Frango brasileiro retoma voo: exportações perto de 400 mil t e portas abertas a novos mercados

Frango brasileiro retoma voo: exportações perto de 400 mil t e portas abertas a novos mercados

As exportações brasileiras de carne de frango voltaram a ganhar ritmo em julho de 2025 e ficaram perto da marca de 400 mil toneladas. O avanço ocorre após reacomodação do mercado externo e recomposição de pedidos em destinos estratégicos. O desempenho mensal ainda fica abaixo do registrado um ano antes, mas mostra melhora consistente frente a junho, quando o setor sentiu efeitos de suspensões temporárias impostas por alguns países. O movimento reacende a disputa por espaço nas prateleiras internacionais e reposiciona o Brasil na comparação mensal entre os grandes fornecedores globais de proteína de frango.

Frango brasileiro recupera fôlego nas exportações e se aproxima das 400 mil toneladas

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os embarques de carne de frango — considerando todos os produtos, entre in natura e processados — somaram 399,7 mil toneladas em julho de 2025. O volume é 13,8% menor do que o enviado em julho de 2024, quando foram registradas 463,7 mil toneladas. Na comparação com junho de 2025, porém, houve alta de 16,4%, partindo de 343,4 mil toneladas. A leitura conjunta dos números indica retomada do fluxo mensal, ainda que a base interanual permaneça pressionada por um primeiro semestre mais volátil.

A receita cambial de julho somou US$ 737,8 milhões. O valor é 17% inferior ao de julho de 2024 (US$ 889,2 milhões), mas supera em 15,8% o resultado de junho de 2025 (US$ 637 milhões). Em outras palavras, houve alívio tanto no volume quanto no faturamento em relação ao mês imediatamente anterior, reforçando sinais de recomposição dos contratos e de normalização de embarques após as restrições pontuais registradas no trimestre anterior.

O que explica os números de julho

O desempenho de julho reflete a reabertura de mercados que haviam suspendido as compras de alguns estabelecimentos brasileiros diante de um episódio isolado e já superado de Influenza Aviária em granja comercial. A entidade setorial relata que grande parte das tratativas evoluiu nas últimas semanas, permitindo a recomposição de agendas de inspeção, o reenquadramento de plantas elegíveis e a retomada de licenças de importação. Na prática, isso significou mais navios, mais contêineres e maior regularidade de liberações nos principais portos de destino, elementos decisivos para o crescimento de 16,4% frente a junho.

De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, o comércio foi restabelecido com a maior parte das nações que haviam interrompido temporariamente as compras. A avaliação do setor é que mais de 50 mil toneladas retornaram ao fluxo de exportação, número coerente com a diferença entre junho e julho observada nas estatísticas. O avanço não anula a base mais alta de 2024, mas sinaliza que a recomposição deve continuar nos próximos meses conforme mais mercados concluam seus processos internos de revalidação sanitária e normalizem cadastros de fornecedores.

Volume, preço e mix: como a conta fechou no mês

O resultado de julho foi construído por três vetores: volume, preços médios e mix de produtos. No volume, a recuperação mês a mês elevou a ocupação de plantas e deu tração às linhas de abate e desossa, com impacto direto na disponibilidade para contratos spot e programados. No preço, a combinação de câmbio, custos logísticos e prêmios por especificações sanitárias formou uma curva heterogênea entre destinos, com alguns países pagando melhor por cortes nobres e produtos processados e outros repondo estoques com frango inteiro e cortes básicos.

O mix também pesou. Na janela em que foram retomadas compras, importadores tradicionalmente focados em cortes específicos voltaram a demandar volumes regulares, enquanto mercados sensíveis a preço redefiniram pedidos para formatos que otimizam armazenamento e distribuição. Essa engenharia de portfólio amenizou a queda de 17% na receita frente a julho de 2024 e sustentou a alta de 15,8% ante junho, mesmo sem uma escalada de preços suficiente para zerar a diferença anual. Em síntese, julho mostra um setor ajustando oferta e perfil de produtos à realidade de cada cliente.

Desempenho por destino: quem comprou mais

Os Emirados Árabes Unidos lideraram as aquisições de julho, com 51,7 mil toneladas, alta de 33,6% na comparação anual. O resultado confirma a força da demanda da região por frango brasileiro com requisitos de abate específicos e entrega previsível. Na sequência aparece o Japão, com 42,9 mil toneladas, queda de 9,3% ante julho do ano passado, movimento compatível com uma base elevada e com ajustes internos de consumo e estoque. O México, com 36,4 mil toneladas, avançou 45,6% e manteve a tendência de diversificação de fornecedores, enquanto a Arábia Saudita comprou 31,4 mil toneladas, 19,7% acima do mesmo mês de 2024.

Entre os demais destinos, Angola importou 16,1 mil toneladas, um salto de 68,7% na variação anual, e Singapura levou 13,6 mil toneladas, alta de 8,8%. O Reino Unido somou 12,7 mil toneladas, crescimento de 84,3%, e o Kuwait registrou 11,6 mil toneladas, expansão de 13,3%. Gana comprou 10,9 mil toneladas, avanço de 131,1%, e Hong Kong, 10,2 mil toneladas, alta de 72,5%. Esses números mostram que a recomposição não ficou restrita a uma única praça. Houve difusão do aumento entre mercados com perfis distintos de consumo, logística e exigências técnicas, o que reduz a dependência de um único destino e espalha o risco comercial.

  • Emirados Árabes Unidos: 51,7 mil t (+33,6% vs. jul/2024)
  • Japão: 42,9 mil t (-9,3%)
  • México: 36,4 mil t (+45,6%)
  • Arábia Saudita: 31,4 mil t (+19,7%)
  • Angola: 16,1 mil t (+68,7%)
  • Singapura: 13,6 mil t (+8,8%)
  • Reino Unido: 12,7 mil t (+84,3%)
  • Kuwait: 11,6 mil t (+13,3%)
  • Gana: 10,9 mil t (+131,1%)
  • Hong Kong: 10,2 mil t (+72,5%)

A leitura por destino ajuda a entender o mapa da demanda neste momento. Países do Oriente Médio e da Ásia mantêm forte participação, com destaque para compradores que valorizam previsibilidade, certificações e padrão de cortes. Mercados africanos voltaram a crescer com força na comparação anual, indicando recomposição de estoques e condições de câmbio e frete mais favoráveis em parte das rotas. No bloco europeu, o Reino Unido chama atenção pelo salto percentual, sinal de contratos robustos e janela de oportunidades para produtos com maior valor agregado.

Estados líderes e a origem dos embarques

O Paraná segue como maior estado exportador. Em julho, os frigoríficos paranaenses embarcaram 152,1 mil toneladas, queda de 19,2% na comparação anual. O recuo frente a 2024 reflete ajustes de calendário de produção e revisões de pedidos em contratos de longo prazo. Santa Catarina aparece em segundo lugar, com 95,3 mil toneladas, retração de 7,6% na mesma base. No Rio Grande do Sul, foram 46,2 mil toneladas, baixa de 22,5%, resultado associado à menor disponibilidade momentânea de animais prontos para abate e a um mix mais conservador de produtos para alguns mercados.

São Paulo embarcou 26,8 mil toneladas, alta de 3,8% em relação a julho do ano passado, apoiado em linhas industriais voltadas a produtos específicos e em ganhos logísticos em corredores rodoviários e portuários. Goiás registrou 22,8 mil toneladas, avanço de 4,2%, reforçando a importância da expansão geográfica da oferta. A distribuição por estado evidencia a capilaridade da cadeia e a capacidade de realocar volumes entre plantas conforme disponibilidade, demanda externa e custos de frete.

  • Paraná: 152,1 mil t (-19,2%)
  • Santa Catarina: 95,3 mil t (-7,6%)
  • Rio Grande do Sul: 46,2 mil t (-22,5%)
  • São Paulo: 26,8 mil t (+3,8%)
  • Goiás: 22,8 mil t (+4,2%)

A recomposição mensal frente a junho foi percebida em todas as regiões com vocação exportadora. As empresas priorizaram o atendimento de contratos com penalidades por atraso e redirecionaram parte do produto originalmente previsto para mercados ainda em processo de reabertura. Esse ajuste fino exigiu planejamento de escalas, coordenação entre granjas integradas e transportadores e um esforço adicional dos times de comércio exterior para a emissão de certificados e gestão de janelas de embarque.

No acumulado do ano: recuo leve no volume, avanço na receita

Entre janeiro e julho de 2025, as exportações de carne de frango totalizam 3 milhões de toneladas. O dado representa queda de 1,7% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram embarcadas 3,052 milhões de toneladas. Apesar do recuo no volume, a receita acumulada subiu 1,5%, somando US$ 5,609 bilhões ante US$ 5,525 bilhões um ano antes. A combinação de variações de preço, composição de mercados e produtos com maior valor agregado explica esse desencontro entre toneladas e dólares.

A fotografia do ano até julho confirma um setor resiliente diante de choques temporários. Houve momentos de maior cautela dos importadores, viagens técnicas e auditorias solicitadas por autoridades estrangeiras. Ainda assim, a indústria preservou capacidade operacional e manteve a regularidade de fornecimento aos principais clientes. Com a aproximação do último quadrimestre, a praxe é de encomendas para períodos de maior consumo em alguns destinos, o que pode sustentar o calendário de produção caso as condições sanitárias e logísticas permaneçam estáveis.

Sanidade e protocolos: lições do episódio recente

O episódio isolado de Influenza Aviária em granja comercial, já superado, deixou lições práticas. No curto prazo, evidenciou a importância de comunicação célere entre empresas, autoridades e clientes externos para demonstrar rastreabilidade, delimitar áreas de controle e comprovar ausência de risco em outras regiões produtoras. A padronização de relatórios, a atualização de cadastros oficiais e a transparência na troca de informações técnicas foram decisivas para acelerar a reabertura de mercados e destravar licenças pendentes.

No dia a dia, as plantas reforçaram protocolos de biossegurança na recepção de veículos, no trânsito de pessoal e na higienização de equipamentos. Transportadores e granjas integradas adotaram rotas de menor risco quando possível e intensificaram registros fotográficos e documentais de cargas em trânsito. A meta comum foi evitar novas interrupções e oferecer aos importadores segurança operacional e documental para sustentar o ritmo de compras. Esses procedimentos, já tradicionais na cadeia, ganharam nova camada de controle para atender exigências adicionais de alguns destinos.

Logística e portos: o caminho até o cliente final

A recuperação mensal em julho também dependeu de logística mais fluida. Com a volta de parte dos pedidos, empresas negociaram janelas de atracação e reforçaram contratos de contêiner refrigerado. A coordenação entre terminais, armadores e despachantes ajudou a reduzir gargalos em períodos de pico. O reflexo aparece em prazos de trânsito mais previsíveis e na consolidação de cargas com menor ociosidade, fatores que fazem diferença no custo final do produto e na confiança do importador, especialmente em operações que envolvem múltiplos transbordos.

No interior, a sincronização entre granjas, fábricas de ração e plantas foi essencial para manter cadência de abate compatível com os cronogramas de embarque. Rotas foram ajustadas para otimizar quilometragem, e equipes de manutenção priorizaram disponibilidade de equipamentos críticos de frio e armazenagem. A robustez desse arranjo logístico é um dos elementos que sustentam a competitividade do produto brasileiro, sobretudo quando compradores exigem entregas sequenciais e com pouca margem para atrasos.

Custos, câmbio e contratos: variáveis que moldam o preço

O preço final exportado resulta da interação entre custos internos, taxa de câmbio e termos de cada contrato. Em momentos de recomposição de demanda, a disputa por contêiner e navio pode pressionar fretes em algumas rotas, enquanto outras se beneficiam de maior oferta de espaço. Esse vai e vem influencia a margem das empresas e a estratégia de formação de preço por produto e destino. Em paralelo, as negociações costumam contemplar cláusulas de ajuste para cenários de variação cambial relevante no intervalo entre pedido e embarque.

No campo, custos de alimentação — baseados principalmente em milho e farelo de soja — afetam a conta do produtor integrado e, por consequência, o custo industrial. A eficiência na conversão alimentar e a gestão de estoques ajudam a suavizar picos de preço de insumos. Na indústria, ganhos de rendimento de carcaça, redução de perdas e melhor aproveitamento de cortes e subprodutos reforçam a competitividade. Quando esses fatores se combinam com demanda externa aquecida, a receita em dólares tende a responder de forma mais intensa, mesmo com volume estável.

Mudanças no mix: inteiro, cortes e processados

A pauta de vendas de julho indica que o mix segue como alavanca relevante de resultado. Mercados com tradições culinárias específicas demandam cortes com padronização rigorosa e especificações adicionais, o que, em geral, paga prêmios por qualidade e regularidade. Já destinos com forte apelo de preço priorizam frango inteiro congelado e cortes de alto giro. Entre esses dois extremos, há espaço para produtos processados, com valor agregado, que atendem redes de food service e varejo com necessidades de padronização e shelf life mais longo.

Essa combinação permitiu ao setor recompor faturamento na passagem de junho para julho sem depender exclusivamente de aumentos generalizados de preço. Ao alinhar a oferta de cada planta à carteira de clientes e às exigências de cada canal, as empresas maximizam rendimento industrial e utilizam melhor a capacidade frigorífica. Em momentos de oscilação de demanda, essa flexibilidade de mix é um diferencial competitivo que reduz sobras e perdas e mantém os contratos ativos.

Como ficam os contratos com mercados em reabertura

A reabertura de mercados após suspensões temporárias costuma ocorrer em etapas. Primeiro, há a liberação de plantas específicas, acompanhada de requisitos adicionais de documentação. Depois, vêm autorizações mais amplas, que permitem retomar o planejamento de longo prazo. Nesse intervalo, os contratos passam por reprogramação de entregas e ajustes de volumes, com eventuais trocas de cortes conforme a disponibilidade industrial. Em julho, esse mecanismo ficou mais visível à medida que países anunciaram novas listas de estabelecimentos aptos a embarcar.

Para o importador, a confirmação de elegibilidade e a estabilidade de cronogramas são determinantes. Para o exportador, a previsibilidade reduz o custo de oportunidade de manter produtos estocados à espera de autorizações. A convergência entre essas duas necessidades favorece a retomada gradual vista nas estatísticas do mês. Ao manter diálogo técnico com auditorias e cumprir prazos de inspeção e certificação, empresas e autoridades minimizam ruídos que poderiam se traduzir em atrasos e multas contratuais.

Perguntas e respostas rápidas

O que mudou de junho para julho? Houve aumento de 16,4% no volume embarcado, de 343,4 mil para 399,7 mil toneladas. A receita também subiu 15,8%, de US$ 637 milhões para US$ 737,8 milhões. O movimento reflete reaberturas e recomposição de pedidos em mercados que haviam suspendido temporariamente as compras. A base anual ainda é inferior à de 2024, mas a curva mensal indica retomada.

Por que a receita caiu na comparação anual? A receita de julho ficou 17% abaixo da de julho de 2024, influenciada por uma combinação de preços médios, mix de produtos e dinâmica de fretes. Parte dos contratos priorizou regularidade de fornecimento e recuperação de volumes frente ao mês anterior, o que nem sempre se traduz em preços mais altos de imediato. Ainda assim, a evolução de junho para julho mostra reação do faturamento.

  • Volume de julho de 2025: 399,7 mil t
  • Variação vs. junho de 2025: +16,4%
  • Variação vs. julho de 2024: -13,8%
  • Receita de julho de 2025: US$ 737,8 milhões
  • Variação de receita vs. junho de 2025: +15,8%
  • Variação de receita vs. julho de 2024: -17%

Quais destinos puxaram a retomada? Os Emirados Árabes Unidos lideraram as compras e cresceram 33,6% na comparação anual. O México manteve ritmo forte, com alta de 45,6%. A Arábia Saudita também avançou, enquanto países africanos, como Angola e Gana, apresentaram saltos expressivos. O Reino Unido registrou expansão relevante, sinalizando janela favorável para produtos com especificações determinadas.

Como está o ano de 2025 até julho? O acumulado soma 3 milhões de toneladas, com queda de 1,7% frente a 2024. A receita, por sua vez, avançou 1,5% no período, chegando a US$ 5,609 bilhões. O desempenho aponta ajustes no mix, contratos mais seletivos e recomposição gradual de mercados que tiveram compras temporariamente interrompidas no primeiro semestre.

Efeitos na cadeia produtiva: do campo à indústria

Para o produtor integrado, a agenda de julho exigiu atenção redobrada ao planejamento de lotes. A retomada de embarques demanda sincronismo entre idade das aves, escala de abate e disponibilidade de transporte. A redução de cancelamentos ou postergações ajuda a melhorar a taxa de ocupação dos galpões e a previsibilidade de pagamento. Ao mesmo tempo, a indústria ajusta turnos e prioriza linhas com maior demanda externa, mitigando custos fixos e aproveitando melhor a mão de obra especializada.

No ambiente fabril, o mês trouxe desafios operacionais de reprogramação. A chegada de pedidos reativados, muitas vezes com prazos apertados, exigiu flexibilidade para alternar entre cortes e processados. A logística interna — da câmara fria ao pátio — precisou de cadência firme para atender contêineres em horários definidos. Esse conjunto de ajustes explica, em parte, como o setor conseguiu aumentar o volume embarcado em relação a junho sem perder qualidade e regularidade.

Mercados em destaque: Oriente Médio, Ásia e África em evidência

Os números de julho reforçam a relevância do Oriente Médio e da Ásia no mapa das exportações. São regiões que combinam grande população urbana, canais de distribuição consolidados e preferência por produtos com certificações específicas. O resultado dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita ilustra esse movimento. O Japão, apesar da queda anual, segue como comprador consistente, com exigências técnicas claras e foco em cortes padronizados, o que favorece a previsibilidade de contratos ao longo do ano.

A África voltou a ganhar espaço, com Angola e Gana em destaque pelos crescimentos expressivos. Essa demanda costuma ser sensível a preço e logística, e tende a oscilar conforme disponibilidade de câmbio, estoques locais e operação portuária. A presença do Reino Unido entre os destaques indica oportunidade para avançar em produtos com maior processamento, embalagens específicas e contratos de fornecimento contínuo com redes de varejo e food service.

Calendário de compras e sazonalidade: o que observar adiante

O segundo semestre costuma trazer janelas de compra relacionadas a eventos e picos de consumo em diferentes países. Para 2025, a expectativa do setor é que a consolidação das reaberturas vista em julho permita um trimestre seguinte com programação mais previsível de embarques. A manutenção do ritmo dependerá do andamento de auditorias sanitárias, da disponibilidade de contêineres refrigerados e do apetite dos importadores por recomposição de estoques até o fim do ano.

No curto prazo, a atenção recai sobre prazos de emissão de certificados, dinâmica de fretes e andamento das inspeções pendentes em alguns destinos. Empresas que conseguirem alinhar produção, documentação e logística com antecedência terão vantagem. O desempenho de julho sugere que há espaço para manter volumes próximos do patamar observado, desde que não ocorram novos choques operacionais ou sanitários.

Métricas de eficiência: o que guia a competitividade no embarque

Além dos grandes números, indicadores internos ajudam a explicar a performance de julho. O aproveitamento industrial, medido por rendimento de carcaça e taxa de refugo, impacta diretamente a capacidade de atender contratos com cortes específicos. Já o lead time entre pedido, produção e embarque determina a possibilidade de capturar janelas de frete mais vantajosas. A integração entre vendas, planejamento e operações reduz gargalos e eleva a taxa de sucesso em embarques dentro do prazo contratado.

No comércio exterior, a acurácia documental — desde certificados de origem até faturas e packing lists — continua sendo diferencial. Erros de digitação ou divergências de código geram retenções e custos extras. Em julho, com o retorno de cargas a destinos que estavam em revisão, a atenção a esses detalhes foi redobrada. O ganho é incremental, mas se acumula na forma de menos demurrage, menos armazenagem e melhor rotação de contêineres.

Leituras por produto: demanda por cortes e oportunidades nos processados

A recomposição de julho trouxe sinais de que a demanda por cortes segue sólida em destinos que remuneram padronização e constância. Produtos como coxa, sobrecoxa e peito com especificações de gramatura e trimming encontram espaço estável em canais de food service. Já o frango inteiro congelado tem aderência em mercados que priorizam preço e facilidade de distribuição. Em paralelo, produtos processados mantêm apelo em países com cadeias de varejo estruturadas, prontos para aquecimento e porções individuais.

Para a indústria, a leitura por produto orienta decisões táticas. Em momentos de retomada, pode ser vantajoso privilegiar itens com giro rápido e menor complexidade de certificação para acelerar fluxo de caixa, ao mesmo tempo em que se preservam linhas de maior valor agregado para contratos premium. Em julho, a soma dessas escolhas contribuiu para a melhora da receita na comparação com junho e mostrou que há espaço para calibrar portfólio sem abrir mão de margens.

Sinais do mercado e pontos de atenção

Os números de julho deixam um recado claro: a demanda internacional por carne de frango brasileira segue presente, embora sujeita a ajustes pontuais por questões sanitárias e logísticas. A recomposição de mais de 50 mil toneladas em um mês sugere que os pedidos estavam represados e foram gradualmente liberados. Países que lideram a compra valorizam regularidade e comunicação técnica eficiente, elementos que se mostraram decisivos para destravar o comércio após as suspensões temporárias.

Do lado interno, a capacidade de manter cadência de produção com disciplina operacional e planejamento de embarques segue sendo o principal antídoto contra volatilidade. Enquanto persistirem as janelas de inspeção e os cronogramas de reabertura, o setor deve continuar combinando flexibilidade de mix, foco em destinos de maior valor e atenção às rotas logísticas mais previsíveis. Com isso, a indústria tende a sustentar a trajetória de recuperação mensal observada em julho, preservando participação nos principais mercados compradores e buscando margens por meio de eficiência e gestão de contratos.



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