Em junho, a Amazon anunciou que Alexa, assistente pessoal da empresa, está sendo treinada para replicar as vozes dos familiares de um usuário, mesmo que tenham morrido. O objetivo do projeto, que ainda está em desenvolvimento, é aumentar a confiança nas interações com o Alexa, agregando atributos humanos como empatia e carinho ao assistente. A novidade, no entanto, suscita uma série de discussões éticas. Nas linhas seguintes, o Armário para Vestiário Blog lista cinco vezes em que a inteligência artificial foi usada para “trazer as pessoas de volta à vida”.
1. Mulher idosa conversa com familiares durante seu próprio funeral
A inteligência artificial foi usada para permitir que a educadora e ativista do holocausto Marina Smith “conversasse” com amigos e familiares durante seu próprio funeral em agosto deste ano. A interação ocorreu em uma espécie de videochamada, em que a idosa parecia ouvir as perguntas dos convidados e, após um pequeno atraso para o processamento da IA, responder as perguntas. A dinâmica criava a ilusão de uma conversa normal.
A tecnologia utilizada é de propriedade da empresa StoryFile, da qual o filho de Marina, Stephen Smith, é cofundador. Para permitir a “conversa”, o empresário usou 20 câmeras sincronizadas para filmar a mãe enquanto ela, ainda viva, respondia às perguntas. A IA então separou as gravações em trechos. Assim, quando Marina recebia uma pergunta, o software selecionava o clipe mais adequado para usar como resposta.
2. Cantor coreano “volta à vida”
Em 2021, um programa de TV sul-coreano trouxe o cantor Kim Kwang-seok, que morreu há mais de 25 anos, “de volta à vida”. Voice of Singing”, em tradução direta), pela empresa sul-coreana Supertone.
Primeiro, a inteligência artificial foi treinada com 700 músicas de diferentes artistas, para aprender técnicas de entonação e ritmo. Depois, o software foi alimentado com 20 músicas de Kim Kwang-seok, para que pudesse replicar a voz do cantor. Durante a apresentação, o artista cantou uma música chamada “I miss you”, lançada por outro cantor sul-coreano seis anos após a morte de Kwang-seok. A fidelidade à voz e timbre da cantora na produção artificial agradou aos fãs e familiares.
3. Steve Jobs participa de um podcast
A voz de Steve Jobs, fundador da Apple que faleceu em 2011, foi recriada com inteligência artificial e inserida em uma entrevista com o comediante Joe Rogan durante um podcast em outubro. A participação é fruto do trabalho da empresa Play.ht, que usa inteligência artificial e aprendizado de máquina para “clonar” as vozes das pessoas
Para que a entrevista acontecesse, a inteligência artificial teve que ser treinada com múltiplas falas de ambas as personalidades. Tanto Rogan quanto Jobs tiveram suas vozes clonadas digitalmente e usadas em diálogos também criados pela tecnologia. Apesar das falas dos participantes parecerem robóticas às vezes, a IA conseguiu manter uma conversa coerente ao longo do podcast.
4. Projeto “Como se nada tivesse acontecido”
O fotógrafo turco Alper Yesiltas usou inteligência artificial para imaginar como seriam hoje algumas celebridades icônicas que morreram jovens. Por meio de software de aprimoramento de imagem e programas de edição e tratamento, o artista “envelheceu” pessoas famosas como Freddie Mercury, Heath Ledger e Kurt Cobain. Nos resultados, Yesiltas também mostra como seria Michael Jackson se tivesse envelhecido sem ter passado por procedimentos estéticos.
Inteligência artificial revela quão famosos seriam aqueles que morressem jovens
5. Nostalgia Profunda
Deep Nostalgia é um software de inteligência artificial online que anima fotos de pessoas falecidas. Desenvolvido pela empresa de genealogia MyHeritage, o recurso funciona a partir de drivers, que são vídeos que consistem em uma sequência fixa de movimentos e gestos. A IA usa esse banco de dados para aplicar movimento a fotografias, semelhante à tecnologia deepfake. Então as pessoas são geradas animações de pessoas olhando ao redor ou sorrindo, por exemplo.