Acrílicos com resistência dobrada ao impacto e alta fluidez no processamento por injeção prometem expandir o consumo das resinas de polimetacrilato de metila (PMMA) no mercado brasileiro, inicialmente em aplicações automotivas. As chances de ter seu uso homologado ainda neste ano para a fabricação de lentes de lanternas traseiras de grandes veículos são muito boas, com probabilidade de as novas aplicações serem conferidas a partir de junho nas versões 2008 de vários modelos de pick-ups, ônibus e caminhões.
Das 4.500 toneladas de PMMA consumidas no País em 2006, volume que permanece praticamente estável desde 2004, 75% são injetadas para a produção de componentes automotivos. Com o aprimoramento das resinas, produtores renovam a expectativa de alcançar maior consumo em 2007, resgatando a competitividade dos acrílicos em relação a outros materiais, como o poliestireno (PS) e o policarbonato (PC).
Na avaliação de Danilo Trevisan, gerente-comercial da Resarbras, empresa do grupo nacional Unigel, líder no fornecimento de acrílicos para o setor automotivo, com 75% de participação nesse negócio, as montadoras só têm a ganhar com benefícios como redução de custos e aumento de produtividade. O novo grade desenvolvido pela empresa substitui o policarbonato, material mais dispendioso, nas lentes de lanternas para veículos de grande porte e elimina a pintura anti-risco, necessária às lanternas fabricadas em PC.
Com fábricas locais de resinas de policarbonato (PC) e de PMMA, o grupo se posiciona bem à vontade para recomendar a melhor solução para cada cliente. “A nossa grande preocupação é tornar o produto viável ao uso final e, para isso, não somos apenas fornecedores de PC ou PMMA, mas sim provedores de soluções”, afirmou Trevisan.
Para conquistar maior competitividade e enfrentar concorrência com o poliestireno, que avança sobre os mercados também disputados pelos acrílicos, o grupo Unigel realizou investimentos de grande monta em busca de inovações tecnológicas.
Dois anos atrás, a Resarbras lançou uma nova resina 20% mais resistente ao impacto, elevando de 15 jaules/m para 18 jaules/m a resistência do material para emprego na fabricação de utilidades domésticas Para atender aos exigentes parâmetros das aplicações automotivas, a empresa quase dobrou a resistência, atingindo 30 jaules/m.
O uso automotivo constitui uma das principais fontes das resinas acrílicas. Valorizadas pela alta transparência, superior à do vidro, as resinas acrílicas conquistaram reconhecimento em lentes de lanternas traseiras há um bom tempo. O setor automotivo chega a consumir 75% do volume total utilizado pelo mercado brasileiro, equivalente, em 2006, a 4.500 toneladas.
As novas resinas também prometem benefícios para as lentes dos painéis de instrumentos e para todos os pontos de luz internos, de acendimento automático, presentes em qualquer veículo, conhecidos como iluminação de cortesia.
Outro mercado ávido por maior resistência ao impacto é o de utilidades domésticas. Segunda maior aplicação das resinas acrílicas, esse ramo de atividade abocanha 15% do volume total consumido no País e, ao que contam os especialistas, não deverá se contentar apenas com essa fatia.
Questão de segurança – Confirmando tendência sinalizada pelo mercado internacional, é cada vez mais intenso o uso das resinas acrílicas em utilidades para o lar, uma vez que oferecem maior segurança ao substituir o vidro. Por isso, experiências bem-sucedidas no ramo de injeção do acrílico são relatadas com freqüência. Uma delas é a Kaballa Acrylic Products, de Flores da Cunha–RS. Fundada em 2001, inicialmente como prestadora de serviços de injeção, a empresa lançou quatro anos depois, em parceria com a Martiplast, marca própria de utilidades domésticas em acrílico, compondo mais de 30 produtos, entre copos, canecas, jarras, taças e demais utensílios de mesa.
“Podemos afirmar que, com o lançamento de produtos acrílicos com marca própria, iniciamos um novo ciclo de vida empresarial e nos surpreendemos com a alta receptividade do mercado”, afirmou Jones Pellini, gerente de marketing e desenvolvimento de novos produtos.
“Como o acrílico é excelente para conservar produtos gelados, também enxergamos oportunidades nesse setor e nos especializamos na fabricação de peças de paredes grossas e com fundo super-resistente”, ressaltou Pellini. Comparável ao cristal, o acrílico ainda conta com atributos de leveza, durabilidade, segurança de uso e menor preço.
Vez por outra, porém, os fabricantes desse setor enfrentam a concorrência com os injetados em poliestireno. “Não é raro encontrarmos empresas que copiam nossos produtos, injetam poliestireno, mas afirmam que é acrílico. Na verdade, estão fazendo propaganda enganosa, pois o poliestireno não tem as mesmas propriedades do acrílico e, por isso, disputam mercados conosco, podendo apresentar preços diferenciados”, reclamou Pellini.
Na visão do empresário, o cenário do acrílico ficaria bem mais atrativo se o poder de compra da população aumentasse e também se pudesse contar com regras promovendo a competição de igual para igual entre os produtos nacionais e os importados. Na opinião de Trevisan, há boas razões para se acreditar no crescimento do acrílico no mercado brasileiro em 2007 e nos próximos anos.
As esperadas taxas de crescimento da indústria automotiva, somadas aos resultados das vendas do setor de utilidades domésticas, devem aquecer as vendas de resinas e contribuir para aumentar em 10% o mercado de acrílicos em 2007.