Indústria Têxtil: Expectativas superam uma visão clara


O novo panorama de mercado com a posse do Governo Lula: expectativas e desafios

A expectativa do setor diante das mudanças na política econômica

O novo governo tomou posse há 20 dias e ainda não apresentou as linhas mestras da sua política econômica. O mercado está aguardando por isso.

Desafios na área fiscal, retomada da indústria brasileira, agenda da sustentabilidade, acordos com a União Europeia/Mercosul e a integração do Bloco Regional do Mercosul são questões discutidas no âmbito do encontro da Coalização Empresarial Brasil Argentina em Buenos Aires. No entanto, ainda não temos um cenário claro e pacificado da agenda do novo governo.

Embora tenhamos informações e discussões, ainda não foi mostrada uma estrutura para lidar com questões importantes, como a reforma tributária, que é crítica para a indústria.

Nossa expectativa é trabalhar com visão construtiva de colaboração e cooperação, levando as demandas da nossa indústria junto com outros setores industriais, através da CNI.

As taxas de juros e a inflação afetando os planos de investimento na indústria têxtil

Quanto às taxas de juros, elas já estavam elevadas. A inflação diminuiu, mas ainda está acima da meta. No varejo, a inflação do setor têxtil e de confecção foi a maior de 2022.

Os investimentos necessitam de previsibilidade, que não temos no momento. Além da previsibilidade de política econômica, é necessário ter juros compatíveis com a taxa de retorno dos negócios, o que atualmente inviabiliza os investimentos na economia real. Isso faz com que as indústrias operem com freio de mão puxado, realizando apenas investimentos fundamentais que tragam retorno no curto prazo.

Diante deste cenário e das projeções de crescimento para 2023, o setor espera um crescimento em torno de 1,6%, podendo ser maior dependendo das linhas macroeconômicas que forem anunciadas no momento certo das reformas.

O Congresso Nacional volta a funcionar para valer em março, quando devemos ter negociações entre o Poder Executivo e o Legislativo. Nossa atuação como entidade é sempre pensar no bem do país e do nosso setor.

Impactos na geração de empregos em 2023

A geração de empregos foi positiva em 2021 e 2022. No entanto, em 2023, diante de um cenário econômico mais restrito, espera-se uma redução no número de vagas formais. Estima-se algo em torno de 2 mil vagas formais no âmbito do Caged.

Ameaças aos exportadores têxteis com a desaceleração da economia mundial

Com relação ao mercado mundial, há uma grande interrogação. Acredita-se que boa parte das economias ou entrará em recessão ou terá um crescimento muito baixo, exceto a China. Essa questão afeta o apetite dos compradores internacionais, apesar de o mercado interno ter sido o grande foco da indústria brasileira.

No ano passado, o setor exportou mais de US$ 1,1 bilhão de dólares, representando uma parcela de 3% a 4% do faturamento da indústria como um todo. No entanto, alguns segmentos da indústria têm uma participação importante das suas receitas no mercado mundial.

Temos um projeto importante com a Apex, que mobiliza as empresas têxteis e de confecção a internacionalizar suas relações comerciais. No entanto, o mundo está refratário ao crescimento, o que dificulta a venda dos produtos brasileiros no exterior. Além disso, há preocupação com os desvios de comércio vindos de mercados que reduziram seu tamanho, como o norte-americano e europeu, o que pode provocar sérios danos à indústria brasileira.

Iniciativas para estimular a competitividade da indústria em 2023

Quanto às iniciativas de competitividade, estamos focados na indústria 4.0, na qualificação e capacitação, no desenvolvimento dos mercados, na digitalização das empresas, na formação e melhoria técnica dos profissionais. Também buscamos gerar valor por meio da economia circular, do combate ao desmatamento, da redução do uso de insumos e da ampliação do uso de matérias-primas renováveis e amigáveis à natureza.

Essa é uma agenda que não é apenas nossa, mas do mundo inteiro, e já estamos trabalhando nela há algum tempo.

Texto: Marcia Mariano


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