maior a base, maior a chance de conectar fluxos de materiais, reduzir perdas e gerar novas fontes de receita a partir do que antes era tratado como resíduo. O efeito de rede favorece compras compartilhadas, logística otimizada e padronização de processos.

Economia circular na prática: o que muda no dia a dia das cooperativas

A economia circular propõe ciclos fechados, em que materiais e produtos circulam pelo maior tempo possível com qualidade e valor preservados. Para as cooperativas, isso significa redesenhar processos, buscar insumos alternativos, promover manutenção avançada, adotar modelos de compartilhamento e investir em logística reversa. Cada etapa é avaliada não apenas por custo inicial, mas por custo total de propriedade, vida útil, possibilidade de recomposição e potencial de revenda de componentes.

Na prática, quatro frentes se destacam: design para reaproveitamento, industrialização com baixa perda de material, reuso/reciclagem com escala e serviços que prolongam a vida útil. O resultado é mais previsibilidade de oferta de matéria-prima secundária, redução de custos de descarte, fidelização de clientes e criação de linhas de negócio baseadas em manutenção, remanufatura e atualização de produtos. Em cooperativas, o ganho tende a ser multiplicado, pois os benefícios se espalham pela rede de associados.

Exemplos aplicados em Santa Catarina: do campo à indústria urbana

No agronegócio, cooperativas vêm aproveitando integralmente coprodutos. Soro de leite pode virar proteína para alimentos e ingredientes para panificação. Cascas e fibras de frutas e vegetais tornam-se insumos para farinhas especiais e aditivos naturais. Em abates, fragmentos não utilizados seguem para fabricação de suplementos para alimentação animal ou para produção de biogás, reduzindo custos energéticos e de disposição de resíduos. Em cerealistas, grãos quebrados podem ser direcionados a formulações específicas de ração, agregando valor em vez de representar perda.

No meio urbano, cooperativas de catadores fazem a ponte entre domicílios, comércios e indústrias. Elas estruturam rotas, qualificam materiais e negociam volumes. A padronização de fardos, a limpeza adequada e a rastreabilidade por lote aumentam o preço obtido. Parcerias com prefeituras garantem escala e regularidade de fornecimento, enquanto contratos com empresas de transformação asseguram demanda contínua. O resultado é renda, formalização do trabalho e ciclo de materiais mais eficiente para a cadeia produtiva.

Passo a passo para implementar projetos de circularidade em cooperativas

Projetos de circularidade ganham tração quando começam com metas claras, indicadores simples e pilotos bem desenhados. O primeiro movimento é mapear fluxos de materiais: entradas, saídas, perdas e destinos. Em seguida, identificar pontos com maior potencial de ganho — por volume, valor ou facilidade de execução. Com base nisso, a cooperativa seleciona um piloto com prazos e metas realistas, define responsáveis e prepara contratos com compradores de coprodutos.

A governança precisa ser objetiva. Comitês curtos, atas de decisão e ritos quinzenais. Registrar o antes e o depois para aferir ganho real. Buscar fornecedores que aceitem metas de desempenho, com cláusulas de compartilhamento de economia. Na etapa seguinte, ampliar o escopo com novos materiais, ajustar o processo e comunicar resultados aos cooperados. Quando o piloto vira rotina, parte do ganho deve ser reinvestida em tecnologia, qualificação e melhoria de logística.

  1. Mapeie os fluxos de materiais e de informação: do recebimento à expedição, incluindo subprodutos e perdas.
  2. Defina metas mensais de redução de perda e de receita por tonelada de material reaproveitado.
  3. Selecione um piloto com alta chance de êxito em 60 a 90 dias e baixo investimento inicial.
  4. Estruture contratos de venda de coprodutos e de compra de insumos secundários com especificações técnicas claras.
  5. Implemente rastreabilidade por lote e indicadores visíveis no chão de fábrica.
  6. Avalie resultados com base em custos evitados, margem incremental e qualidade do produto.
  7. Padronize o processo e escale para novas linhas de produção ou novas filiais.

Financiamento: o papel das cooperativas de crédito na circularidade

Cooperativas de crédito ocupam posição estratégica na expansão da economia circular. Elas conhecem o dia a dia dos associados, avaliam riscos com base na realidade local e oferecem linhas adaptadas ao fluxo de caixa do produtor, do pequeno industrial e da cooperativa matriz. Projetos de remanufatura, modernização de equipamentos, logística reversa e rastreabilidade digital podem ser enquadrados em programas de capital de giro e de investimento, com prazos compatíveis com a maturação do projeto.

A análise de viabilidade deve considerar payback, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), além de indicadores de qualidade e de regularidade de fornecimento. Um erro comum é contabilizar apenas a receita pela venda do material reintroduzido. O correto é somar também os custos evitados: transporte, taxa de destinação, perdas por umidade e retrabalho. Projetos de circularidade tendem a gerar benefícios recorrentes, o que reduz a variabilidade de caixa e a percepção de risco ao longo do tempo.

Métricas essenciais: como medir valor e tomar decisão com dados

Sem métricas, circularidade vira discurso. Com métricas, vira gestão. O primeiro indicador é a Taxa de Aproveitamento de Insumos (TAI): porcentagem do material comprado que entra no produto final ou em coprodutos de valor. Em seguida, o Índice de Circularidade de Materiais (ICM), que mede a fração da produção composta por insumos secundários. Há ainda a Receita por Tonelada Recuperada (RTR), o Custo Evitado de Destinação (CED) e o Fator de Vida Útil (FVU), que compara a durabilidade média atual com a durabilidade antes das ações.

Na prática, a cooperativa deve montar um painel simples, visível ao time de produção e à diretoria. Um painel efetivo traz metas semanais, tendência de 12 semanas e alertas de variação. Quando um indicador sai da faixa, a equipe abre um plano de ação de cinco linhas: causa provável, responsável, prazo, ação corretiva e evidência de conclusão. A disciplina de acompanhar dados, corrigir rota e padronizar o que funcionou é o que transforma projetos-piloto em rotina rentável.

Tecnologias que habilitam ciclos fechados: do campo ao chão de fábrica

Tecnologia não é fim; é meio. No campo, sensores e softwares de gestão de safras ajudam a prever volumes de coprodutos e a planejar usos alternativos. Na indústria, sistemas MES e aplicações de rastreabilidade por QR Code garantem visibilidade de lotes e facilitam a segregação de materiais. Em centros de triagem, balanças conectadas e leitores ópticos aceleram a classificação e reduzem a contaminação entre tipos de material. Tudo isso conversa com o ERP e com painéis analíticos que mostram o ganho econômico em tempo quase real.

Quando o tema envolve contratos e conformidade, blockchain de consórcios e assinaturas digitais simplificam auditorias e evitam divergências de dados. Ferramentas de desenho de produto (CAD/PLM) ajudam a criar componentes modulares, fáceis de reparar e atualizar. Na logística, roteirizadores consideram janelas de coleta e consolidam volumes para reduzir viagens vazias. O investimento costuma ser menor do que se imagina quando a cooperativa prioriza casos de uso de alto retorno e integra soluções já disponíveis na rede de fornecedores locais.

Gestão de materiais pós-consumo: o papel das cooperativas de catadores

Cooperativas de catadores são um elo decisivo entre geração e reintrodução de materiais. Elas estruturam a coleta seletiva, qualificam fluxos e garantem previsibilidade para a indústria. Quando organizadas por rotas fixas, com calendário e comunicação clara, a taxa de participação das famílias cresce e o material chega mais limpo. A renda aumenta quando há padronização de fardos, negociação coletiva e relacionamento direto com transformadores.

Parcerias com prefeituras e empresas ampliam a escala. Contratos de desempenho deixam claro o que será entregue: volumes, tipos de material e índices de rejeito. Programas de qualificação em gestão, segurança e operação de equipamentos melhoram a produtividade dos galpões. O caminho é profissionalizar a triagem, adotar indicadores e assegurar previsibilidade de caixa, o que fortalece a rede e permite novos investimentos em esteiras, prensas, enfardadeiras e veículos.

Design e remanufatura: produtos pensados para durar e voltar ao ciclo

Circularidade começa no desenho do produto. Componentes modulares, fixadores padronizados e acesso fácil a peças de desgaste tornam a manutenção mais barata. Catálogos de peças com códigos únicos e tutoriais rápidos aceleram reparos na rede de cooperados. Quando uma peça retorna para remanufatura, procedimentos padronizados de inspeção e testes garantem desempenho equivalente ao original. A documentação clara facilita a rastreabilidade e reduz o tempo de máquina parada.

Planos de serviço por assinatura são um campo fértil para cooperativas de bens duráveis. Em vez de vender só o equipamento, a cooperativa oferece disponibilidade, troca preventiva e atualização. O cliente paga pelo uso e pela performance. A cooperativa, por sua vez, mantém a posse de componentes estratégicos, o que estimula o retorno ao fim da vida útil e viabiliza a recomposição de peças. O modelo reduz desperdícios e aumenta a margem ao longo do tempo.

Contratos, compliance e padronização: segurança jurídica para escalar

Negócios baseados em reaproveitamento exigem contratos claros. Especificações técnicas evitam disputas sobre qualidade de material secundário. Tabelas de preço atreladas a índices públicos dão previsibilidade e reduzem o risco de oscilação. Cláusulas de volume mínimo, janelas de entrega e padrões de embalagem são essenciais. Ao amarrar indicadores de desempenho ao contrato, a cooperativa transforma metas em obrigações verificáveis.

No campo da conformidade, é importante manter licenças, manifestos e registros organizados. Sistemas de gestão documental, com trilha de auditoria, economizam tempo em renovações e fiscalizações. A padronização de procedimentos, desde a coleta até a expedição, reduz variabilidade e facilita a integração com novos parceiros. Quando a documentação está em dia e os processos são repetíveis, o custo de transação cai e a confiança aumenta.

Gargalos e como superá-los: logística, qualidade e cultura

Três obstáculos costumam travar a circularidade: logística dispersa, qualidade irregular de material e resistência cultural. A logística melhora com rotas estáveis, pontos de consolidação e contrato com transportadores que aceitem metas de ocupação e prazo. A qualidade sobe quando existem critérios simples de aceitação e um programa de formação para quem gera e para quem recebe os materiais. Cultura muda com transparência de dados, reconhecimento público e distribuição de ganhos proporcional ao esforço de cada equipe.

Outro desafio é o financiamento do capital de giro, necessário até que o ciclo gere caixa positivo. A solução inclui adiantamento de recebíveis, uso de garantias compartilhadas e parcerias com cooperativas de crédito para linhas de curto prazo. O planejamento de riscos precisa considerar sazonalidade de oferta, variação de preço e rupturas de fornecimento. Planos de contingência e estoques reguladores ajudam a manter a operação mesmo em períodos de menor disponibilidade de material.

Roteiro de 90 dias: do diagnóstico à primeira escala

Primeiros 30 dias: diagnóstico e escolha do piloto. Levantamento de fluxos, perdas e custos de destinação. Mapa de oportunidades com ranking por impacto e dificuldade. Seleção do piloto com metas objetivas de ganho de margem e prazos. Definição de indicadores e criação de um painel simples. Engajamento de fornecedores e compradores com minuta de contrato e especificações de qualidade. Preparação do time com instruções de trabalho e checklists diários.

Dias 31 a 60: execução do piloto. Instalação de dispositivos de medição, segregação e armazenamento. Treinamento prático no chão de fábrica. Início da coleta diferenciada, da triagem e da rastreabilidade por lote. Reuniões semanais para remover gargalos. Testes de mercado com lotes pequenos e ajustes nas especificações. Registro de custos e receitas em planilha padrão. Comunicação transparente de resultados parciais para diretoria e cooperados.

Dias 61 a 90: avaliação, padronização e escala. Comparação do antes e depois. Cálculo de VPL, payback e TIR do piloto. Documentação do processo em uma página: objetivo, fluxo, parâmetros, indicadores e responsáveis. Treinamento de multiplicadores. Ampliação para novas linhas ou novas unidades. Negociação de contratos de longo prazo com cláusulas de desempenho. Planejamento de novos pilotos, já com base nos aprendizados do ciclo inicial.

Qualificação e trabalho em rede: aprender fazendo e compartilhar ganhos

O conhecimento é um ativo coletivo no cooperativismo. Programas de qualificação com foco em operações, manutenção e gestão de qualidade aceleram a curva de aprendizado. Treinar operadores para identificar material aproveitável, ajustar máquinas e registrar dados evita perdas e retrabalhos. Ao mesmo tempo, formar lideranças para gerir indicadores e tomar decisão baseada em evidências cria um ciclo virtuoso de melhoria contínua. O método é simples: aprender fazendo, medir, padronizar e compartilhar.

Redes de cooperativas podem compartilhar catálogos de materiais, especificações e bases de preço. Uma plataforma comum, mesmo que seja uma planilha colaborativa, já ajuda a alinhar linguagem e parâmetros. Quando toda a rede fala a mesma língua técnica, as negociações ficam mais rápidas e os contratos, mais seguros. A troca de experiências sobre o que funcionou e o que não deu certo evita desperdício de tempo e de recursos.

Integração com cadeias industriais: como vender melhor o material recuperado

Para aumentar valor, é preciso entregar regularidade, pureza e documentação. O primeiro passo é entender a necessidade do comprador: especificações granulométricas, umidade, contaminantes máximos e formato de embalagem. A cooperativa deve ajustar sua triagem e seu processo de limpeza para atender a esses requisitos. Lotes homogêneos, com laudos simples e identificação por QR Code, tendem a receber preços mais altos e contratos mais longos.

Outro ponto é a logística. Entregas com janelas combinadas e rastreamento evitam paradas na fábrica do cliente. Consolidação de cargas entre cooperativas vizinhas reduz frete e aumenta o poder de negociação. Tabelas de preço com gatilhos de reajuste, atreladas a índices de mercado, dão previsibilidade aos dois lados. Em casos de oscilação forte, contratos com faixas de tolerância e mecanismos de compensação mantêm o relacionamento saudável.

Economia local, emprego e renda: por que circularidade e cooperativismo combinam

Cooperativas têm capilaridade e confiança comunitária. Isso facilita a organização de fluxos de materiais, a contratação de serviços e o desenvolvimento de novos mercados. Em um modelo circular, cada etapa gera trabalho: coleta, triagem, processamento, remanufatura, manutenção, transporte, venda. O efeito multiplicador aparece na renda, no comércio local e na criação de pequenos negócios que se conectam à cooperativa principal, formando arranjos produtivos mais fortes.

Quando a rede cresce, a própria cooperativa ganha poder de compra e negocia melhor com fornecedores e clientes. A escala traz benefícios em embalagens retornáveis, manutenção compartilhada e compra de peças de reposição. Também permite investir em tecnologia que antes seria inacessível para uma única unidade. O resultado é mais eficiência, menos perdas e capacidade de competir em mercados exigentes, dentro e fora do estado.

Boas práticas operacionais: detalhe que faz diferença no caixa

Pequenas mudanças operacionais podem destravar ganhos significativos. Separação de fluxos por cor e por tipo, limpeza rápida antes da prensagem, controle de umidade na armazenagem e uso de big bags identificados reduzem contaminação e perda de massa. Checklists na troca de turno evitam desvios de padrão. Auditorias internas, com amostragens simples a cada lote, constroem um histórico de qualidade que fortalece a negociação com compradores industriais.

Outro ponto é a segurança no trabalho. Equipamentos bem regulados, ferramentas corretas e EPIs adequados evitam acidentes e interrupções. Treinar para operar prensas, trituradores e esteiras com foco em produtividade e segurança sustenta o nível de serviço. Ao reduzir paradas e retrabalhos, a cooperativa libera tempo para tarefas de maior valor, como prospecção de clientes e desenvolvimento de novos coprodutos.

Planejamento tributário e incentivos: atenção ao detalhe legal e contábil

Projetos de circularidade envolvem transações específicas, como venda de coprodutos, prestação de serviço de manutenção e remanufatura. Cada operação pode ter tratamento tributário distinto. Um planejamento adequado evita surpresas no fluxo de caixa. Classificações corretas na NCM, emissão precisa de notas e organização de créditos e débitos fiscais reduzem risco e melhoram a margem. Apoio contábil especializado faz diferença, sobretudo na fase de escala.

Cooperativas também podem acessar programas de fomento a inovação, aquisição de equipamentos e qualificação. Editais costumam pedir metas, contrapartidas e indicadores. Ter a casa organizada encurta o caminho até a aprovação. Um dossiê com diagnóstico, plano de ação, orçamento e projeção de resultados acelera a análise e aumenta as chances de sucesso.

Glossário rápido para alinhar conceitos na rede cooperativista

Coproduto: item com valor de mercado obtido a partir de um processo cujo objetivo principal é outro, por exemplo, soro de leite convertido em proteína comercializável. Remanufatura: processo de restaurar produtos a um estado equivalente ao novo, com garantia e desempenho comprovados. Logística reversa: retorno organizado de produtos e materiais ao ciclo produtivo para reaproveitamento, reciclagem ou descarte adequado com redução de custos. Rastreabilidade: capacidade de identificar a origem e o histórico de um lote ao longo da cadeia, garantindo qualidade e regularidade de fornecimento.

ICM (Índice de Circularidade de Materiais): percentual do volume produzido que usa insumos secundários. TAI (Taxa de Aproveitamento de Insumos): parcela do insumo adquirido que vira produto final ou coprodutos. RTR (Receita por Tonelada Recuperada): valor obtido por tonelada de material reintroduzido no ciclo. CED (Custo Evitado de Destinação): soma de despesas que deixam de existir quando o material é reaproveitado, como transporte, taxas e retrabalhos.

O que vem a seguir para Santa Catarina: escala, integração e novos mercados

A dimensão alcançada pelo cooperativismo catarinense dá condições de liderar uma economia de baixo desperdício, com produtos que duram mais, processos mais enxutos e fluxos de materiais conectados. A integração entre agroindústria, indústria urbana, comércio e serviços abre espaço para cadeias curtas e previsíveis. Ao fomentar a circularidade, as cooperativas não apenas protegem margens e reduzem custos; elas fortalecem o comércio local, geram empregos e promovem autonomia econômica nas regiões onde atuam.

O passo decisivo é transformar bons exemplos em padrão. Com metas claras, governança enxuta e parceria entre cooperativas de produção, crédito e catadores, Santa Catarina pode acelerar a criação de novos mercados para materiais e serviços que prolongam a vida útil de produtos. O caminho está aberto para um ciclo permanente de inovação prática, inclusão e prosperidade compartilhada.



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