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Co-extrusão – uso da tecnologia avança a passos largos e a tendência é dobrar nos próximos anos

Plástico Moderno, Co-extrusão - uso da tecnologia avança a passos largos e a tendência é dobrar nos próximos anos

Se comparada com os mercados dos países mais desenvolvidos, a participação dos filmes co-extrudados nas embalagens plásticas flexíveis brasileiras é baixa. Segundo Rogério Mani, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), 35% da produção do setor no Brasil adota a tecnologia da co-extrusão. Nos principais países europeus, essa participação varia entre 75% e 80%, informa Marcos Hatum, gerente de desenvolvimento de produtos da Zaraplast.

Mas uma certeza pode ser constatada ouvindo alguns dos principais players do mercado brasileiro de filmes plásticos para embalagens: a co-extrusão é uma tendência forte no setor e a expansão da tecnologia é certa nos próximos anos. “Hoje, grandes e médias empresas de transformação, quando pensam em investir, pensam em co-extrusão. Em uma década, a participação dos filmes co-extrudados no mercado de embalagens flexíveis vai dobrar”, acredita Adriano Ávila, diretor técnico da Union Pack.

Com diferentes níveis de entusiasmo, a percepção de Ávila em relação à tendência de expansão dos filmes co-extrudados é compartilhada por praticamente todos os entrevistados para esta reportagem de Plástico Moderno.

O fator que justifica essa expectativa é o amplo leque de vantagens apresentadas pelos filmes co-extrudados, obtidos por meio da extrusão de duas ou mais resinas. Na extrusão convencional, monocamada, a mistura de diversos polímeros não maximiza as propriedades de cada um.

Já os filmes co-extrudados, como define Ana Decot, gerente de marketing e desenvolvimento da divisão de embalagens flexíveis da Dixie-Toga, são uma espécie de “sanduíche de resinas”, pois cada camada é sobreposta à outra, aproveitando-se integralmente as propriedades da resina onde ela se faz necessária.
O grande benefício da tecnologia, explica Taís Sozo Marcon, engenheira química e consultora da MaxiQuim, é a oportunidade de fabricação de filmes customizados, de acordo com a necessidade de cada aplicação. Os filmes podem ser produzidos, por exemplo, com maiores propriedades de barreira (ao gás, à luz, à gordura e ao vapor de água, por exemplo), com maior resistência mecânica e rigidez, características obtidas por meio de combinações das diferentes resinas processadas.

Outra vantagem do filme co-extrudado, diz a consultora, é a possibilidade de controlar a espessura de cada uma das camadas, diminuindo-se o custo com as matérias-primas de preço mais elevado, uma vez que é possível utilizar apenas a quantia necessária de resina para se obter o efeito desejado. “O resultado é a produção de embalagens mais leves e de menor custo”, diz Taís.

Mani também destaca os benefícios para os usuários finais. “As embalagens ganham capacidade de preservar por mais tempo as características originais dos produtos, como sabor, aroma e nutrientes”, diz o presidente da Abief.

A principal cliente das embalagens com filmes co-extrudados é a indústria alimentícia. Os segmentos em que a tecnologia avança com mais rapidez são: carnes, embutidos, principalmente frios fatiados, queijos, molhos, massas frescas e congeladas, cereais, como o arroz, feijão e farinhas.

A expansão do market share das embalagens com filmes co-extrudados nestes segmentos de mercado é apontada pelos entrevistados como o principal fator de incremento mercadológico da tecnologia para os próximos anos. Duas são as razões a estimular essa expansão. A primeira é a crescente exportação de alimentos embalados pela indústria brasileira. Os filmes co-extrudados ampliam a vida de prateleira do alimento, aumentando a viabilidade da transação.

A segunda razão é a chegada dos filmes co-extrudados aos produtos classificados como populares, cujas vendas são crescentes no País. “Hoje há muita competitividade nos segmentos de produtos populares, o que leva a indústria a promover uma sofisticação desses produtos. As embalagens com filmes co-extrudados são parte desse processo de sofisticação”, diz Rafael Fabra Navarro, gerente de marketing da Petroquímica Triunfo, fornecedora de resinas para a produção de filmes co-extrudados.

Ainda na indústria de alimentos, novas oportunidades de negócios para as embalagens com filmes co-extrudados são os segmentos de frutas, vegetais frescos, condimentos e alimentos desidratados. A tecnologia da co-extrusão também já se faz presente em embalagens de outros setores econômicos. O principal é o de ração animal, seguido pelos setores de fertilizantes e cimentos. Mani acredita que as embalagens de medicamentos são uma nova fronteira de expansão da tecnologia.

“É uma linha de produtos que também tem necessidade de prolongar as características originais de suas substâncias”, diz o presidente da Abief.
Ana Decot, da Dixie-Toga, acrescenta à lista de novos segmentos a adotar a tecnologia, a indústria de limpeza, principalmente em embalagens para produtos agressivos. Navarro lembra ainda a agricultura como um novo mercado para a aplicação de filmes co-extrudados. Na Europa, por exemplo, é comum o uso do mulching, filmes de duas camadas na produção de frutas, como o morango. O objetivo é o controle da luz e do calor. Ou ainda o uso de filmes multicamadas em estufas para a horticultura e a fruticultura. “São aplicações ainda incipientes no Brasil, mas que tendem a se intensificar”, diz o executivo.

Evolução técnica – Além do avanço mercadológico da co-extrusão, a indústria de embalagem também vivencia uma evolução técnica dos filmes co-extrudados. A tecnologia da co-extrusão se divide em duas vertentes distintas de formação do “sanduíche”.