Frigoríficos: quem deve se destacar nos balanços do 2º trimestre de 2025, segundo o mercado financeiro.

Frigoríficos: quem deve se destacar nos balanços do 2º trimestre de 2025, segundo o mercado financeiro.

Especialistas apontam que a pressão inflacionária e a volatilidade nos preços de commodities como milho e soja devem impactar diretamente os resultados do setor de frigoríficos. Esses insumos são cruciais na cadeia produtiva, e suas flutuações de preço afetam o custo final da produção de carnes. Além disso, a diversificação geográfica das empresas surge como um fator crucial para preservar receitas diante das incertezas do mercado.

JBS: perfil mais equilibrado

A JBS, com uma presença consolidada em diversos mercados internacionais, é vista por Thiago Calestine, economista e sócio da Dom Investimentos, como uma das empresas mais bem posicionadas para lidar com as oscilações do mercado e capitalizar sobre a demanda global por proteínas, que tem demonstrado resiliência em regiões com crescimento no consumo. “A escala e a diversificação da JBS proporcionam um perfil mais estável para esta temporada de balanços, o que pode resultar em um desempenho relativamente superior”, afirma Calestine.

As projeções da XP Investimentos para a JBS indicam um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 8,7 bilhões. Esse valor representa uma queda de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior e está 11% abaixo do consenso do mercado. O relatório da corretora destaca que as unidades de proteína processada de frango (PPC) e Austrália devem apresentar resultados robustos, impulsionados por preços elevados e condições de mercado favoráveis. Por outro lado, o segmento de carne bovina nos Estados Unidos deve enfrentar dificuldades, com margens reduzidas devido à diminuição dos spreads.

Desafios e Oportunidades na JBS

Rogério de Andrade, especialista em mercado internacional, prevê que a divisão Seara da JBS será impactada pelo surto de gripe aviária no Brasil no 2T25. Esse surto levou à suspensão das exportações e à consequente queda dos preços no mercado doméstico. “A operação brasileira da JBS deve se beneficiar de uma oferta de gado melhor do que o esperado, enquanto os negócios de suínos nos EUA podem apresentar margens menores, apesar da melhora nos custos da ração”, explica Andrade.

O Itaú BBA projeta um segundo trimestre com resultados mistos para a JBS, estimando um Ebitda consolidado de R$ 8,9 bilhões, o que representa uma queda de 10,1% em comparação com o mesmo período de 2024. O banco destaca o desempenho fraco das operações de carne bovina e suína nos Estados Unidos como um fator que deve pressionar os resultados da empresa. Em contrapartida, o segmento de aves e a unidade Seara no Brasil devem atenuar as perdas. A expectativa é que o Ebitda da operação bovina na América do Norte registre uma margem de -2,5%, enquanto as margens do segmento de suínos nos EUA devem ficar pressionadas, estimadas em 7,9%, abaixo do intervalo histórico.

O Goldman Sachs, em uma perspectiva mais otimista, revisou para cima sua previsão trimestral de Ebitda consolidado para a JBS em 4%, após os resultados positivos da Pilgrim’s, empresa que faz parte do grupo JBS. Apesar das projeções de um período prolongado de baixa no ciclo da carne bovina, conforme apontado pela concorrente Tyson, o banco acredita que a JBS já está considerando uma recuperação mais lenta em suas estimativas. O Goldman Sachs mantém sua visão de que a JBS apresenta um dos perfis de risco-retorno mais atraentes no mercado global de proteínas, sendo negociada com um desconto em relação à Tyson, o que aumenta a atratividade de suas ações.

Marfrig: trimestre desafiador com sinais de recuperação

A XP Investimentos prevê um trimestre fraco para a Marfrig (MRFG3), embora com um desempenho superior aos seus concorrentes no setor. A National Beef, nos Estados Unidos, deve apresentar uma melhora sequencial na margem, impulsionada pela temporada de churrasco, que começou mais tarde este ano. Apesar de um início lento no trimestre, os analistas esperam uma compressão sequencial da margem na América do Sul, embora ela deva permanecer acima das margens de outras empresas listadas, mantendo-se em território de dois dígitos. A receita líquida da Marfrig deve atingir R$ 22,5 bilhões, representando um aumento de 14% em comparação com o ano anterior, enquanto o Ebitda ajustado deve cair 34% na mesma base, chegando a R$ 538 milhões. Ao incluir os resultados da BRF, o Ebitda ajustado consolidado projetado é de R$ 2,9 bilhões, uma queda de 17% ano a ano.

O Goldman Sachs elevou em 10% sua previsão de Ebitda trimestral consolidado para a Marfrig, estimando agora em R$ 3 bilhões. Essa revisão positiva é atribuída principalmente ao segmento de frango da BRF, que demonstrou maior resiliência do que o esperado diante do surto temporário de gripe aviária. Nos Estados Unidos, a National Beef deve manter uma rentabilidade marginalmente positiva, com uma margem Ebitda de 0,5% no trimestre. O banco observa que a América do Sul se beneficia do forte momento no segmento de carne bovina, com o poder de precificação sustentando margens estáveis de dois dígitos.

Impacto da BRF nos Resultados da Marfrig

A aquisição da BRF pela Marfrig traz consigo tanto desafios quanto oportunidades. A integração das operações e a busca por sinergias são cruciais para o sucesso dessa união. A diversificação do portfólio de produtos e a expansão para novos mercados podem impulsionar o crescimento da Marfrig no longo prazo. No entanto, a empresa precisa lidar com a complexidade da gestão de diferentes unidades de negócios e garantir a eficiência operacional em todas as áreas.

Analistas do setor destacam que a Marfrig precisa focar em aprimorar a gestão da BRF, buscando otimizar custos e aumentar a eficiência da produção. A empresa também deve investir em inovação e desenvolvimento de novos produtos para atender às demandas dos consumidores. A expansão para mercados emergentes, como a Ásia, pode ser uma estratégia interessante para diversificar as fontes de receita e reduzir a dependência do mercado americano.

Gripe aviária afeta o desempenho da BRF

No que diz respeito à BRF, a XP Investimentos projeta resultados considerados aceitáveis, mesmo diante do impacto do surto de gripe aviária no trimestre. A corretora destaca que o desempenho da empresa deve ser sustentado principalmente pela forte demanda no mercado brasileiro, com um crescimento de 6% nos volumes vendidos em relação ao trimestre anterior. A demanda interna conseguiu compensar a queda nas exportações, que foram afetadas pelas questões sanitárias relacionadas à gripe aviária. No entanto, o excesso de oferta no mercado doméstico pressionou os preços para baixo.

A XP Investimentos aponta que o custo dos produtos vendidos por quilo permaneceu estável, mas a receita internacional foi impactada negativamente pela gripe aviária, pela redução de volumes e pela valorização cambial. Esses fatores combinados levaram a um Ebitda ajustado projetado de R$ 2,3 bilhões, o que representa uma queda de 16% em relação ao trimestre anterior.

Revisão das Estimativas para a BRF

O Goldman Sachs atualizou seu modelo para a BRF, elevando em média 5% as estimativas de Ebitda para o período de 2025 até 2027. Essa revisão para cima é atribuída principalmente ao desempenho do segmento de frango da empresa, que demonstrou uma resiliência maior do que o inicialmente previsto diante do surto de gripe aviária.

Apesar dos desafios enfrentados pela BRF, o Goldman Sachs acredita que a empresa está bem posicionada para se recuperar e retomar o crescimento nos próximos trimestres. A demanda por produtos de frango deve se manter aquecida, impulsionada pelo aumento do consumo em mercados emergentes e pela crescente preferência dos consumidores por proteínas mais acessíveis. Além disso, a BRF tem investido em inovação e em aprimorar a eficiência de suas operações, o que deve contribuir para melhorar a rentabilidade da empresa no longo prazo.

Recomendação dos analistas para as ações do setor

A JBS tem atraído a atenção especial dos analistas, principalmente após sua listagem nos Estados Unidos. Thiago Calestine, da Dom Investimentos, destaca que a expectativa é que o valuation da companhia seja reclassificado, o que poderia elevar o preço-alvo das ações de R$ 48 para R$ 60. Calestine argumenta que o múltiplo implícito de Ev/Ebitda (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é de 6,0 vezes para 2025, o que torna a JBS a principal escolha no setor. O Bradesco BBI também compartilha dessa visão otimista.

A XP Investimentos mantém sua recomendação de compra para as ações da JBS, estabelecendo um preço-alvo de R$ 112,20 para o final de 2026. O Safra também identifica a JBS como a principal escolha no setor, com um preço-alvo de R$ 112 para o BDR JBSS32 e US$ 19 para a ação classe A negociada na Bolsa de Nova York (Nyse). Essa avaliação indica um potencial de alta de 41% para as ações da JBS.

Perspectivas para BRF e Marfrig

No caso da BRF, a previsão de preço-alvo permanece neutra, estável em R$ 23 por ação. A Genial Investimentos também mantém uma recomendação neutra para a BRF, com um preço-alvo de R$ 19,50. O Bank of America segue alinhado a essa visão, reiterando sua recomendação neutra e estabelecendo um preço-alvo de R$ 26 para as ações da BRF.

Para a Marfrig (MRFG3), a Genial Investimentos mantém uma recomendação de compra com um preço-alvo de R$ 26. O Bank of America reforça sua classificação neutra para a empresa, mantendo o preço-alvo também em R$ 26. As recomendações refletem a visão de que a Marfrig enfrenta desafios no curto prazo, mas tem potencial de crescimento no longo prazo, impulsionado pela integração da BRF e pela recuperação do mercado de carne bovina.

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