Braskem na K 2025: avanços que cortam CO₂, elevam desempenho e aceleram a economia circular

Braskem na K 2025: avanços que cortam CO₂, elevam desempenho e aceleram a economia circular

Braskem destaca seus avanços durante a Feira K 2025, em Düsseldorf, com foco em materiais de menor pegada de carbono, soluções para economia circular e aplicações industriais de alto desempenho. O movimento combina portfólio de biopolímeros produzidos a partir de matéria-prima renovável, novas linhas com conteúdo reciclado pós-consumo e iniciativas de reciclagem avançada para ampliar a oferta de resinas com rastreabilidade. A companhia direciona a conversa para resultados práticos: redução de emissões por meio de mass balance, design para reciclagem adaptado à realidade de coleta e triagem, e provas de conceito em embalagens, automotivo, agronegócio, construção civil, saúde e manufatura aditiva. Para quem desenvolve produto, o interesse está em critérios objetivos. São exemplos: curvas de processamento estáveis, compatibilidade com equipamentos existentes, certificações reconhecidas e dados de desempenho em uso real. O visitante encontra demonstradores que traduzem o discurso em peças concretas e guias para implementação imediata em fábricas e laboratórios.

O que a Braskem leva à feira

A presença da Braskem na K 2025 se organiza em três eixos. O primeiro é a família de poliolefinas com menor pegada de carbono, que inclui resinas produzidas com matéria-prima renovável e materiais certificados por balanço de massa quando há coprocessamento de insumos alternativos. O segundo eixo reúne soluções com conteúdo reciclado, com destaque para aplicações em embalagens rígidas e flexíveis e peças técnicas. O terceiro eixo cobre parcerias de reciclagem avançada para ampliar a disponibilidade de nafta circular ou óleo pirolítico usado como feedstock, integrando-se a rotas petroquímicas existentes. O objetivo declarado é oferecer alternativas que se encaixem nos sistemas de produção já instalados, evitando trocas extensas de maquinário e protegendo a produtividade.

No estande, as linhas de produtos e os casos práticos buscam dialogar com dois públicos. Times de P&D e engenharia querem dados de processo, faixas de índice de fluidez e janelas térmicas que garantam repetibilidade. Compras e sustentabilidade pedem comprovação de origem e metodologia de cálculo de emissões. A companhia monta vitrines com peças de ciclo completo, do granulado ao item final, para mostrar estabilidade dimensional e acabamento. Em paralelo, apresenta trilhas de implementação para indústrias que desejam aumentar o conteúdo renovável ou reciclado sem comprometer requisitos funcionais, como resistência ao impacto, barreira, transparência e conformidade regulatória para contato com alimentos e produtos de saúde.

Materiais de baixa pegada de carbono: como funcionam

Materiais com menor pegada de carbono podem vir de duas frentes complementares. Em uma delas, parte ou a totalidade do monômero é obtido de fonte renovável, como etanol de cana-de-açúcar convertido em eteno, que segue para polimerização em polietilenos de diferentes densidades. Na outra, insumos circulares, como óleo pirolítico gerado a partir de resíduos plásticos, entram na cadeia via crackers, substituindo frações fósseis em rotas já dominadas pela indústria. Em ambos os casos, a rastreabilidade é assegurada por esquemas de certificação que validam a alocação do benefício ambiental por mass balance ou por segregação física, conforme o desenho do processo. O resultado chega ao cliente na forma de resinas compatíveis com as tecnologias usuais de transformação, como extrusão, injeção e sopro.

Na prática, a adoção de insumos renováveis ou circulares busca reduzir emissões de escopo 1 e 3 e atender metas de descarbonização de cadeias globais. Para converter essa intenção em ganho mensurável, o transformador precisa de números comparáveis. Inventários produzidos com base nas normas ISO 14040 e 14044 ajudam a avaliar impactos por quilo de polímero ou por unidade funcional do produto final. O valor importa, mas a estabilidade do processamento importa tanto quanto. É por isso que fabricantes dão atenção especial a lotes de teste com fichas técnicas e certificados de análise alinhados a janelas já validadas, permitindo troca de resinas por equivalência entre graus e minimizando ajustes longos de processo, que custam tempo, energia e material.

Design para reciclagem: orientações práticas para embalagens

O desenho de embalagens com foco em circularidade parte de premissas simples e objetivas. A primeira é a monomaterialidade quando possível. Estruturas baseadas em poliolefinas puras simplificam a triagem e elevam o valor do reciclado. A segunda é a eliminação de componentes que atrapalham a reciclagem, como camadas desnecessárias de barreira ou combinações de polímeros que não se compatibilizam. A terceira envolve aditivos e masterbatches selecionados para manter propriedades em ciclos repetidos, evitando degradação térmica e perda de cor. Na K 2025, a Braskem enfatiza guias práticos de design para reciclagem, com recomendações sobre rótulos, tampas, válvulas, pigmentos e colas, e como essas escolhas afetam a recuperação em usinas de triagem.

Para facilitar a aplicação no chão de fábrica, equipes técnicas costumam propor trilhas de qualificação com ensaios padronizados. Começa-se com protótipos em escala de laboratório para aferir selagem, resistência ao rasgo, transparência e brilho em filmes; ou impacto, rigidez e resistência ao ESCR em frascos e potes. Em seguida, pilotos em linhas industriais avaliam processabilidade em velocidade nominal, estabilidade dimensional e taxa de refugo. Com a aprovação técnica, o produto segue para validação comercial em clientes, com acompanhamento de pós-uso quando há programa de logística reversa. Esse ciclo fecha com auditorias de reciclabilidade segundo critérios de entidades reconhecidas no mercado, o que dá às marcas uma base mais sólida para comunicar desempenho ambiental sem exageros.

Checklist objetivo para projetos de embalagem

Equipes que planejam migrar para estruturas mais circulares podem usar um roteiro enxuto. O objetivo é reduzir tentativas e erros e priorizar decisões que de fato destravam a escala. A abordagem proposta cobre seleção de resina, arquitetura da embalagem e validação regulatória. Ao mesmo tempo, considera a realidade de coleta e de reciclagem nas regiões onde o produto será comercializado. A seguir, um checklist que tem funcionado bem em projetos de curto e médio prazos, com ganhos técnicos visíveis e custos sob controle.

  • Defina a unidade funcional e o desempenho mínimo (vida de prateleira, resistência ao transporte, estanqueidade).
  • Priorize monomateriais; se barreira for necessária, avalie soluções compatíveis com reciclagem ou redução de camadas.
  • Escolha pigmentos e masterbatches compatíveis com triagem óptica e com recuperação de cor em reciclagem.
  • Padronize tampas do mesmo material do corpo e adote rótulos destacáveis em água para facilitar limpeza.
  • Planeje testes em linha com parâmetros de processo registrados e metas claras de produtividade e refugo.
  • Implemente controle de qualidade do PCR (MFI, cinzas, contaminantes) e defina limites por aplicação.
  • Registre laudos e evidências para auditorias e para comunicação transparente ao consumidor.

Aplicações em foco: embalagem, automotivo, agronegócio e saúde

Em embalagens, o interesse recai sobre filmes de PE de alta e baixa densidade com aditivos de processabilidade que mantêm produtividade em extrusão de alta taxa. Marcas buscam extrusões estáveis em coextrusoras de três a sete camadas, com selagem consistente e boa resposta a impressão. Em rígidos, frascos soprados em PE e potes injetados em PP com conteúdo reciclado exigem controle fino de MFI, distribuição de pesos e resistência ao estresse ambiental. A proposta é entregar desempenho similar ao material virgem para itens de limpeza, higiene e alimentos, respeitando as exigências de contato seguro e migrando, quando aplicável, para estruturas que aceitam PCR aprovado para contato com alimentos conforme critérios regulatórios do país de destino.

No automotivo, peças internas em PP e talco ou PP e fibra de vidro continuam relevantes por leveza e custo total. A meta é reduzir VOCs, melhorar acabamento e viabilizar a reciclabilidade ao fim da vida útil. Para aplicações externas, a estabilidade a UV e a resistência ao impacto em baixas temperaturas são decisivas. Em agronegócio, filmes para estufas e mulch pedem equilíbrio entre resistência mecânica e aditivação que garanta vida útil sob sol intenso, além de rotas de recolhimento pós-colheita. Em saúde, a conversa é outra: rastreabilidade absoluta, controle microbiológico e desempenho em esterilização. Resinas para dispositivos e embalagens médicas precisam comprovar consistência entre lotes e atender protocolos de validação específicos, com documentação que permita auditorias.

Como qualificar resinas e implementar projetos sem parar a fábrica

Implantar um novo grau de resina ou trocar parte do portfólio por alternativas renováveis ou com PCR sem interromper a produção exige método. Um caminho prático começa com a especificação-alvo, escrita em termos mensuráveis. Em seguida, mapeia-se o parque fabril: extrusoras, injetoras, periféricos e limitações de cada linha. Com isso, define-se um plano de testes em três fases. A fase 1 ocorre em laboratório, com ensaios de DSC, MFI, densidade, IV (quando aplicável), impacto e tração. A fase 2 escala para pilotos em máquinas representativas, monitorando pressão de cabeçote, torque, consumo de energia e estabilidade de bolha em filmes ou de ciclo em injeção. A fase 3 valida em produção, com lotes comerciais, sob metas de produtividade e sucata definidas no início do projeto.

Ferramentas simples ajudam a manter o projeto no trilho. Um painel de controle com indicadores por turno dá visibilidade à operação e evita inferências subjetivas. Relatórios padronizados reúnem dados de processo e qualidade com fotos, gráficos e registros de ocorrências. Em paralelo, contratos de fornecimento preveem janela de especificação e contingências para variação de matéria-prima, um ponto relevante quando há uso de insumos alternativos. O resultado é uma implantação sem sobressaltos, com ganhos ambientais documentados e desempenho técnico mantido. A equipe de chão de fábrica participa do ajuste fino e internaliza as novas condições como padrão, reduzindo dependência de consultorias externas e espalhando boas práticas entre plantas.

Passo a passo objetivo para a troca de material

Um roteiro direto ajuda a equipes multifuncionais a executar a mudança com menos risco e mais previsibilidade. Ele organiza a transição em fases curtas, com critérios de aprovação e saída claros. A ideia é evitar retrabalho e aprender rápido com os dados coletados. Ao fim, a empresa consegue adotar resinas renováveis ou com PCR preservando eficiência e qualidade.

  1. Defina a meta técnica e ambiental do projeto (ex.: 30% PCR, redução de 20% na pegada de carbono do produto).
  2. Selecione candidatos com base em fichas técnicas, histórico de aplicação e disponibilidade logística.
  3. Realize ensaios laboratoriais padronizados e compare com o material atual por unidade funcional.
  4. Rode pilotos em linha com limites superiores e inferiores de processo mapeados e equipe treinada.
  5. Valide lote comercial sob acompanhamento de qualidade e mensure impacto em produtividade e refugo.
  6. Formalize a troca com especificação revisada, plano de controle e acordo de fornecimento com janelas de variação.

Reciclagem mecânica e química: diferenças, limites e quando usar cada uma

A reciclagem mecânica transforma resíduos plásticos em novos granulados por rotas de triagem, moagem, lavagem, extrusão e filtração. É a escolha mais acessível para fluxos relativamente limpos e estáveis, como aparas industriais e embalagens pós-consumo de coleta seletiva. A vantagem está no custo e na menor complexidade, com ganhos ambientais relevantes quando a cadeia é bem administrada. Os limites aparecem quando a mistura de materiais é muito heterogênea, quando há contaminação elevada ou quando o desempenho exigido no produto final demanda propriedades que se perdem ao longo dos ciclos térmicos. Nesses cenários, estratégias de reforço, compatibilização e blends ajudam, mas há um teto técnico que precisa ser respeitado para manter segurança e qualidade.

A reciclagem química, por sua vez, quebra polímeros em frações menores, gerando óleo pirolítico, monômeros ou intermediários que retornam ao processo petroquímico. Essa rota permite lidar com resíduos mais complexos e produzir matéria-prima apta a aplicações que pedem alto desempenho e, em alguns casos, contato com alimentos, desde que as certificações e autorizações regulatórias estejam em ordem. O desafio está em garantir balanços energéticos favoráveis, integração eficiente com crackers e transparência na alocação de benefícios ambientais via mass balance. Na K 2025, o debate gira em torno de como combinar as duas rotas para extrair o melhor de cada uma, priorizando a mecânica onde for tecnicamente possível e acionando a química para fluxos que não se recuperariam de outra forma com qualidade suficiente.

Medição de impacto, rastreabilidade e certificações

Medir impacto ambiental é requisito para escalar qualquer solução. Inventários de ciclo de vida estruturados segundo normas como ISO 14040 e 14044 criam uma base comparável de resultados. Para quem compra resinas, três pontos fazem diferença: a unidade funcional escolhida, os limites de sistema e as premissas energéticas. Uma embalagem pode ter pegadas diferentes por quilo de material e por mil unidades embaladas, por exemplo. Já a energia elétrica usada na produção, o transporte e as perdas em linha alteram os números finais. É essencial revisar essas escolhas antes de comparar materiais e, se possível, usar dados primários do fornecedor e do transformador para reduzir incertezas. Quando há mass balance, a transparência sobre regras de alocação traz previsibilidade às auditorias.

Certificações de cadeia de custódia, como as de esquemas amplamente adotados no setor, cumprem papel de garantir que o benefício ambiental não se perde ao longo das etapas de produção e distribuição. Elas auditam desde a entrada de matérias-primas até a saída de resina e a emissão de documentos que comprovam a quantidade de conteúdo renovável ou circular. Para setores regulados, como alimentos e saúde, conformidade adicional é exigida, com testes de migração, biocompatibilidade e validação de limpeza, entre outros. O resultado é um pacote de evidências que permite a marcas e indústrias comunicarem avanços com segurança jurídica e técnica, reduzindo ruído e focando no que é verificável e replicável.

Ferramentas úteis para times de sustentabilidade e P&D

Softwares de avaliação do ciclo de vida, como plataformas comerciais e opções abertas, ajudam a estruturar cálculos com base em bancos de dados reconhecidos e modelos parametrizáveis. Eles permitem rodar cenários com rotas de transporte, mixes energéticos e taxas de reciclagem distintas, além de comparar alternativas de material. Para projetos de embalagem, guias de design elaborados por entidades do setor funcionam como referência para escolhas técnicas com impacto real na reciclabilidade. Em P&D, ferramentas de planejamento de experimento reduzem o número de rodadas de teste e revelam interações entre variáveis de processo, acelerando a identificação da janela ideal de operação para cada resina.

Para a gestão de dados, planilhas padronizadas com campos obrigatórios e validação automática evitam lacunas e facilitam auditorias. Relatórios que combinam indicadores técnicos e ambientais, acompanhados de fotos das peças e das condições de teste, encurtam discussões entre engenharia, qualidade e sustentabilidade. Em empresas com múltiplas plantas, repositórios compartilhados com controle de versão garantem que as lições aprendidas num site sejam replicadas em outros, economizando tempo. O mais importante é manter rastreabilidade desde a compra do grão até a peça expedida, com registros claros de lotes, parâmetros de processo e resultados de inspeção em cada etapa.

Impressão 3D e manufatura aditiva com poliolefinas

A manufatura aditiva ganhou espaço como ferramenta de desenvolvimento e produção de baixo volume. Poliolefinas, como PP e PE, entram nesse universo com formulações que melhoram adesão entre camadas e reduzem empenamento. Para empresas que já usam impressão 3D em prototipagem, a curiosidade recai sobre a compatibilidade de filamentos e granulados com extrusoras de bancada e sistemas de pellet extrusion. O interesse também passa por blends que conciliam leveza com resistência química e por peças funcionais que operam em contato com soluções de limpeza e alimentos. Na K 2025, o foco está em apresentar peças que traduzem essa promessa em uso real: gabaritos, dutos, tampas, suportes e componentes auxiliares que passam por validações simples antes de entrar em linha.

Para melhorar a experiência do usuário, algumas recomendações se repetem. Placas aquecidas e câmaras parcialmente fechadas estabilizam o processo; perfis de temperatura e velocidade bem documentados facilitam a reprodutibilidade; e a escolha de bicos e superfícies de aderência corretas reduz falhas. Além disso, quando o objetivo é padronizar peças auxiliares na fábrica, compensa criar bibliotecas de modelos com metadados completos: material, parâmetros, posição de impressão, carga e vida útil na aplicação. Esse pacote reduz variação entre turnos e sites e acelera a resposta a paradas, já que a produção de um sobressalente pode ocorrer internamente em poucas horas com custo previsível.

Digitalização, rastreabilidade e gestão da cadeia de suprimentos

A adoção de materiais renováveis, circulares ou com PCR exige governança de dados. Sistemas simples, integrados ao ERP, ajudam a registrar lote, fornecedor, certificado e destino de uso, com alertas quando há risco de mistura indevida de materiais, algo crítico em setores regulados. O uso de QR codes ou etiquetas RFID em big bags e silos internos melhora a rastreabilidade e reduz erros de carregamento. Em projetos com mass balance, o controle de entradas e saídas precisa ser rigoroso para que os números sustentem auditorias e relatórios de sustentabilidade. A digitalização também apoia a gestão de inventários, permitindo que a empresa ajuste compras conforme sazonalidade de oferta e demanda, mantendo estabilidade de preço e evitando rupturas.

No relacionamento com fornecedores e recicladores, contratos com SLAs de qualidade e logística são fundamentais. Especificações de PCR incluem limites de contaminantes, teor de cinzas, odor e variações aceitáveis de MFI, além de planos de contingência para eventos fora de especificação. A integração de dados entre o transformador e o fornecedor encurta a resolução de problemas e reduz custo total. Programas colaborativos, com metas de melhoria em conjunto, elevam a previsibilidade da cadeia. Ao final, a empresa consegue gerir riscos técnicos e reputacionais, garantindo que o avanço ambiental venha acompanhado de estabilidade operacional e de entregas no prazo.

O que observar nos demonstradores durante a K 2025

Visitar uma feira técnica é uma maratona. Para extrair valor em pouco tempo, vale adotar uma lista de observação objetiva. Em embalagens flexíveis, observe estabilidade de bolha em extrusão, resistência de solda e qualidade de impressão. Avalie também como a estrutura responde a variações de temperatura e velocidade. Em soprados e injetados, procure por uniformidade de parede, acabamento superficial e taxa de refugo informada. Peças automotivas exigem olhar para estabilidade dimensional pós-pintura, resistência a riscos e emissão de compostos voláteis. Em aplicações com PCR, pergunte pelos limites de variação entre lotes e pelas estratégias de controle, como aditivação e blends com material virgem.

Outro ponto é a documentação. Solicite fichas técnicas atualizadas, certificados de análise e exemplos de relatórios de LCA, quando disponíveis. Pergunte pelas certificações de cadeia de custódia e pelas regras de alocação de benefícios em mass balance. Em soluções com química de reciclagem, entenda como o insumo circular é integrado ao cracker e quais os limites de conteúdo alocado ao produto final. Se houver demonstradores de manufatura aditiva, peça os perfis de impressão utilizados e verifique a repetibilidade em diferentes máquinas. Essas perguntas poupam retrabalho na volta à fábrica e encurtam o caminho para um piloto bem-sucedido.

Dicas avançadas de processamento para poliolefinas

Poliolefinas respondem bem a ajustes finos de processo. Em extrusão de filmes, o controle de umidade do ambiente e da matéria-prima ajuda a manter estabilidade de bolha. Purga programada entre trocas de materiais reduz inclusões e defeitos. Em injeção, perfis de velocidade em degraus e holding bem definido diminuem marcas de afundamento e melhoram o enchimento de regiões finas. Em sopro, a uniformidade de parison e o equilíbrio entre temperatura de massa e de molde influenciam diretamente espessura de parede e resistência ao impacto. A escolha de roscas e filtros adequados para PCR, com malhas e telas dimensionadas para o nível de contaminação esperado, evita quedas desnecessárias de produtividade e alonga a vida útil de componentes críticos.

Quando o projeto envolve conteúdo reciclado, a consistência ao longo do tempo depende de controles estatísticos simples. Monitorar MFI e densidade por lote, e correlacionar com parâmetros de processo e indicadores de qualidade, revela padrões e antecipa desvios. Blends com material virgem em proporções estáveis e o uso de estabilizantes térmicos e antioxidantes na medida certa preservam propriedades. Para linhas de embalagem, aditivos antibloqueio e deslizantes equilibrados evitam problemas na conversão e no envase. Por fim, treinar operadores para identificar rapidamente sintomas de degradação térmica, como escurecimento e odor, reduz refugo e mantém a segurança do produto final, um requisito que ganha peso em mercados regulados.

Cadeia de valor no Brasil: coleta, triagem e potencial de escala

No Brasil, a expansão de embalagens com conteúdo reciclado e a maior recuperação de plásticos dependem de melhorias na coleta e na triagem. Municípios com programas sólidos de coleta seletiva tendem a fornecer fluxos mais puros e previsíveis, o que reduz custos na ponta do reciclador. Em paralelo, cooperativas profissionalizadas e contratos de longo prazo com a indústria criam estabilidade de oferta e renda. Para transformar esse potencial em escala, a conexão entre marcas, transformadores, recicladores e petroquímica precisa ser contínua, com metas compartilhadas e critérios técnicos claros. A presença de soluções que se adaptam a máquinas existentes encurta esse caminho e evita investimentos altos no curto prazo, uma preocupação comum no setor.

A padronização de especificações de PCR por aplicação é um avanço importante. Definir faixas de MFI, limites de contaminação e parâmetros de odor e cor por família de produto amplia o número de fornecedores possíveis e reduz a dependência de lotes específicos. Ao mesmo tempo, iniciativas de educação do consumidor e de infraestrutura urbana elevam as taxas de retorno e qualidade do material coletado. A combinação de contratos com metas de qualidade, suporte técnico e compras comprometidas por parte das marcas forma um círculo virtuoso. Nessa dinâmica, soluções apresentadas em feiras internacionais ganham mais efetividade quando adaptadas à realidade local de logística e de poder de compra.

Perguntas que destravam decisões de compra e P&D

A seleção de uma nova resina ou de um novo fornecedor costuma travar em dúvidas que se repetem. Ter um roteiro de perguntas objetivas acelera a escolha e melhora a qualidade da decisão. O primeiro bloco aborda o que entra na fábrica: certificações disponíveis, janelas de especificação e histórico de variação entre lotes. O segundo cobre o processamento: janelas térmicas, pressões e velocidades recomendadas, com exemplos de casos comparáveis. O terceiro foca no pós-uso: reciclabilidade da estrutura proposta e rotas de coleta e triagem viáveis nos mercados de destino. Com esse pacote, a discussão sai do terreno genérico e entra no nível que opera a máquina e coloca produto em gôndola ou na linha de montagem.

Pergunte também por compromissos de serviço. Prazo de resposta a desvios de qualidade, suporte presencial em ramp-up e disponibilidade de estoque para contingências fazem diferença quando há pressão por prazos. Em projetos com metas ambientais, solicite o conjunto completo de evidências: metodologia de cálculo de pegada, dados primários usados, período de referência e fronteiras do estudo. Se a solução envolve mass balance, entenda a regra de alocação e como os certificados são emitidos e reconciliados. Essas respostas antecipam discussões internas com jurídico, marketing e sustentabilidade e pavimentam a implementação sem sobressaltos.

Boas práticas de comunicação técnica com o consumidor

Empresas que adotam materiais renováveis ou com conteúdo reciclado ganham um ativo reputacional, mas precisam comunicar com rigor técnico. Declarações devem ser específicas e verificáveis: informar o percentual de conteúdo renovável ou reciclado por peça ou por lote; explicar quando o benefício é obtido por mass balance; e evitar termos vagos. Selo e certificação ajudam o consumidor a entender a credibilidade da informação. Em páginas de produto e embalagens, textos curtos e objetivos, com linguagem simples, reforçam a mensagem sem prometer além do que o sistema consegue entregar. Transparência sobre limitações e sobre o que ainda está em desenvolvimento gera confiança e reduz o risco de interpretações equivocadas.

Para canais B2B, fichas técnicas completas e white papers com dados de desempenho e estudos de caso fornecem base para decisões. Em eventos como a K 2025, a chance de contextualizar os números ao vivo, diante de peças reais, encurta a distância entre o discurso e a prática. Ao longo do tempo, a consistência entre o que se promete e o que se entrega solidifica a relação com clientes e com o público, e reduz o custo de aquisição de novos projetos, porque a referência positiva de um caso acelera a aceitação de outros.

Glossário rápido para navegar o tema com segurança

Balanço de massa: método de contabilidade que aloca insumos renováveis ou circulares em produtos finais quando há coprocessamento, seguindo regras definidas por esquemas de certificação. Pegada de carbono: soma das emissões de gases de efeito estufa associadas a um produto ao longo do ciclo de vida, medida em CO2 equivalente, com fronteiras de sistema especificadas. Conteúdo reciclado pós-consumo (PCR): parcela de material reciclado proveniente de resíduos após uso pelo consumidor. Conteúdo renovável: fração do produto derivada de fontes como biomassa; no caso de poliolefinas, frequentemente ligada ao uso de etanol de cana para produzir eteno que será polimerizado em PE. Reciclagem mecânica: reprocessamento físico de resíduos em novos granulados. Reciclagem química: conversão de polímeros em frações químicas menores que retornam à cadeia produtiva.

Compatibilização: uso de aditivos ou polímeros específicos para melhorar a miscibilidade entre materiais diferentes em um blend, elevando propriedades mecânicas e estabilidade. ESCR: resistência ao estresse ambiental em presença de agentes químicos, relevante em embalagens de limpeza e higiene. LCA: avaliação do ciclo de vida, ferramenta padronizada para medir impactos ambientais de produtos e processos. Cadeia de custódia: conjunto de controles e registros que assegura rastreabilidade de matérias-primas e produtos ao longo da cadeia. Unidade funcional: referência utilizada para comparar desempenho ambiental de alternativas, como uma garrafa de 1 litro ou mil metros quadrados de filme agrícola. Essas definições ajudam times técnicos e de negócios a conversar com precisão e tomar decisões alinhadas às metas da empresa.

Roteiro de visita para profissionais de embalagem e processos

Organizar a visita à feira por temas economiza tempo e aumenta a chance de sair com respostas concretas. Para embalagens flexíveis, comece pelos demonstradores de coextrusão e impressão, depois avance para fornecedores de aditivos e masterbatches, e finalize com soluções de reciclagem que processam o resíduo gerado por essas estruturas. Para rígidos, avalie sopradoras, injetoras, moldes e controladores de processo que se integram às resinas com conteúdo reciclado. Em cada parada, foque em três perguntas: qual a janela de processo recomendada, como a solução lida com variação de lotes e quais evidências existem de performance em escala comercial. Registre contatos e combine, quando fizer sentido, a realização de um piloto na sua planta.

Leve amostras do seu produto atual e discuta equivalências com os especialistas. Peça recomendações de blends, compatibilizantes e ajustes de processo que facilitem a transição. Se o objetivo envolver metas de descarbonização, pergunte por dados comparáveis de pegada de carbono por unidade funcional e pelas premissas adotadas nos cálculos. Em soluções com mass balance, peça para ver exemplos de certificados emitidos e o fluxo de documentação que acompanha o lote. Essa abordagem transforma a visita em um processo de diligência técnica, com insumos acionáveis já na semana seguinte ao evento, evitando que as ideias fiquem no papel.

Como transformar pilotos em contratos recorrentes

Pilotos bem-sucedidos só viram rotina quando a empresa amarra três frentes: técnica, econômica e contratual. Do lado técnico, métricas de produtividade, qualidade e estabilidade precisam igualar ou superar o baseline. Do lado econômico, a conta inclui não apenas o preço da resina, mas também energia, refugo, velocidade de linha e manutenção. Do lado contratual, janelas de especificação e SLAs de entrega e suporte garantem que a solução resista a variações do dia a dia. Ao integrar esses pontos, a decisão deixa de ser apenas uma avaliação de laboratório e passa a refletir a operação real. Com isso, o avanço ambiental se materializa em volume e continuidade, e não apenas em vitrines ou projetos pontuais.

Um mecanismo que ajuda é o contrato com gatilhos de volume e preço. Conforme a parceria evolui e há ganho de escala, parte do benefício retorna para o cliente em valores ou serviços adicionais. Em contrapartida, a indústria se compromete com previsibilidade de compras, o que sustenta investimentos na cadeia de reciclagem e em plantas de matéria-prima renovável. Essa reciprocidade reduz a volatilidade e dá horizonte para planejamentos de médio prazo. Ao final, todos ganham: o cliente tem uma solução tecnicamente robusta e competitiva; o fornecedor consolida a operação; e o sistema avança em direção a metas ambientais com lastro em processos e contratos.

Pontos de atenção regulatórios e de segurança do produto

Aplicações que envolvem contato com alimentos, cosméticos ou dispositivos médicos exigem conformidade rigorosa. Além de listas positivas de substâncias autorizadas e limites de migração, é preciso demonstrar controle de processo e limpeza. Em materiais com conteúdo reciclado, há caminhos regulatórios específicos que devem ser seguidos conforme a jurisdição, incluindo aprovação de processos de reciclagem e rastreabilidade por lote. A recomendação é envolver a equipe regulatória desde a fase de laboratório para antecipar exigências e evitar retrabalho em etapas avançadas. Relatórios bem documentados, com condições de teste e resultados por amostra, facilitam auditorias e inspeções.

Em segmentos industriais, normas de desempenho e de segurança, como resistência a chamas, emissão de fumaça e comportamento a UV, direcionam a seleção de aditivos e pigmentos. Quando há uso de insumos alternativos, é papel do fornecedor indicar eventuais impactos em requisitos específicos e sugerir ajustes. Em todas as frentes, a consistência entre lotes e a clareza de informação são o melhor antídoto para incidentes. A adoção de planos de controle e amostragem alinhados a normas reconhecidas reduz incerteza e preserva a reputação do produto no mercado.

O que fica para quem não pôde ir à K 2025

Nem todo mundo consegue viajar para uma feira internacional. Ainda assim, é possível capturar o essencial dos avanços apresentados. Materiais de menor pegada de carbono e com conteúdo reciclado já contam com rotas de fornecimento, guias de design e dados de desempenho suficientes para sair da fase de piloto. O passo seguinte está em organizar internamente metas claras, orçamento e cronograma de testes. Com fornecedores acessíveis e compromisso da liderança, a agenda deixa de ser um conjunto de intenções e vira operação. Em mercados competitivos, a rapidez em transformar informação em produto faz diferença no fechamento do ano.

A experiência de quem implementou aponta um caminho pragmático. Escolha uma linha, defina um objetivo mensurável e mensure tudo ao longo do processo. Ajuste o que for necessário e documente. Quando a solução estabilizar, replique em outras linhas. Esse movimento, multiplicado por áreas e por unidades, entrega resultados concretos. Ao colocar foco nos detalhes técnicos, na rastreabilidade e na execução disciplinada, as empresas conseguem converter tendências discutidas na feira em ganhos de produtividade e de reputação, com impacto real para a cadeia de valor e para o consumidor.



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