A série original Dahmer: The American Cannibal, disponível na Netflix, foi lançada em 21 de setembro e reconta a história dos verdadeiros crimes cometidos por Jeffrey Dahmer. Por mais de uma década, o assassino fez 17 vítimas, todos gays e meninos de cor. A produção é dirigida por Ryan Murphy (Glee e American Horror Story – 2011) e é estrelada por Evan Peters, que atuou em todas as temporadas da antologia de terror. O título se tornou a segunda maior estreia entre as séries em inglês da plataforma e ultrapassou 700 milhões de horas assistidas em seus primeiros 28 dias de exibição.
Além de abordar a violência cometida pelo serial killer, a produção também mostra como a impunidade sistemática nos Estados Unidos possibilitou a atuação de Dahmer por tanto tempo. A classificação etária desencoraja conteúdo para menores de 18 anos, pois apresenta cenas com uso de drogas ilícitas, nudez, violência e abuso sexual. A seguir, saiba mais sobre o caso que inspirou a série, as diferenças com a história real e como foi a reação entre as famílias das vítimas.
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a verdadeira história
Os assassinatos de Jeffrey Dahmer ocorreram entre 1978 e 1991. O primeiro caso ocorreu em Ohio, enquanto o seguinte ocorreu em Milwaukee, Wisconsin. O serial killer frequentava bordéis, boates e clubes LGBTQIA+, onde se aproximava de seus alvos. As 17 vítimas tinham entre 14 e 32 anos, negras, asiáticas ou nativas americanas e estavam, em sua maioria, em posição social vulnerável. Os ataques ocorreram principalmente no apartamento de Dahmer. Além de cometer violência física e sexual antes da morte, ele desmembrava cadáveres e os consumia.
A única sobrevivente foi Tracy Edwards, que em 1991 conseguiu escapar do apartamento e levar a polícia ao local. Dahmer foi preso no mesmo ano, réu confesso e condenado a 16 sentenças de prisão perpétua. Ele foi enviado para a prisão de segurança máxima da Instituição Correcional de Columbia, onde em 1994 foi morto por outro preso.
O que é verdade e o que é ficção
Apesar das semelhanças com a história original, há informações que foram alteradas ou criadas para a narrativa da série. O portal de Cincinnati encontrou diferenças com a realidade, com base em artigos de jornais Sentinela de Milwaukee e Jornal Milwaukee, bem como o livro investigativo Monster: The True Story of the Jeffrey Dahmer Murders, escrito por Anne E. Schwartz. Listamos algumas das diferenças abaixo:
- O corpo de Steve Tuomi, o primeiro menino morto por Dahmer, nunca foi encontrado. Ainda assim, o serial killer confessou e revelou detalhes sobre o crime em seu julgamento;
- Não foi a presença da avó de Jeffrey – Catherine Dahmer – que o impediu de atacar Ron Flowers, mas o peso do menino. Dahmer tinha certeza de que não conseguiria carregar o corpo, o que dificultaria o transporte;
- Na série, o personagem interpretado por Evan Peters levou para casa sacos de sangue de seu local de trabalho, o Milwaukee Blood Plasma Center. Na realidade, o serial killer provou o fluido apenas uma vez e cuspiu no telhado do centro de coleta;
- A vizinha de Jeffrey, Glenda Cleveland, morava em um prédio ao lado. A personagem da série é a mistura com a figura de Pamela Bass, moradora do mesmo prédio, que revelou aos demais vizinhos sobre os sanduíches com carne humana;
- Os familiares dos irmãos Sinthasomophone, vítimas do assassino, não estiveram presentes no julgamento. A série demonstra que o pai, Sounthone, não foi compreendido pelo juiz por não falar inglês corretamente;
- Os policiais John Balcerzak e Joseph Gabrish, na produção da Netflix acusados de negligência, não receberam prêmios de reconhecimento policial ao final do caso, apenas retomaram seus empregos;
- Não há evidências sobre o relacionamento de Dahmer com Tony Hughes. Durante o interrogatório, o réu negou conhecê-lo até o dia do assassinato. No entanto, um amigo de Hughes afirmou que os dois eram amigos há mais de um ano.
Outros conteúdos sobre o caso foram divulgados pela Netflix. O documentário “The Milwaukee Cannibal” chegou ao catálogo no dia 7 de outubro. Os três episódios apresentam gravações do diálogo entre Dahmer como réu e seu advogado de defesa.
As polêmicas da série
As críticas à dramatização vieram principalmente das famílias das vítimas de Dahmer. Durante a estreia da série, Eric Perry, primo de Errol Lindsey, uma das vítimas, usou as redes sociais para expressar seu descontentamento. A postagem no Twitter compara a gravação do depoimento de Isbell Lindsey, irmã de Errol, durante o julgamento e a cena que recria o mesmo momento. Perry compartilhou o post e acrescentou que considera brutal a imitação de seu primo durante um momento de instabilidade, diante do homem que torturou e matou seu irmão.
Ele completou sua posição informando que em nenhum momento sua família foi consultada ou avisada sobre a adaptação, e que destacar o caso novamente despertou revolta na família: “Você está nos retraumatizando de novo, e para quê? De quantos filmes, shows e documentários ainda precisamos?” ele perguntou.
Segundo o portal IndieWire, a produção de Dahmer se posicionou publicamente em defesa da série, afirmando que nunca teve a intenção de humanizar a figura do serial killer, mas de apresentar a perspectiva das vítimas e explicar como raça e sexualidade foram fatores de influência pelos assassinatos.
Assista ao trailer de Dahmer: An American Cannibal abaixo:
com informações de BuzzFeed, Cincinnati, IndieWire, NY Times, SlashFilm e A conversa.