Proibição de celulares na escola: como está a adaptação dos jovens?
Desde o início de 2025, uma nova lei federal determinou que crianças e adolescentes não podem mais utilizar seus celulares em sala de aula, salvo algumas exceções. A decisão age diretamente em hábitos de milhares de estudantes brasileiros e deve ter impacto no seu aprendizado. A lei provocou uma série de discussões sobre a sua efetividade, e está fazendo com que escolas e alunos tenham que se adaptar. Neste artigo, vamos explorar como está sendo essa adaptação até aqui nas instituições de ensino de todo o Brasil.
O que diz a lei?
De acordo com a Lei nº 15.100/2025, sancionada no dia 13 de janeiro de 2025 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os estudantes que cursam até o quinto ano do Ensino Fundamental I não podem utilizar aparelhos celulares enquanto estiverem dentro da escola. No entanto, os alunos do sexto ano do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio podem utilizá-los somente para fins pedagógicos, com a orientação do professor em sala.
A lei também estabelece algumas exceções, incluindo o uso da tecnologia em caso de necessidades específicas, como no caso de jovens com algum tipo de deficiência ou em situações de violência nas proximidades da escola. Portanto, em linhas gerais, a presença do celular passou a ser proibida no ambiente escolar, a fim de proteger os estudantes dos efeitos negativos causados pelo uso excessivo da tecnologia no aprendizado e no desenvolvimento socioemocional.
Essa postura está de acordo com estudos divulgados pela comunidade científica. Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a dependência digital como um transtorno caracterizado pelo medo irracional de estar sem o celular ou outros aparelhos eletrônicos. Pesquisas recentes indicam que isso pode provocar prejuízos sérios nas atividades cerebrais de crianças e adolescentes, que ainda estão em processo de desenvolvimento.
Por que a lei foi criada?
No Brasil, pesquisas realizadas com a população indicam um forte apoio às questões tratadas na lei. Uma pesquisa realizada em setembro de 2025 pelo Instituto Alana e pelo Datafolha revelou que 93% dos brasileiros acreditam que os jovens estão se tornando viciados em redes sociais. Além disso, 75% dos entrevistados afirmaram que os jovens passam tempo demais conectados.
Dados coletados no ambiente educacional corroboram essa preocupação. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) demonstrou que oito em cada dez estudantes brasileiros de 15 anos relataram se distrair com o celular durante as aulas de matemática, prejudicando seu aprendizado. Esses dados levantam questões sérias sobre a concentração e a capacidade de absorver conhecimento, fundamentais durante a formação escolar.
Além disso, uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou um aumento significativo nos índices de ansiedade e depressão entre jovens devido ao uso excessivo de celulares. As evidências também alertam para o aumento do risco de exposição a conteúdos impróprios e ao contato com abusadores sexuais, problemas que merecem atenção especial.
Esses fatores contribuíram para que diferentes estados discutissem a necessidade de legislar sobre o tema, culminando na promulgação de uma lei de abrangência nacional em 2025.
Como está sendo a adaptação das escolas?
A nova legislação oferece autonomia às escolas para definir suas próprias regras, orientações e estratégias para implementar a proibição do uso de celulares. Dessa forma, instituições de ensino têm a liberdade de escolher como os aparelhos serão guardados durante o período letivo, podendo utilizar armários individuais ou caixas coletivas.
Essa conversa pode ser feita de forma colaborativa, envolvendo a gestão da escola, os pais, os professores e os alunos. As escolas podem discutir se as crianças e adolescentes devem guardar os aparelhos desligados nas mochilas ou se outras estratégias devem ser adotadas. Essa abordagem colaborativa é fundamental para garantir a aceitação e o bom entendimento da nova regra por todos os envolvidos.
A escola também deve se comprometer a informar sobre essas regras aos alunos e às famílias, bem como a fiscalizá-las e estipular sanções, se necessário. A intenção é que essa implementação aconteça de forma dialógica, respeitosa e com o desenvolvimento de estratégias que considerem a realidade dos estudantes. É essencial que toda a comunidade escolar esteja engajada nesse debate e nessa adaptação.
Nas diversas instituições de ensino do Brasil, a adaptação tem ocorrido de forma variada. Algumas escolas relatam uma maior dificuldade por parte dos estudantes em se adequar às novas regras, e também mencionam o aumento da frequência de contatos entre pais e alunos durante o período escolar. Essa situação pode levar a distrações adicionais em sala de aula, dificultando ainda mais o foco nas atividades propostas.
Por exemplo, no Colégio Sagrado Coração Jesus, de Arroio do Tigre (RS), a diretora Bruna de Almeida Flores observou que “atualmente, muitos alunos enviam um WhatsApp direto para a mãe ou o pai para trazer o material esquecido. Muitas vezes, nem sabemos do que se trata”, declarou em entrevista ao portal Educação em Pauta, do SINEPE-RS.
Por outro lado, em São Paulo, onde uma lei estadual proibiu o uso de celulares um ano antes, algumas transformações já começaram a ser percebidas. Na escola Yervant Kissajikian, na zona leste da cidade, as novas normas foram implementadas de maneira gradual para evitar um choque muito grande, uma vez que os alunos estavam habituados a passar muito tempo conectados a telas.
André Fernandes, diretor da escola, mencionou em uma entrevista que preferiram utilizar sacos etiquetados para armazenamento, mas que muitos estudantes começaram a não levar mais o celular para a escola. “Acho que implantar a lei de forma abrupta sem promover discussões é algo prejudicial à comunidade. O processo deve ser testado gradualmente e deve engajar pais e responsáveis”, ressaltou.
De maneira geral, os resultados observados até agora têm sido positivos. O diretor Márcio Roberto Thomaz, de uma escola municipal de ensino infantil e fundamental nos anos iniciais de São Paulo, expressou: “Nós percebemos que muitos estão se interagindo mais entre si e demonstrando uma maior abertura para o diálogo. Com isso, os resultados pedagógicos dessa nova política devem se refletir nos próximos anos”, afirmou.
Desafios enfrentados pelos estudantes
A adaptação à nova realidade sem celulares em sala de aula não se limita apenas às regulamentações e estratégias das instituições de ensino. Os estudantes também enfrentam uma série de desafios ao se desvincularem do uso constante de seus dispositivos móveis. Um dos principais desafios é a necessidade de readaptação às interações sociais face a face, já que muitos jovens tinham o celular como uma ferramenta para facilitar a comunicação.
Os adolescentes estão sendo obrigados a redescobrir formas de se relacionar entre si, promovendo um aumento nas interações pessoais que se perderam com o uso excessivo da tecnologia. Essa também é uma oportunidade para o desenvolvimento de habilidades sociais essenciais, como empatia e resolução de conflitos, que podem ser beneficiadas pela comunicação não digital.
Perspectivas futuras
À medida que a nova lei se estabelece e as escolas encontram formas criativas de implementar a proibição do uso de celulares em ambiente escolar, as expectativas são de que exista uma evolução positiva nas relações interpessoais dos alunos e no ambiente de aprendizado. A continuação do monitoramento dos resultados e a realização de ajustes nas estratégias de implementação serão cruciais para o sucesso da legislação.
Com a participação ativa da comunidade escolar e a aceitação das novas regras pelos alunos, espera-se que a lei traga benefícios concretos para o desenvolvimento educacional e emocional dos jovens. Esse é um momento de transformação que poderá redefinir a forma como os estudantes se engajam com o aprendizado e suas relações sociais, trazendo uma nova perspectiva sobre o uso de tecnologia nas escolas.
Considerações finais
Em resumo, a proibição do uso de celulares nas escolas brasileiras, resposta a um desafio contemporâneo que se intensificou nos últimos anos, requer um esforço conjunto das instituições, educadores e famílias. À medida que os jovens se adaptam a essa nova realidade, surge a esperança de que eles descubram formas mais saudáveis de se conectar, tanto entre si quanto com o conhecimento. O monitoramento dessas mudanças, assim como a identificação de potenciais melhorias na legislação e no ambiente escolar, será fundamental para que essa iniciativa alcance seu objetivo máximo: promover um aprendizado mais autêntico e significativo.
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