Minerva propõe venda de mais frigorífico para convencer Uruguai

Minerva propõe venda de mais frigorífico para convencer Uruguai
Uruguai e Minerva

Em mais uma tentativa para convencer o governo do Uruguai a aprovar o M&A com a Marfrig, a Minerva sinalizou às autoridades antitruste do país que pode se desfazer de mais ativos para concretizar a transação, reduzindo a concentração que tanto preocupa a Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência (Coprodec).

No limite, a Minerva aceitaria ficar com apenas um dos três frigoríficos uruguaios que vai comprar da Marfrig por R$ 675 milhões (a esse montante, ainda será acrescida a correção por juros), revendendo duas plantas a outros players.

A venda de uma das plantas já era conhecida do público desde fevereiro, quando a Minerva anunciou um acordo para vender o abatedouro de Colônia ao grupo indiano Allana, em uma transação de US$ 48 milhões.

Na semana passada, no entanto, uma resolução disponibilizada no site do órgão antitruste do Uruguai mostrou que a disposição da Minerva para negociar é maior. Segundo o órgão antitruste, a companhia brasileira sugeriu que poderia vender também o abatedouro de San José, ativo que faz parte do acordo com a Marfrig.

No caso desse frigorífico, a Minerva quer um tempo maior para fazer a transação. Em vez de vender o ativo imediatamente após a aprovação do órgão antitruste uruguaio, como fará com o frigorífico negociado com a Allana, a companhia dos Vilela de Queiroz quer um prazo de dois anos para negociar a venda do segundo abatedouro, mostrou a resolução da Coprodec.

É importante ponderar que, neste momento, a ideia da Minerva é apenas uma sugestão ao órgão antitruste. Por enquanto, não há uma proposta formal nesse sentido. “A empresa topa algo diferente do que foi proposto desde que não mexa na planta de Salto”, disse uma fonte próxima à empresa.

Ainda segundo essa fonte, a potencial negociação de uma proposta alternativa considera uma segunda venda apenas após 24 meses. Ou seja, o pleito é ficar pelo menos 24 meses operando duas plantas e, depois desse período, a venda da segunda planta ocorreria, desde que em termos financeiros vantajosos para a Minerva.

Se esse ideia encontrar guarida na Coprodec, a Minerva concretizaria o M&A quase dois anos após a sua assinatura e teria até 2027 para cumprir os remédios concorrenciais. Ao fim do período, a companhia dos Vilela de Queiroz ficaria apenas com o abatedouro de Salto — o mais rentável entre os três abatedouros que fazem parte do acordo com a Marfrig.

Para um observador da indústria, as diferentes alternativas da Minerva para convencer o governo uruguaio mostram que as chances para a companhia emplacar o negócio estão cada vez mais limitadas.

Efeitos no mercado

Ao vender dois frigoríficos, a Minerva perderia a vantagem de uma plataforma com mais de 40% da capacidade de abate no Uruguai. Por outro lado, seria uma forma de reduzir danos.

Considerando a baixa disposição do órgão antitruste uruguaio de aprovar o negócio no formato original, a alternativa proposta pela companhia dos Vilela de Queiroz é uma tentativa de obter a aprovação e, assim, evitar pagar multa de 30% que deve à Marfrig no caso de uma reprovação.

A venda de dois frigoríficos também parece ser uma alternativa menos ruim para a Minerva quando se considera o ambiente competitivo no Uruguai. Se o M&A for reprovado, a Marfrig continuaria como a maior indústria de carne bovina do país sul-americano, com quatro abatedouros.

Ao vender as duas plantas para outros players, a Minerva se tonaria a líder, e teria concorrentes com menor poder de fogo do que a rival brasileira. Não à toa, a capacidade da Allana de competir no mercado de carne bovina do Uruguai é um dos temas sob análise da Coprodec.

Procurada pela reportagem, a Minerva não comentou.

Cenário Concorrencial Uruguaio

A proposta da Minerva de vender mais um frigorífico no Uruguai surge em um momento crucial para o cenário concorrencial do país. A aprovação ou rejeição do M&A com a Marfrig terá um impacto significativo na estrutura do mercado de carne bovina uruguaio. A concentração de mercado, já alta, poderia aumentar ainda mais se a aquisição fosse aprovada sem restrições, o que levou a Coprodec a analisar a fundo os possíveis efeitos da transação.

A preocupação da Coprodec reside no potencial domínio da Minerva sobre a capacidade de abate no Uruguai. Com a aquisição dos frigoríficos da Marfrig, a empresa brasileira passaria a controlar uma parcela considerável do mercado, o que poderia resultar em práticas anticompetitivas, como a elevação de preços para os consumidores e a redução da competitividade para os pecuaristas locais. A análise da Coprodec busca garantir que a transação não prejudique o equilíbrio do mercado e os interesses dos consumidores uruguaios.

Detalhes da Proposta Alternativa

A proposta da Minerva de se desfazer de dois frigoríficos em vez de apenas um é uma tentativa de mitigar as preocupações da Coprodec. Ao reduzir sua participação no mercado, a empresa busca demonstrar que a aquisição não resultará em um domínio excessivo e que a concorrência será mantida. A venda do abatedouro de Colônia para a Allana já era um passo nessa direção, mas a oferta de vender também o frigorífico de San José demonstra uma maior disposição da Minerva em negociar.

A estratégia da Minerva de solicitar um prazo de dois anos para a venda do frigorífico de San José é um ponto importante da proposta. Durante esse período, a empresa continuaria operando as duas plantas, o que lhe permitiria aproveitar sinergias e otimizar suas operações. No entanto, ao final desse período, a Minerva se comprometeria a vender o frigorífico para outro player, garantindo que a concorrência seja mantida no longo prazo. Essa abordagem busca equilibrar os interesses da Minerva com as preocupações da Coprodec.

O Papel da Allana

A entrada do grupo indiano Allana no mercado uruguaio de carne bovina é um fator importante a ser considerado na análise da Coprodec. A Allana é uma empresa com presença global e experiência no setor, o que a torna um potencial concorrente relevante para a Minerva e a Marfrig. A venda do frigorífico de Colônia para a Allana pode fortalecer a concorrência no mercado, o que seria benéfico para os consumidores e pecuaristas uruguaios.

A Coprodec está analisando a capacidade da Allana de competir efetivamente no mercado uruguaio. Para isso, o órgão antitruste está avaliando a estrutura financeira da empresa, sua experiência no setor e sua capacidade de investir em tecnologia e inovação. A Coprodec também está considerando o impacto da entrada da Allana no mercado em termos de geração de empregos e desenvolvimento econômico para o país.

Impacto para a Marfrig

A novela da aprovação do M&A entre Minerva e Marfrig tem um impacto significativo para ambas as empresas, mas especialmente para a Marfrig. A empresa brasileira já havia se desfeito de ativos para focar em outras áreas de atuação, e a venda dos frigoríficos uruguaios era parte fundamental desse processo. A incerteza em relação à aprovação da transação gera instabilidade e dificulta o planejamento estratégico da Marfrig.

A multa de 30% do valor da transação, que a Minerva teria que pagar à Marfrig em caso de reprovação, também é um fator importante a ser considerado. Essa multa representaria um impacto financeiro significativo para a Minerva, o que demonstra a importância da aprovação do M&A para ambas as empresas. A Marfrig, por sua vez, espera a conclusão da transação para poder investir em outras áreas de seu negócio e fortalecer sua posição no mercado.

Alternativas em Caso de Reprovação

Caso a Coprodec rejeite o M&A, tanto a Minerva quanto a Marfrig terão que buscar alternativas para seus negócios no Uruguai. A Minerva poderia tentar expandir sua presença no país por meio de outras aquisições ou investimentos em suas operações existentes. A Marfrig, por sua vez, teria que continuar operando os frigoríficos e buscar formas de melhorar sua rentabilidade e competitividade.

A reprovação do M&A também poderia abrir espaço para a entrada de outros players no mercado uruguaio. Empresas estrangeiras ou investidores locais poderiam se interessar em adquirir os frigoríficos da Marfrig, o que poderia aumentar a concorrência e beneficiar os consumidores e pecuaristas uruguaios. O cenário futuro do mercado de carne bovina uruguaio dependerá, em grande medida, da decisão da Coprodec e das estratégias adotadas pelas empresas envolvidas.

Futuros Desdobramentos

A decisão da Coprodec sobre o M&A entre Minerva e Marfrig é aguardada com grande expectativa pelo mercado. O órgão antitruste deve levar em consideração todos os aspectos relevantes da transação, incluindo os potenciais efeitos sobre a concorrência, os interesses dos consumidores e o desenvolvimento econômico do país. A decisão final poderá ter um impacto duradouro no cenário do mercado de carne bovina uruguaio.

Independentemente da decisão da Coprodec, a Minerva e a Marfrig continuarão sendo importantes players no mercado de carne bovina global. Ambas as empresas possuem uma vasta experiência no setor, uma forte presença internacional e um compromisso com a qualidade e a inovação. O futuro de seus negócios no Uruguai dependerá de sua capacidade de se adaptar às condições do mercado e de implementar estratégias que lhes permitam manter sua competitividade e rentabilidade.

Total
0
Shares
Previous Article

Curimbatá: O Peixe Que Superou Expectativas e Conquistou o Mercado Global Apos a Tilápia!

Related Posts