Apenas uma entre JBSS32, MBRF3 e BEEF3 recebe recomendação de compra de analistas

Apenas uma entre JBSS32, MBRF3 e BEEF3 recebe recomendação de compra de analistas

JBSS32, MBRF3 ou BEEF3? Só uma ação de frigorífico é compra para analistas

Quem acompanha ações de proteína animal começa 2025 com um recado direto: entender o ponto do ciclo das commodities faz diferença no bolso. Segundo relatório da Ativa Investimentos, entre as três listadas do setor na B3, apenas JBSS32 recebe recomendação de compra para os próximos 12 meses. O pano de fundo é a perspectiva de virada do ciclo bovino no Brasil em 2026, com oferta mais restrita de gado e custos de reposição maiores. A leitura do time de análise é que empresas mais diversificadas em geografia e proteínas tendem a atravessar melhor esse período.

O estudo, assinado por Lucas Dias e Ricardo Santos, compara JBS (BDR JBSS32), MBRF3 (resultado da combinação de Marfrig e BRF) e Minerva Foods (BEEF3). A conclusão é objetiva: JBSS32 é compra, MBRF3 e BEEF3 ficam com recomendação neutra. Além do cenário setorial, pesaram a geração de caixa, a alavancagem, a exposição a diferentes mercados e a sensibilidade aos preços de insumos, como o milho no caso das operações de frango e suíno. Para o investidor, o recado é separar tese estrutural de ruído de curto prazo e acompanhar de perto variáveis-chave como câmbio, spreads de abate e custos financeiros.

O que está por trás da escolha: o ciclo das commodities e a virada bovina

Ciclos no mercado de proteína animal não acontecem do dia para a noite. No gado, movimentos de retenção de fêmeas, recomposição de rebanhos e dinâmica de exportações costumam levar anos e afetam diretamente o preço pago ao pecuarista e as margens dos frigoríficos. A Ativa aponta virada do ciclo bovino no Brasil em 2026, com oferta menor de animais prontos para abate. Em ciclos assim, a tendência é de arroba mais cara e spreads de processamento mais apertados, o que favorece quem tem portfólio de proteínas mais amplo ou operações relevantes em regiões com dinâmica distinta de preços.

Essa leitura também dialoga com a importância do mix de receitas. Empresas concentradas em bovinos no Brasil sentem mais quando a matéria-prima encarece. Já grupos com exposição a frangos e suínos, que dependem de grãos como o milho e a soja, podem compensar parte da pressão do boi se o custo de ração estiver em queda. É nesse equilíbrio de forças — boi mais caro adiante, grãos mais comportados hoje — que a diversificação se torna um diferencial estratégico para atravessar 2025 e 2026 com menos solavancos nos resultados.

Por que JBSS32 leva vantagem agora

A JBS aparece como a mais diversificada entre as brasileiras listadas: atua em bovinos, frangos, suínos e pescados, além de estar presente em diferentes países. Esse desenho reduz a dependência de um único ciclo e permite compensações internas quando uma linha sofre mais pressão. A queda recente no custo do milho, insumo central na ração das aves e suínos, ainda não foi integralmente capturada nas margens, o que abre espaço para melhora operacional nas divisões de aves ao longo de 2025. Na leitura da Ativa, esse colchão de rentabilidade ajuda a neutralizar a perspectiva de boi mais caro no Brasil a partir de 2026.

O relatório atribui recomendação de compra e preço-alvo de R$ 99 para o BDR JBSS32 no horizonte de 12 meses, com potencial de valorização estimado em cerca de 20%. A justificativa combina geração de caixa robusta, diversificação operacional e uma posição competitiva construída ao longo de anos. Outro ponto lembrado pelos analistas é a capacidade de a companhia ajustar ritmo de investimentos, renegociar contratos e realocar volumes entre geografias conforme a força relativa de cada mercado. Com isso, a empresa tende a apresentar resultados mais resilientes do que pares mais concentrados em bovinos no Brasil.

MBRF3: integração em curso e riscos no curto prazo

A nova MBRF, que une os negócios de bovinos da Marfrig à plataforma de frangos e suínos da BRF, tem porte e presença relevantes. A tese de longo prazo mira captura de sinergias operacionais, ganhos logísticos e uma inteligência comercial mais integrada. Na fotografia de curto prazo, porém, a Ativa prefere cautela: a recomendação para MBRF3 é neutra, com preço-alvo de R$ 22 em 12 meses. O argumento central é que processos de fusão tendem a gerar despesas extraordinárias, consumir tempo de gestão e expor a companhia a riscos operacionais, justamente num momento em que o ciclo do boi caminha para encarecer a matéria-prima no Brasil a partir de 2026.

Em estruturas combinadas, a cronograma de captura de sinergias nem sempre acompanha a velocidade das pressões de custo. O desafio é executar integração de sistemas, culturas e fábricas sem perder eficiência no dia a dia. A diversificação entre bovinos, frangos e suínos, por si só, é positiva e tende a reduzir volatilidade de resultados à frente. Mas, até que a curva de integração amadureça, a casa de análise entende que há pouco espaço para reprecificação das ações além do que já foi precificado pelo mercado, preferindo esperar por marcos claros de entrega operacional e redução de despesas não recorrentes.

BEEF3: alavancagem maior e margens sob pressão

Para Minerva Foods, a recomendação da Ativa também é neutra, com preço-alvo de R$ 7 em 12 meses. Além da expectativa de gado mais escasso e caro no Brasil em 2026, o relatório chama atenção para o nível de endividamento, apontado como elevado no período analisado. Em um ambiente de juros de 15% ao ano, o custo financeiro cresce e disputa espaço com a margem bruta, que tende a ficar mais apertada quando o boi encarece. O resultado é uma equação menos favorável no curto prazo, sem gatilhos evidentes de melhora de tendência nas margens que justifiquem uma recomendação de compra neste momento.

A exposição relevante a bovinos também coloca a empresa mais sensível a oscilações de oferta e demanda nessa proteína específica. Em ciclos de alta de arroba, a disciplina na gestão de capital de giro e na alocação de volume por planta se torna ainda mais crítica. Enquanto a companhia trabalha seus planos operacionais, a avaliação dos analistas é de que o equilíbrio entre risco e retorno para 12 meses não é tão atraente quanto em JBSS32, o que sustenta a visão de neutralidade para BEEF3 no horizonte do relatório.

Os números do relatório: ROE, ROIC e alavancagem em foco

Indicadores de rentabilidade ajudam a entender por que as recomendações divergem. A Ativa projeta para JBSS32 um retorno sobre patrimônio (ROE) ainda elevado em 2025, com normalização gradual nos anos seguintes, e um retorno sobre o capital investido (ROIC) condizente com a leitura de resiliência operacional. Em MBRF3, os números mostram evolução ao longo do tempo, coerente com a hipótese de integração, mas partindo de patamar modesto em 2025. Já BEEF3 exibe ROE e ROIC projetados altos, mas confrontados por uma trajetória de alavancagem crescente no período analisado, o que limita a leitura de atratividade no curto prazo.

Vale lembrar que projeções são condicionais: dependem de premissas de preços de gado, dinamismo das exportações, câmbio, custo de grãos e disciplina de capital das empresas. Ainda assim, os números resumem a fotografia do relatório e ajudam o investidor a comparar tração de rentabilidade com risco financeiro. Abaixo, os principais pontos destacados pelos analistas:

  • ROE projetado para JBSS32: 23,6% em 2025, 19,3% em 2026 e 18,3% em 2027.
  • ROIC projetado para JBSS32: 12,9% em 2025, 11,3% em 2026 e 10,7% em 2027.
  • ROE projetado para MBRF3: 1,1% em 2025, 7,1% em 2026 e 17,8% em 2027.
  • ROIC projetado para MBRF3: 10,4% em 2025, 12,0% em 2026 e 15,4% em 2027.
  • Endividamento projetado para MBRF3: 2,5 vezes em 2025, 2,3 vezes em 2026 e 1,7 vez em 2027.
  • ROE projetado para BEEF3: 30,6% em 2025, 24,8% em 2026 e 23,6% em 2027.
  • ROIC projetado para BEEF3: 22,0% em 2025, 18,9% em 2026 e 17,0% em 2027.
  • Endividamento projetado para BEEF3: 3,9 vezes em 2025, 4,5 vezes em 2026 e 5,0 vezes em 2027.

Preço-alvo, potencial e o que significa “neutro”

No relatório, o preço-alvo indica quanto a ação pode valer em cerca de 12 meses considerando as premissas atuais. Para JBSS32, a Ativa trabalha com R$ 99, implicando potencial de alta próximo de 20% na data do estudo. Esse número não é promessa, mas sinaliza que, no modelo dos analistas, há espaço para valorização diante de geração de caixa e posicionamento competitivo. Já em MBRF3 e BEEF3, a classificação “neutra” significa que, pelo conjunto de riscos e catalisadores mapeados, a relação entre preço atual e preço-alvo não oferece uma assimetria suficiente para recomendar compra neste momento.

É comum que casas de análise mantenham recomendação neutra durante fases de transição — como integrações complexas ou momentos de pressão de custos — para aguardar sinais de melhoria sustentada de margens, redução de despesas extraordinárias ou desalavancagem efetiva. O investidor pode usar esses preços-alvo como referência para tomar decisão, mas deve considerar seu próprio perfil de risco, horizonte de investimento e a possibilidade de mudanças nas premissas, especialmente em setores cíclicos como proteína animal.

Como a diversificação protege resultados no dia a dia

No cotidiano das operações, a diversificação de proteínas e geografias oferece amortecedores práticos. Se o boi sobe no Brasil, a empresa pode alocar volumes para plantas em outros países com dinâmica de preço mais favorável. Se o custo do milho cai, a divisão de aves tende a expandir margens, compensando aperto em bovinos. Além disso, mercados consumidores distintos reagem de forma diferente a variações de renda e preço. Ter um leque de canais — varejo, food service, marcas e industrial — ajuda a deslocar mix para onde a demanda estiver mais aquecida, preservando rentabilidade consolidada.

Outro exemplo é a gestão de contratos e hedge. Companhias grandes costumam operar com acordos de fornecimento e proteção cambial que reduzem volatilidade. Isso não elimina o risco, mas suaviza picos e vales. Em períodos de retomada de preços de animais, essa engenharia de portfólio faz diferença. É nesse contexto que os analistas veem JBSS32 com vantagem: além de escala, a empresa teria mecanismos internos para redistribuir produção, ajustar capacidade e capturar ganhos em proteínas com dinâmica mais benigna ao longo de 2025, especialmente em aves.

Cenários e sensibilidade: milho, câmbio e spreads de abate

Três variáveis merecem acompanhamento constante. A primeira é o preço do milho. Quando o grão recua, o custo de ração cede e as operações de frango e suíno tendem a apresentar margens melhores alguns meses adiante. Como a Ativa aponta que os últimos movimentos de queda ainda não foram totalmente capturados nas margens, há potencial de ganho nas divisões de aves ao longo de 2025. Se o milho voltar a subir, a melhora pode desacelerar; se cair mais, a folga se amplia. A segunda variável é o câmbio, relevante para receitas de exportação e para o custo de insumos dolarizados. O real mais fraco ajuda receitas externas, mas encarece importados.

A terceira variável é o spread de abate, a diferença entre preço de venda da carne e custo do animal. Em fases de oferta curta, o spread tende a encolher, exigindo disciplina de precificação, gestão de carcaça e foco em cortes e canais com melhor retorno. Empresas com marca, presença em varejo e contratos de longo prazo têm mais alavancas para preservar margem. Para MBRF3 e BEEF3, a sensibilidade ao spread de bovinos no Brasil é maior; para JBSS32, a fatia relevante de aves e suínos, além de atuação fora do país, ajuda a diluir o impacto de um spread bovino mais apertado no mercado doméstico em 2026.

Checklist prático: o que observar antes de apertar “comprar”

Setores cíclicos exigem disciplina de acompanhamento. Antes de montar posição, vale conferir alguns pontos que influenciam diretamente o resultado. A ideia é transformar o relatório em um roteiro de vigilância constante, para ajustar a tese se as condições mudarem. O investidor pessoa física consegue fazer isso com uma combinação de leitura de demonstrativos, monitoramento de indicadores operacionais e atenção a comunicados periódicos das companhias.

A seguir, um passo a passo simples que ajuda a organizar a análise e a filtragem de sinais:

  1. Leia o último release de resultados e destaque três itens: evolução de margem, geração de caixa e variação do capital de giro.
  2. Compare endividamento e custo médio da dívida. Em juros mais altos, a rolagem de passivos pesa mais.
  3. Acompanhe a tendência de preços do boi gordo e do milho. Mesmo movimentos graduais fazem diferença nas margens em 2 a 3 trimestres.
  4. Observe guidance e comentários sobre capex. Ajustes de investimento sinalizam confiança ou prudência com o ciclo.
  5. Verifique eventos corporativos: integrações, desinvestimentos, mudanças regulatórias ou abertura de mercados.
  6. Avalie o mix de geografias e canais. Quanto mais diversificado, menor a dependência de um único mercado.
  7. Releia o racional da recomendação. Se um dos pilares (como alavancagem, sinergias ou spreads) mudar, reavalie a posição.

MBRF3 em detalhes: integração, sinergias e execução

A combinação entre operações de bovinos e a plataforma forte em aves e suínos cria uma empresa com presença relevante em vários elos da cadeia. O potencial é capturar sinergias em compras, logística e planejamento de produção, além de coordenação comercial mais eficiente. O relatório, porém, destaca que sinergias não aparecem todas de uma vez e que há despesas extraordinárias típicas de processos de integração. Em ambientes de custo de gado em alta, atrasos ou desvios na captura dessas sinergias tendem a pesar mais no resultado consolidado.

Do ponto de vista de análise de risco, o investidor deve observar marcos claros: atualização do guidance pós-integração, metas objetivas de sinergias por trimestre, redução de itens não recorrentes e estabilidade de margens por unidade de negócio. Se esses marcos forem entregues com consistência, a curva de rentabilidade projetada — que sai de um ROE modesto em 2025 para um patamar bem mais alto em 2027 — ganha credibilidade. Até lá, a recomendação neutra traduz prudência frente ao que ainda depende de execução.

BEEF3 em detalhes: disciplina financeira e pressão de ciclo

Em Minerva, a fotografia de indicadores de rentabilidade projetados é positiva, mas a trajetória de alavancagem chama mais atenção. No cenário usado pela Ativa, a dívida cresce em múltiplos sobre a geração operacional ao longo do período analisado. Em janelas de juros altos, isso tende a consumir caixa em despesa financeira e reduzir a parcela que poderia ser usada para investimentos ou desalavancagem acelerada. Soma-se a isso a perspectiva de arroba mais cara em 2026, que, sem um repasse integral de preços, comprime a margem bruta e exige ainda mais rigor na gestão de inventários e contratos.

Para quem já está posicionado, o foco deve estar em duas frentes: ritmo de desalavancagem e evolução de margens por segmento e geografia. Se a empresa acelerar a redução de dívida e demonstrar capacidade de preservar spreads mesmo com boi mais caro, a assimetria pode melhorar. Por ora, a leitura do relatório é de equilíbrio entre riscos e potenciais retornos, sem catalisadores suficientes para mudança de recomendação no horizonte de 12 meses.

JBSS32 em detalhes: geração de caixa e mix como motores

Na JBS, além da diversificação, a geração de caixa recorrente é um ponto central do argumento favorável dos analistas. Em empresas de alimentos, fluxo de caixa livre consistente oferece flexibilidade para ajustar capex, reduzir dívida ou remunerar acionistas, dependendo das condições do ciclo. A presença em múltiplas regiões e proteínas ajuda a suavizar picos de volatilidade: se um negócio enfrenta margens menores, outro compensa. Essa dinâmica dá suporte aos indicadores projetados de ROE e ROIC e, no entendimento do relatório, sustenta a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 99 para o BDR JBSS32.

Outro aspecto observado é a capacidade de gestão de mix. Ajustes finos de produto, canal e mercado são alavancas poderosas para proteger margens quando custos sobem. O reforço em marcas e o acesso a canais com maior valor agregado aumentam a chance de defender preço e capturar eficiência comercial. Com a expectativa de ciclo bovino mais apertado no Brasil em 2026, a engrenagem de mix e a relevância das divisões de aves e suínos tendem a ser ainda mais importantes para sustentar resultados consolidados.

Como comparar empresas do setor: um guia rápido e objetivo

Comparar frigoríficos vai além de olhar múltiplos de lucro. O primeiro filtro é mapear a exposição de cada um a proteínas, países e canais de venda. Quanto maior a concentração em bovinos no Brasil, maior a sensibilidade ao ciclo local de gado. O segundo filtro é a estrutura de capital: endividamento, custo da dívida e calendário de vencimentos. Empresas mais alavancadas sofrem mais quando os juros ficam altos e quando o capital de giro aumenta em fases de gado caro. O terceiro filtro é a execução: histórico de integração, recorrência de despesas não recorrentes e previsibilidade de margens.

Com esses critérios, a fotografia do relatório se encaixa: JBSS32 fica à frente pelo portfólio diversificado e pela capacidade de geração de caixa, MBRF3 pede paciência para capturar sinergias e estabilizar margens após a fusão, e BEEF3 exige atenção à trajetória da dívida em um ambiente de juros elevados. A melhor escolha depende do apetite a risco e do horizonte de cada investidor, mas o conjunto de dados indica que, neste momento, a assimetria mais favorável está em JBSS32.

Perguntas e respostas rápidas

Se o ciclo do boi virar só em 2026, por que isso importa agora? Porque o mercado antecipa movimentos. Empresas e investidores se preparam com antecedência, e os preços das ações incorporam expectativas. Saber que a oferta de gado pode apertar em 2026 orienta decisões de alocação já em 2025, privilegiando companhias com melhor colchão de rentabilidade.

Queda do milho ajuda todas as companhias? Ajuda mais quem tem exposição relevante a aves e suínos, onde a ração pesa muito no custo. Para quem é mais concentrado em bovinos, o impacto é indireto. No caso de JBSS32, a queda do grão tende a beneficiar as divisões de aves, contribuindo para suavizar pressões em bovinos adiante.

O que significa recomendação “neutra” na prática? Que, segundo o relatório, a relação entre preço atual e preço-alvo não oferece assimetria suficiente para compra. Pode haver ganhos, mas o equilíbrio entre riscos e potenciais retornos não justifica aumentar posição agora. Mudanças em execução, alavancagem ou margens podem alterar essa leitura no futuro.

Como interpretar ROE e ROIC projetados? ROE mede retorno ao acionista sobre o patrimônio, enquanto ROIC aponta eficiência sobre o capital total investido. Projeções mais altas sugerem melhor capacidade de gerar valor, mas precisam ser confrontadas com o risco financeiro — como a alavancagem — e com a previsibilidade de entrega.

O que acompanhar ao longo de 2025 e 2026

Relatórios trimestrais, guidance e conferências com analistas costumam trazer pistas sobre a tendência de margens, capital de giro e alavancagem. Para 2025, a dinâmica do milho e a evolução de margens em aves e suínos serão termômetros importantes, especialmente para JBSS32 e MBRF3. Em BEEF3, a atenção se volta à trajetória da dívida e à capacidade de proteger spreads diante de movimentos de arroba. À medida que 2026 se aproxima, dados sobre abates, retenção de fêmeas e preços do boi ajudam a calibrar expectativas sobre a pressão de custos no Brasil.

Para além dos números, sinais de execução contam muito. Em MBRF3, marcos de integração e redução de despesas extraordinárias são gatilhos potenciais para reavaliação de risco. Em JBSS32, a consistência na geração de caixa e o ajuste de mix entre geografias e proteínas sustentam a tese de resiliência. Em BEEF3, passos concretos de desalavancagem podem melhorar a percepção sobre risco. No conjunto, o mapa desenhado pela Ativa sugere que a escolha clara hoje está em JBSS32, enquanto MBRF3 e BEEF3 pedem acompanhamento mais cauteloso.

Resumo do recado para o investidor

O setor de frigoríficos é cíclico, e ciclos mudam a cada poucos anos. A perspectiva de oferta menor de gado no Brasil em 2026 deve apertar spreads e testar a eficiência de quem depende mais de bovinos no mercado doméstico. Em 2025, a queda do custo de ração melhora o humor de aves e suínos, o que favorece empresas com presença forte nessas linhas. Nessa fotografia, JBSS32 se destaca pela diversificação e pela geração de caixa, recebendo recomendação de compra e preço-alvo de R$ 99 para 12 meses. MBRF3 e BEEF3 ficam como neutras, por razões distintas: integração em andamento no primeiro caso e alavancagem elevada no segundo.

Para quem acompanha o setor, a lição é objetiva: acompanhe os indicadores certos, diferencie movimentos estruturais de ruídos temporários e ajuste a posição conforme os fatos. O ciclo setorial conta, mas execução e estrutura de capital contam tanto quanto. Com isso em mente, a carteira tende a refletir melhor a relação entre risco e retorno de cada tese ao longo dos próximos trimestres.



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