Como não poderia deixar de acontecer, também os fabricantes de masterbatches têm seus negócios negativamente impactados pelas atuais atribulações da economia brasileira. Porém, relativamente aos distribuidores de resinas, eles parecem contar com vantagens decorrentes de fatores como a possibilidade de desenvolvimento de novos produtos e exploração de nichos mais específicos, além da exportação.
Na Cromex, por exemplo, o lançamento de novos produtos vem sendo fundamental para a geração de novos negócios no mercado dos masterbatches, conta a gerente de vendas Elisangela Melo. Entre esses lançamentos, ela inclui a linha de masterbatches fosforecentes com quatro tonalidades (azul, verde, lilás e laranja) e a nova linha para sacolas plásticas.
Tais sacolas, reconhece Elisangela, são hoje produzidas em menor escala, em virtude da crescente preocupação com o meio ambiente (e o consequente surgimento de regulamentações). “Mas ao mesmo tempo surgiram novas oportunidades nesse mercado, pela consolidação de novas cores, como o cinza e o novo tom de verde utilizados nas sacolas biodegradáveis”, ressalta.
Além disso, com o dólar mais valorizado frente ao real, a Cromex vem conseguindo novamente estabelecer uma trajetória ascendente para sua atividade exportadora, hoje realizada principalmente para países da América Latina, África e Europa, e já responsável por algo entre 20% e 25% de seus negócios. “Esse índice já foi maior, mas vem crescendo novamente, até porque estamos investindo no mercado externo, inclusive contratamos um novo agente para atuar no mercado europeu”, relata Elisangela.
Já a Cristal Master aposta na conquista de novos clientes e, nesse processo, aloca como ativo bastante relevante uma equipe na qual atuam cerca de vinte profissionais, em dois laboratórios localizados em Joinville-SC e Itupeva-SP, capazes de auxiliar os clientes no desenvolvimento de produtos e projetos.
Agronegócios e indústria alimentícia são os setores que melhor estão respondendo a essa atividade de prospecção, conta Luiz Carlos Reinert dos Santos, proprietário e diretor geral da Cristal Master. “Mas ainda podemos conquistar novos clientes nos mais diversos setores, pois a empresa é ainda bastante nova”, ele comenta. “Preço e qualidade são hoje indispensáveis para vender, e para se diferenciar é necessário oferecer também serviços”, acrescenta.
Mais nuvens no horizonte – Se pode contribuir para incrementar o potencial exportador dos fabricantes de masterbatches, o contínuo e intenso encarecimento do dólar ao mesmo tempo complica bastante o desempenho dessas empresas, especialmente no mercado interno, responsável pela maior parte de suas receitas, pois suas matérias-primas são em grande parte provenientes de outros países, caso dos pigmentos, mas também de muitas resinas. E, na atual conjuntura recessiva da indústria, não é nada simples repassar essa elevação dos custos das matérias-primas para os preços finais.
Nos masterbatches brancos, especifica Elisangela, esse impacto do dólar é sentido de maneira mais aguda, pois neles o dióxido de titânio que é atrelado ao dólar pode ter uma participação próxima a 70% da composição final. “Mas é difícil repassar essa alta também para os outros produtos, vindo a seguir, em ordem decrescente de dificuldade, os pretos (com negro de fumo), os coloridos, depois os aditivos e os compostos”, elenca a gerente da Cromex.
Além disso, ela salienta, os custos estão pressionados também por outros fatores, como o encarecimento da energia, e a dificuldade de reajustar os preços fica ainda mais complexa por haver hoje uma acirrada concorrência nesse setor. “Com isso, o mercado doméstico fechará com queda no consumo, e muito pressionado em suas margens”, avalia.
No decorrer deste ano, o consumo por masterbatches diminuiu acentuadamente não apenas no segmento das sacolas, mas também em setores como fabricação de linha branca, indústria automotiva e construção civil. Já no mercado da higiene pessoal e beleza, o desempenho se manteve um pouco mais favorável. E a Cromex, projeta Elisangela, obterá este ano um faturamento similar ao auferido em 2014. “O mercado externo tem contribuído mais para esse resultado que o doméstico”, avalia.
Por sua vez, a Cristal Master deve este ano angariar um faturamento cerca de 8% ou 9% superior ao registrado em 2014, prevê Santos. Mas ele não demonstra satisfação com esse resultado. “Nosso planejamento para este ano previa mais, esperávamos um crescimento de pelo menos 20%”, conta o proprietário da empresa. “E investimos para esse crescimento maior, adquirimos uma nova extrusora automatizada para 1,2 mil kg/hora, compramos uma nova máquina de corte e concluímos no ano passado o investimento no laboratório de Itupeva”, complementa.
A empresa, conta Santos, pode produzir mensalmente 1,5 mil toneladas de masterbatches, mas no momento ocupa apenas 60% dessa capacidade. E, ao menos a curto prazo, ele não visualiza perspectivas de cenário mais favorável ao desenvolvimento de seus negócios. “Acho que a primeira metade de 2016 será o fundo do poço da economia brasileira”, lamenta Santos. “O desemprego cresceu, mas por enquanto ainda circula algum dinheiro na economia, proveniente das indenizações trabalhistas; no primeiro semestre do próximo ano nem isso haverá”, justifica.