Dois anos após encerrar as atividades do seu frigorífico de suínos em Poço das Antas (RS), a Cooperativa Languiru decidiu dar um novo passo na tentativa de reestruturar seu patrimônio e buscar fôlego financeiro. Em junho deste ano, a cooperativa ingressou na Justiça com um pedido para leiloar judicialmente a planta industrial, avaliada em R$ 169,8 milhões. A medida é vista como um desdobramento inevitável diante das dificuldades enfrentadas pela instituição, que está em liquidação e tenta preservar parte de seus ativos estratégicos.
A unidade, considerada uma das mais modernas da região Sul, está equipada e pronta para operar, com capacidade instalada para 1.700 suínos/dia. Desde a paralisação, cerca de 200 produtores integrados seguem sem destino certo para sua produção, gerando forte impacto na cadeia produtiva regional.
“Fechamos dois anos da paralisação do frigorífico no último dia 30 de junho. Foi uma das decisões mais difíceis que tivemos que tomar, mas não havia mais como sustentar a operação. A cooperativa não tinha, e ainda não tem, capacidade financeira para manter toda uma integração de suínos com abates diários em larga escala”, explica Paulo Birck, presidente liquidante da Languiru.
Segundo ele, a Languiru tentou por muitos meses realizar uma venda direta da unidade, mas esbarrou em entraves que iam desde viabilidade técnica até a falta de consenso com possíveis compradores.
“Sempre tivemos o compromisso de que o comprador assumisse também a base de produtores. Muitos ainda estão parados. Mas, infelizmente, mesmo com o apoio do governo do Estado e muito esforço da gestão atual, não foi possível concretizar a venda direta. Então, como já havíamos sinalizado, fomos para a venda judicial, uma iniciativa da própria cooperativa, e não de credores”, reforça Birck.
A ação foi protocolada no dia 9 de junho de 2025, e o pedido foi aceito. A Justiça já determinou a intimação dos credores com garantia real sobre a planta e deu início aos trâmites legais. A expectativa agora é pela definição do cronograma de publicação do edital e da data do leilão.
“Essa ação judicial foi ingressada pela cooperativa, o que é importante destacar. A condução do processo passa agora ao Poder Judiciário, e estamos aguardando os prazos legais e processuais. Isso garante mais segurança para todos os envolvidos”, afirma também Gustavo Marques, superintendente administrativo e financeiro da Languiru.
A estrutura da planta será leiloada em dois momentos: o primeiro com lance mínimo equivalente à avaliação total (R$ 169,8 milhões) e, se não houver interessados, uma segunda chamada com lance mínimo de 50% desse valor — cerca de R$ 85 milhões.
Apesar de a planta estar totalmente estruturada para o abate de suínos, há o risco de que o novo comprador não atue no setor ou não dê continuidade à integração local. Ainda assim, a diretoria acredita que o perfil do ativo e a concentração dos produtores em um raio de até 30 quilômetros podem atrair interessados em retomar a operação.
“Existe a chance de que o comprador não atue na suinocultura, mas acreditamos que a estrutura montada e o custo logístico reduzido pela proximidade da base produtiva tornam a operação viável e atrativa para quem pretende seguir no setor”, completa Gustavo.
A decisão de recorrer ao leilão judicial, segundo a gestão da Languiru, faz parte de um esforço de transparência com os associados e com a comunidade. Em 15 de julho, a cooperativa realizou uma Assembleia Geral Extraordinária para prestar contas do processo de liquidação e apresentar os próximos passos, incluindo a situação do frigorífico. Durante o encontro, a Languiru também destacou outros avanços recentes na reestruturação financeira.
A cooperativa informou que já negociou mais de R$ 490 milhões em dívidas, o que representa 44% do total apresentado em 2023, junto a 803 credores. Também foram firmados contratos de parceria com JBS e Lactalis, com validade até 2028, além da projeção de crescimento de faturamento mensal em R$ 15 milhões a partir de janeiro de 2025.
Entenda a Crise da Languiru
A situação da Cooperativa Languiru é um reflexo de diversos fatores que convergiram para um cenário de instabilidade financeira. A paralisação do frigorífico de suínos em Poço das Antas, em 2023, representou um ponto crítico, impactando diretamente a capacidade da cooperativa de gerar receita e honrar seus compromissos. As dificuldades de gestão, somadas a um contexto econômico desafiador, levaram a um acúmulo de dívidas e à necessidade de buscar alternativas para reestruturar o patrimônio.
A decisão de leiloar a planta industrial é uma medida drástica, mas considerada necessária pela direção da Languiru para tentar equacionar as finanças e evitar um colapso ainda maior. A venda judicial, segundo a cooperativa, busca garantir transparência e segurança para todos os envolvidos, incluindo os associados, credores e a comunidade local. O processo, no entanto, levanta preocupações sobre o futuro dos produtores integrados e a continuidade da atividade suinícola na região.
Impacto nos Produtores Rurais
A paralisação do frigorífico da Languiru afetou diretamente cerca de 200 produtores integrados, que ficaram sem um destino certo para sua produção. Essa situação gerou incertezas e prejuízos para esses agricultores, que dependiam da cooperativa para escoar seus produtos e garantir sua renda. A falta de alternativas para comercializar os suínos impactou a economia local e a sustentabilidade das propriedades rurais.
A diretoria da Languiru tem enfatizado o compromisso de que o comprador da planta industrial assuma também a base de produtores, mas não há garantias de que isso realmente aconteça. Mesmo que um novo frigorífico seja instalado no local, pode levar tempo para que a cadeia produtiva seja restabelecida e os produtores voltem a operar em plena capacidade. A incerteza sobre o futuro da atividade suinícola na região tem gerado apreensão e a busca por alternativas por parte dos produtores.
Leilão Judicial: Detalhes e Expectativas
O leilão judicial da planta industrial da Languiru é um processo complexo, que envolve a avaliação do imóvel, a intimação dos credores e a definição do cronograma de publicação do edital e da data do leilão. A estrutura será leiloada em dois momentos: o primeiro com lance mínimo de R$ 169,8 milhões e, se não houver interessados, uma segunda chamada com lance mínimo de R$ 85 milhões. A expectativa é que o processo atraia investidores do setor suinícola e de outras áreas, interessados em aproveitar a infraestrutura existente e a localização estratégica da planta.
Apesar de a planta estar totalmente estruturada para o abate de suínos, há o risco de que o novo comprador não atue no setor ou não dê continuidade à integração local. No entanto, a diretoria da Languiru acredita que o perfil do ativo e a concentração dos produtores em um raio de até 30 quilômetros podem atrair interessados em retomar a operação. A proximidade da base produtiva e o custo logístico reduzido são considerados atrativos para quem pretende seguir no setor.
Reestruturação Financeira da Languiru
A decisão de recorrer ao leilão judicial faz parte de um esforço de transparência da Languiru com os associados e com a comunidade. A cooperativa tem realizado assembleias para prestar contas do processo de liquidação e apresentar os próximos passos. Além do leilão, a Languiru tem buscado outras formas de reestruturar suas finanças, como a negociação de dívidas e a busca por parcerias estratégicas.
A cooperativa informou que já negociou mais de R$ 490 milhões em dívidas, o que representa 44% do total apresentado em 2023, junto a 803 credores. Também foram firmados contratos de parceria com JBS e Lactalis, com validade até 2028, além da projeção de crescimento de faturamento mensal em R$ 15 milhões a partir de janeiro de 2025. Essas medidas visam fortalecer a saúde financeira da Languiru e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.
Possíveis Cenários Futuros
O futuro da Languiru e do setor produtivo na região de Poço das Antas é incerto, mas alguns cenários podem ser vislumbrados. Caso o leilão da planta industrial seja bem-sucedido e um novo frigorífico seja instalado no local, a atividade suinícola poderá ser retomada e os produtores integrados poderão voltar a operar em plena capacidade. No entanto, se o leilão não atrair interessados ou o novo comprador não tiver interesse em manter a integração local, a situação dos produtores poderá se agravar.
Diante desse cenário, é fundamental que os produtores busquem alternativas para diversificar sua produção e reduzir sua dependência da Languiru. O governo do Estado e outras instituições podem oferecer apoio técnico e financeiro para auxiliar os agricultores nesse processo. A busca por novos mercados e a valorização dos produtos locais também podem contribuir para fortalecer a economia da região e garantir a sustentabilidade das propriedades rurais.
O Papel do Governo e de Outras Instituições
O governo do Estado e outras instituições têm um papel fundamental a desempenhar na superação da crise da Languiru e na recuperação do setor produtivo na região de Poço das Antas. O governo pode oferecer apoio técnico e financeiro aos produtores, auxiliando-os na busca por alternativas para diversificar sua produção e comercializar seus produtos. Além disso, pode atuar como mediador entre a Languiru, os credores e os possíveis compradores da planta industrial, buscando soluções que beneficiem todos os envolvidos.
As instituições financeiras também podem desempenhar um papel importante, oferecendo linhas de crédito e condições de financiamento favoráveis aos produtores e às empresas que desejam investir na região. A colaboração entre o governo, as instituições financeiras e as entidades representativas do setor produtivo é essencial para garantir a sustentabilidade da atividade suinícola e o desenvolvimento econômico da região.
A importância da diversificação da produção
Diante da instabilidade do mercado e das dificuldades enfrentadas por grandes cooperativas, a diversificação da produção surge como uma estratégia crucial para os produtores rurais. Ao investir em diferentes culturas ou atividades, o agricultor reduz sua dependência de um único produto e diminui os riscos de perdas financeiras em caso de crises ou problemas específicos em um determinado setor.
A diversificação pode envolver a combinação de atividades agrícolas com a criação de animais, o cultivo de diferentes tipos de plantas ou a exploração de outras fontes de renda, como o turismo rural ou a produção de alimentos processados. Essa estratégia exige planejamento e investimento, mas pode trazer benefícios significativos a longo prazo, garantindo a sustentabilidade da propriedade e a segurança financeira da família.
A valorização dos produtos locais
Em um contexto de globalização e de concorrência acirrada, a valorização dos produtos locais se torna um diferencial importante para os produtores rurais. Ao destacar as características únicas de seus produtos, como a qualidade, o sabor, a origem e a forma de produção, o agricultor pode conquistar a confiança dos consumidores e obter preços mais justos por sua produção.
A valorização dos produtos locais pode ser feita por meio de ações de marketing, da participação em feiras e eventos, da criação de marcas e selos de qualidade ou da venda direta ao consumidor. Essa estratégia exige investimento em comunicação e em relacionamento com o cliente, mas pode trazer resultados expressivos, fortalecendo a economia local e valorizando o trabalho dos produtores rurais.