Introdução ao Plano Safra 2025/26
O anúncio do Plano Safra 2025/26 durante a coletiva de imprensa da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) trouxe à tona uma série de críticas e preocupações em relação à realidade do campo brasileiro. Sob a liderança do deputado Pedro Lupion, a FPA expressou sua insatisfação com a proposta do governo federal, destacando que as medidas anunciadas não são suficientes para atender às exigências do setor agropecuário.
O presidente da FPA questionou a veracidade de algumas informações divulgadas, considerando-as manipuladas para dar a impressão de apoio governamental ao agronegócio. A mensagem clara é que o plano, longe de ser uma solução, pode muitas vezes representar mais um obstáculo para o desenvolvimento do setor.
A Crítica à Estrutura do Plano
Durante seu discurso, Lupion chamou atenção para o recorde de R$ 516,2 bilhões em crédito anunciado para a agricultura empresarial, mas também alertou que a fatia destinada a investimentos teve uma queda significativa de 5,41%. Isso representa uma redução de R$ 5,8 bilhões, passando de R$ 107,3 bilhões para R$ 101,5 bilhões. Segundo o deputado, essa diminuição representa uma letargia que desestimula inovações e projetos de longo prazo, essenciais para o crescimento sustentável do setor.
“O produtor não vai atrás de crédito com esses juros e essas condições”, enfatizou Lupion, sublinhando a realidade de que a maioria dos produtores rurais enfrenta um dilema: optar por investimentos a longo prazo ou correr o risco de um financiamento que pode se tornar inviável devido às altas taxas de juros.
O Impacto da Taxa Selic sobre o Agronegócio
A alta da taxa Selic, atualmente fixada em 15%, foi um dos pontos mais críticos da fala do presidente da FPA. O deputado argumentou que essa elevação pressiona o custo de equalização de juros pelo Tesouro Nacional, encarecendo não apenas o crédito, mas todo o custo de produção. A política monetária restritiva está levando a um cenário preocupante, onde o aumento nos preços dos alimentos se torna quase inevitável.
Lupion destacou a necessidade urgente de um ajuste fiscal que evite o endurecimento da política monetária. “Sem cortes efetivos de gastos e com desequilíbrio fiscal, o crédito encarece, a produção sofre e o preço dos alimentos sobe”, afirmou, deixando evidente que o agronegócio se torna uma das maiores vítimas desse cenário econômico desfavorável.
Tributação das LCAs: Um Novo Obstáculo
Outro tema polêmico abordado durante a coletiva foi a tributação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que representam quase metade do crédito rural no Brasil. A proposta de taxação dessas letras foi recebida com preocupação, pois muitos acreditam que essa medida comprometerá a competitividade do setor e afastará potenciais investidores.
Lupion ressaltou que a tributação sobre as LCAs poderia criar um efeito cascata, comprometendo a saúde financeira de muitos produtores. Ele questionou se essas mudanças realmente favorecem o agronegócio, uma vez que já existe uma natureza complexa de financiamento quando se fala em agricultura no Brasil.
Renúncias Fiscais e Benefícios Sociais
Durante suas considerações, o presidente da FPA também abordou a questão das renúncias fiscais atribuídas ao agronegócio, argumentando que muitas delas se tratam, na verdade, de benefícios sociais que não impactam diretamente a produção. Isenções sobre a cesta básica foram citadas como um exemplo, levando à conclusão de que a verdadeira sustentabilidade do agronegócio não está sendo claramente endereçada pelo governo federal.
Esses elementos se somam à narrativa de que as políticas atuais estão desconectadas das necessidades reais do setor. A crítica fundamental é que o governo precisa ter uma visão mais clara da realidade enfrentada pelos produtores, e não apenas aplicar medidas que pareçam paliativas.
A Necessidade de Reformas Estruturais
Lupion não se furtou ao propor soluções, cobrando medidas estruturais que possam reequilibrar o crédito rural e mitigar a inflação. Entre suas sugestões, destacou a importância de uma redução real de gastos públicos e da modernização da gestão tributária. Essas reformas visam preservar a previsibilidade tributária, que é um elemento essencial para a estabilidade e crescimento do agronegócio.
O alerta é claro: a combinação de descontrole fiscal e a contínua alta das taxas de juros podem elevar os custos do produtor rural em até R$ 58 bilhões na próxima safra. Esse número alarmante não apenas acende um alerta entre os produtores, mas também questiona a capacidade do governo de manter um diálogo pragmático e eficaz com o setor agropecuário.
Considerações Finais e Caminhos a Seguir
A coletiva da FPA e as declarações de Pedro Lupion oferecem um vislumbre importante da insatisfação atual no setor agropecuário brasileiro. O que se vê é um ambiente de desconfiança em relação às intenções do governo e um clamor por mudanças efetivas que não sejam meramente de aparência. As críticas ao Plano Safra 2025/26 ressaltam que o setor precisa de mais do que promessas: é necessário um compromisso tangível com políticas que garantam o crescimento e a sustentabilidade da agricultura.
Os próximos passos deverão ser observados de perto, não apenas pelos produtores rurais, mas por todos aqueles que dependem do agro para a sua subsistência e pelo desenvolvimento econômico do Brasil. A união entre governo e o setor é mais necessária do que nunca, e as propostas apresentadas pela FPA revelam um caminho que poderia levar a um cenário mais favorável, se politicamente viáveis. O futuro do agronegócio nacional depende de decisões acertadas que priorizem o setor em todas as suas dimensões.
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