Impacto na indústria brasileira devido ao aumento das importações

Impacto na indústria brasileira devido ao aumento das importações



Aumento nas importações causa impacto na indústria brasileira

Nos últimos dois anos, as compras de produtos do exterior dispararam e alcançaram 23,4% do consumo nacional, a maior participação já registrada, de acordo com dados da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Há apenas nove anos, essa fatia era de apenas 15,4%.

Isso revela que a presença de produtos importados está crescendo rapidamente em alguns setores, e se aproxima do consumo de produção nacional, advindo de fabricações industriais.

Diante disso, os dados que consideram os bens de consumo e intermediários, como as peças e os insumos industriais, cooperam para uma tendência já prevista pela CNI. A perspectiva analisava os números de 2022, e anteviu a participação intensa dos importados em duas décadas de estatística.

Sendo assim, no cálculo feito pela Confederação, a participação dos produtos importados no consumo brasileiro atingiu 25,9% em 2022. Assim, representando um aumento significativo em comparação com 2019, quando a participação era de 23,4%.

O aumento nas indústrias e as causas

Quanto às associações setoriais, elas também destacam o aumento das importações em seus mercados. Uma das representantes da indústria têxtil, a Abit, revela que os importados embalados por plataformas de e-commerce na China, alcançaram 20% das compras.

Já no setor de ação, as importações no ano passado bateram um recorde de 13 anos, com 18,6% do total. Em relação aos pneus, nos últimos anos saltaram para 72% em quantidade.

Em relação aos fatores que levaram ao aumento, aponta-se, sobretudo, a desindustrialização do país. Isso acontece por conta da substituição da produção nacional por importações em decorrência de distorções no sistema tributário. Além do custo de capital elevado e das deficiências em infraestrutura.

Contudo, a condição também decorre da implementação de tecnologias que a China tem disponibilizado de maneira mais acessível. Embora ainda estejam em estágio inicial no Brasil, como no caso dos veículos elétricos.

Custos tributários e competitividade nacional

Segundo a CNI, nos últimos cinco anos, a indústria de transformação registrou um déficit comercial, variando entre US$32 bilhões e US$61 bilhões.

Isso revela que o Brasil importou mais do que exportou neste setor. Durante o mesmo período, os produtos da agropecuária e da indústria extrativa aumentaram seus superávits nas transações internacionais.

Frente a isso, o economista-chefe da Fiesp, Igor Rocha, afirma que a indústria brasileira perdeu densidade em setores de média tecnologia. Com isso, permitindo a entrada de concorrentes internacionais em uma economia mais globalizada.

Logo, Rocha frisa: “seja na questão tributária, seja no acesso a custo de capital, o Brasil avançou lentamente. Então, perdemos espaço. A indústria brasileira, devido a dificuldades, foi maltratada ao longo das últimas três décadas, carregando uma maior carga tributária entre todos os setores, o que teve impacto na competitividade”.

Em relação às ações industriais, o economista acrescenta: “As políticas industriais voltaram com muita força, mas só vão ser efetivas com os pilares de custo de capital e tributação ajustados”.

A Abal, representante da indústria de alumínio, alega que as disparidades tributárias entre produtos nacionais e importados geram preocupações sobre a exposição do Brasil, tanto a desvios de comércio quanto a práticas anticompetitivas.

Assim, a Abal destaca que, na metalurgia do alumínio, os produtos nacionais enfrentam uma carga tributária de 35,2%. Enquanto os produtos importados possuem um custo tributário menor, atingindo 22,4%.

Já no caso dos produtos transformados de alumínio, a disparidade mostra-se ainda mais acentuada, com uma carga de 34,3% para os produtos nacionais em comparação com 15,3% para os importados.

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