Bioplásticos – Os plásticos do futuro – Apesar da oferta e do preço, o crescimento dos bioplásticos é uma realidade impulsionada pela preocupação com o meio ambiente e a substituição de produtos fósseis não só em embalagens descartáveis, mas em bens cada vez mais duráveis

Apesar da oferta e do preço, o crescimento dos bioplásticos é uma realidade impulsionada pela preocupação com o meio ambiente e a substituição de produtos fósseis não só em embalagens descartáveis, mas em bens cada vez mais duráveis.

Em fevereiro deste ano, o relatório The State of Green Business 2011, publicado pelo Green Biz Group, apontou que, nos Estados Unidos, apesar da recessão, muitas companhias estão melhorando seu “desempenho ambiental”. O pacote verde inclui, entre as principais ações, sustentabilidade na cadeia produtiva (e, consequentemente, produtos sustentáveis), obediência às normas, certificados de qualidade para seus produtos, desperdício zero, redução de energia, reciclagem, reutilização e o crescimento do uso de bioplásticos – da embalagem de batata frita a notebooks.

Plástico Moderno, Bioplásticos - Os plásticos do futuro - Apesar da oferta e do preço, o crescimento dos bioplásticos é uma realidade impulsionada pela preocupação com o meio ambiente e a substituição de produtos fósseis não só em embalagens descartáveis, mas em bens cada vez mais duráveis

Fatores como maior consciência ambiental e alto preço do petróleo e derivados vêm fazendo com que o bioplástico seja mesmo o futuro da indústria. De acordo com o BCC Research de 2010, eles devem crescer a um ritmo significativo nos próximos cinco anos. No ano passado, a utilização total mundial de bioplásticos era avaliada em 571.712 toneladas métricas. Crescendo a uma taxa anual composta de 41,4% de 2010 a 2015, deverá chegar a 3.230.660 toneladas métricas em 2015.

Há cinco anos, o Helmut Kaiser Consultancy estimava que o mercado mundial de bioplásticos passaria de 181.000 toneladas para 4.535.000 toneladas em 2015, um crescimento de 20%-30% ao ano. Na América do Norte, Europa e Ásia, a SRI Consulting projetava uma taxa de crescimento anual de cerca de 13% de 2009 a 2014.

A European Bioplastics, fundada em 1993 na Alemanha com representantes de mais de 70 empresas associadas, avalia que esse mercado no continente europeu cresce de 15% a 20% ao ano. De um lado, o número seria resultado de demandas como a alta aceitação do consumidor por produtos amigos do meio ambiente, as mudanças climáticas, a dependência e o aumento de preços dos materiais de origem fóssil. De outro, os avanços técnicos desse segmento – tanto em termos de propriedades quanto de funcionalidade –, o potencial de redução de custos pela economia de escala e as opções de reciclagem.

Estudo apresentado pela associação em cooperação com a Universidade de Ciências Aplicadas e Artes de Hanover na última feira Interpack, em Düsseldorf, mostra uma capacidade produtiva mundial de bioplásticos de 700 mil toneladas em 2010, com potencial de ultrapassar 1 milhão de toneladas ainda em 2011. O relatório também aponta projeção de crescimento de 70% – a capacidade mundial chegará a 1,7 milhão de toneladas – até 2015.

João Carlos de Godoy Moreira, diretor de tecnologia e inovação da Biomater Eco-Materiais Ltda., de São Carlos-SP, que produz bioplásticos e compostos termoplásticos biodegradáveis e compostáveis, observa que, se comparado ao mercado de plásticos convencionais, os números ainda soam pequenos, menos de 1%. “Porém, a demanda é muito forte e a maioria das pesquisas desenvolvidas em universidades e centros de pesquisas no mundo inteiro dá ênfase à obtenção de polímeros provenientes da biomassa.”

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Divididos em três grupos, os bioplásticos podem ser à base de amido (amidos termoplásticos ou TPS, sigla em inglês), os PLAs (ácido poliláctico, obtidos de fonte renovável e sintetizados como os polímeros) e os PHAs (polihidroxialcanoatos, de origem microbiana). “O primeiro deles já está consolidado no mercado, enquanto os PHAs, com a maioria das plantas em estágio piloto, estão disponíveis para poucas aplicações e poucos clientes”, explica Moreira. Os três somados atingem uma produção de cerca de 1 milhão de toneladas/ano. Nesse grupo, 70% dos bioplásticos são biodegradáveis compostáveis, enquanto há outros de fonte renovável, porém não são biodegradáveis.

Para Moreira, a expansão é uma questão de tempo: os biopolímeros passarão a ter uma representatividade no mercado a partir de 2030, mesmo com uma tendência muito grande de os governos incentivarem o desenvolvimento dessa indústria. “A maior barreira não é tecnológica, porque esses produtos já estão há muitos anos cumprindo bem o seu papel.” O preço do bioplástico ainda pesa: em geral, 20% a 30% e, dependendo do tipo, pode custar até três vezes o valor das commodities. “Mas essa relação vem diminuindo. Há uma tendência muito maior de ser pelo aumento do preço dos derivados de petróleo do que exatamente pelo aumento da escala de produção global.”

Tirando a questão do preço, Moreira aponta que a cadeia produtiva do plástico ainda é pouco familiarizada com tais produtos. Muitas empresas estabelecidas há anos desconhecem as características de processamento dessas resinas. “Chegam a testar, mas têm a expectativa de que seja sempre uma alternativa mais econômica, uma vez que tem origem na biomassa”, conta. “O processamento é idêntico. Assim como ocorre com resinas convencionais, existem algumas barreiras técnicas, como maior sensibilidade a altas temperaturas. Mas isso é questão de adaptar o produto e ajustar processos”, avalia.

Antes restritos a desempenhar seus papéis em produtos de vida curta, os bioplásticos vêm ganhando mais aplicações, especialmente nas indústrias automobilística e eletrônica, que procuram empregar cada vez mais materiais de fontes renováveis. Como muitas empresas se comprometeram a reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa, a adoção do bioplástico tem sido uma das ações mais importantes para atingir metas, mexer nos índices de sustentabilidade e mudar hábitos de consumo. “A consciência ambiental está ganhando espaço, as pessoas estão mais sensíveis e começam a entender que é necessário pagar um pouco mais por um produto que não agrida o meio ambiente”, observa.