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Commodities – Demanda em alta, rearranjo petroquímico e mudanças globais alvoroçam o setor

A julgar pelos resultados preliminares de janeiro a agosto deste ano, o desempenho brasileiro das resinas termoplásticas mais usadas na transformação promete um final de ano memorável para os executivos do setor. Segundo levantamento da Comissão Setorial de Resinas Termoplásticas da Associação Brasileira da Indústria Química (Coplast/Abiquim), a demanda das commodities (polietilenos, polipropileno, poliestireno, policloreto de vinila e copolímero de etileno acetato de vinila) aumentou 4,8%, em comparação a idêntico período de 2006. Coordenador do Coplast e presidente do Sindicato da Indústria de Resinas Plásticas (Siresp), José Ricardo Roriz Coelho desfia bons motivos para a segunda geração petroquímica desfrutar o atual momento do setor: “Diferentemente de anos anteriores, pegamos a indústria de transformação com estoque muito baixo.

Plástico Moderno, Commodities - Demanda em alta, rearranjo petroquímico e mudanças globais alvoroçam o setor

O segundo semestre será bom de vendas, ainda, por várias razões: crescimento econômico do mercado brasileiro maior do que o previsto no início do ano, queda da taxa de juros e estabilidade da economia.”

Só o mês de agosto cravou alta de quase 18% em relação a julho. “Estamos entrando numa sazonalidade boa”, avalia Roriz. O quadro desenhado revela fortes possibilidades de a indústria chegar ao final do ano com crescimento da ordem de 8%, de acordo com as estimativas do presidente do Siresp.

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Plástico Moderno, José Ricardo Roriz Coelho, Coordenador do Coplast e presidente do Sindicato da Indústria de Resinas Plásticas (Siresp), Commodities - Demanda em alta, rearranjo petroquímico e mudanças globais alvoroçam o setor

Roriz vê a indústria fortalecida para enfrentar o novo ciclo

As vendas no mercado internacional também pesaram favoravelmente na balança do setor. O volume exportado de resinas de janeiro a agosto deste ano computou acréscimo de 18,9% sobre o mesmo período de 2006.

Mesmo com tantos motivos para comemorar, o petróleo capitaneia uma das principais dificuldades da segunda geração petroquímica: os preços do óleo continuam em franco processo de alta, com reflexos nos seus derivados, a nafta em particular, insumo básico para a produção das resinas. “A matéria-prima atingiu patamares nunca antes alcançados”, informa Roriz. A moeda nacional fortalecida pelo câmbio também pesou nas costas dos produtores petroquímicos, reduzindo sua competitividade perante a importação de produtos asiáticos, como embalagens e outros itens prontos que poderiam ser fabricados no Brasil.

Escala globalizada – Sem ganhos de escala, será impossível à indústria brasileira de resinas competir no mercado mundial e enfrentar o tsunami de resinas que se forma no Oriente Médio. Nesse contexto, a questão do rearranjo da petroquímica nacional deve ter seu desfecho provavelmente até o final do ano. A compra do grupo Ipiranga, no início de 2007, por Petrobrás, Braskem e grupo Ultra, acelerou o processo e desencadeou discussões acaloradas sobre as ações necessárias para a sua consolidação, definindo a estrutura do pólo petroquímico do Sudeste. A aquisição da Suzano Petroquímica pela Petrobrás, anunciada em agosto último, por montante que supera a casa dos 3,5 bilhões de reais (ver PM 394, agosto de 2007, página 3), delineou os contornos finais desse novo mapa, mas incitou grande polêmica sobre o retorno portentoso da Petrobrás à segunda geração.

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, nega qualquer intenção da estatal de controlar o setor petroquímico no Brasil. Ele declarou à imprensa que as aquisições seguem uma tendência mundial de integração da petroquímica com o refino e que a estratégia da empresa é ter participação minoritária relevante associada ao setor privado, que deve liderar os empreendimentos.
A entrada da Petrobrás no setor foi anunciada há algum tempo e suas ações mostraram se tratar de rota sem volta. O presidente do Siresp entende que a petroquímica é uma área estratégica e a Petrobrás planeja estar mais presente nesse setor. Ele não vê problemas no quadro que se desenha agora, em um jogo comandado por dois grandes grupos, mantendo a concorrência em bom nível. “É saudável para o mercado e em condições iguais”, opina.

Os atuais movimentos da petroquímica brasileira favorecem os produtores locais de resinas perante a eminente entrada agressiva do grande volume de produção do Oriente Médio. A indústria brasileira, até então, muito regional, em oposição à petroquímica internacional, com as mudanças empreendidas no setor, se contextualizou no panorama global, o qual entrará num ciclo de alta competitividade. “O cenário que se monta no mercado nacional facilitará competir nessas condições mais adversas que teremos nos próximos anos”, avalia Roriz.

Em palestra realizada no evento “Ameaças e Oportunidades para o Setor Petroquímico e Indústria do Plástico”, promovido pelo International Business Communications (IBC), o presidente da Petroquisa, José Lima de Andrade Neto, justificou a posição da Petrobrás: “No mundo, a petroquímica e o refino de petróleo têm uma interligação forte, mas no Brasil esse nível de integração começou a crescer agora, partindo quase do zero.” As plantas que estão sendo projetadas são de escala mundial e contemplam basicamente polietilenos e polipropileno, com vantagens competitivas pela integração com refino, em locais onde são obtidas matérias-primas com preços mais baixos – grande diferencial competitivo no mundo. “O modelo brasileiro ficou em descompasso com a realidade mundial. É preciso ter escala, porte e capacidade de investir para fazer frente à concorrência externa”, opina Andrade.