Resultados Monstruosos, Mudanças Tímidas: Um Olhar Sobre a Gestão e Futuro da Embrapa
Histórico e Ascensão de Silvio Crestana
Silvio Crestana, uma figura respeitada na área de pesquisa agropecuária, chocou muitos ao assumir a presidência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em 2005. Recomendado por contatos influentes e com a bênção do ministro da Agricultura da época, Roberto Rodrigues, Crestana rapidamente mostrou sua competência técnica e habilidades políticas. Durante seu mandato, que se estendeu até 2009, Crestana liderou a maior estatal de pesquisas do Brasil, reportando-se a três ministros durante os mandatos do presidente Lula. Seu forte compromisso com a inovação colocava constantemente a Embrapa em destaque no cenário nacional. No entanto, apesar de seus esforços e conquistas passadas, os desafios que agora rondam a instituição são notáveis e persistem sem sinais de resolução iminente.
Retorno ao Cenário: Propostas para a "Embrapa do Futuro"
Com a eleição de Lula em 2022, Crestana foi novamente convidado a assumir a presidência da Embrapa. Embora tenha recusado, ele aceitou contribuir com um projeto inovador – a "Embrapa do Futuro". Em conjunto com renomados especialistas, Crestana se empenhou na elaboração de um diagnóstico abrangente e na formulação de recomendações estratégicas para a instituição.
O projeto, cuidadosamente desenhado em colaboração com Roberto Rodrigues, Guedes Pinto, Ana Célia Castro e Pedro Camargo Neto, apresentou um plano focado não apenas na sobrevivência, mas também no crescimento sustentável da organização. Contudo, a situação permanece crítica, e os desafios seguem, em grande parte, intocados.
Síntese das Diretrizes: O Alvo das Recomendações
Crestana e sua equipe delinearam quatro pilares fundamentais para a revitalização da Embrapa, abordando questões de enorme relevância para o futuro da agropecuária brasileira. O primeiro desses pilares envolve a determinação das prioridades para a pesquisa agropecuária, com ênfase nas mudanças climáticas e seus impactos imediatos no setor agrícola. Eventos climáticos extremos se tornam cada vez mais frequentes, exigindo soluções inovadoras e adaptativas.
O segundo pilar aponta para uma transformação urgente no modelo de gestão. A Embrapa do presente, de acordo com Crestana, não tem condições de responder adequadamente às demandas da sociedade e do mercado global. A burocracia e a centralização sufocam a tomada de decisões eficazes, uma crítica contundente que ecoa intensamente nos corredores da instituição.
Os Caminhos da Descentralização e Sustentabilidade Financeira
A estrutura administrativa e financeira da Embrapa também foi objeto de atenção do grupo de notáveis. Propostas para descentralizar a gestão administrativa e jurídica buscam dotar a instituição de maior agilidade, adaptando-a aos desafios contemporâneos. Além disso, a sustentabilidade financeira é um ponto crítico. Dependente atualmente de um orçamento público limitado, Crestana sugere que novos modelos de financiamento sejam implementados, promovendo uma maior autonomia financeira e estimulando parcerias público-privadas.
A Crise Atual: Um Chamado à Ação Imediata
O estado de crise institucional da Embrapa é um despertar para o governo e a sociedade. Começando o ano de 2025 com um déficit de R$ 200 milhões e sob iminência de cortes, esta realidade exige uma abordagem corajosa e imediata. Crestana enfatiza que é necessário reconhecer esta crise e, mais do que isso, agir com decisão e urgência.
Reações e Caminhos Futuros: Expectativas e Incertezas
Apesar das recomendações incisivas e da entrega do relatório ao Ministério da Agricultura, a resposta institucional tem sido decepcionantemente ausente. Até o momento, nenhuma iniciativa concreta foi tomada, o que aumenta a frustração daqueles que veem na Embrapa um pilar fundamental para o desenvolvimento do agronegócio e da ciência no Brasil. Uma correspondência recente da atual presidente, Silvia Massruhá, oferece algum vislumbre de esperança, sinalizando que parte das recomendações do relatório está gradualmente sendo incorporada.
Conclusão: Um Futuro Ameaçado, mas Promissor
Retornando à sua posição na Embrapa Instrumentação, Crestana carrega consigo a determinação de ver suas propostas implementadas, enquanto mantém um olhar vigilante sobre o progresso, ou a falta dele. A preocupação não é infundada: os desafios contínuos exigem não apenas atenção, mas ação decidida e colaborativa. Sem ela, as palavras de Crestana ressoam como um aviso urgente – os desafios são monstruosos, e a mudança imperativa. A esperança reside em que esses avanços não sejam apenas planejados, mas realizados, garantindo que a Embrapa continue sua trajetória de relevância e sucesso no cenário internacional.
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