Missão chinesa abre janela de ouro para o frango brasileiro: exportadores já comemoram

Missão chinesa abre janela de ouro para o frango brasileiro: exportadores já comemoram

Missão chinesa no Brasil anima exportadores de carne de frango

O governo brasileiro recebe nesta segunda-feira, 22 de setembro de 2025, uma missão técnica da China para auditar o sistema de inspeção federal e verificar, in loco, as medidas de controle sobre a gripe aviária em aves comerciais. O movimento reacende a expectativa de reabertura do mercado chinês à carne de frango brasileira, suspenso desde maio de 2025 após a confirmação do primeiro foco da doença em uma granja de Montenegro (RS). A avaliação terá foco em procedimentos, rastreabilidade e capacidade laboratorial do país, e o parecer dos técnicos orientará a retomada ou não das compras.

A visita é tratada como estratégica por setores público e privado. A China é o maior comprador de carne de frango do Brasil e, em 2024, importou 353,4 mil toneladas do produto, com receita de US$ 786,9 milhões. Entre janeiro e maio de 2025, antes do bloqueio, o ritmo de embarques para os chineses vinha acelerado, com volumes que já superavam 228 mil toneladas e faturamento em torno de US$ 547 milhões. A interrupção decretada após o foco em Montenegro impactou diretamente frigoríficos, produtores integrados e a logística de abastecimento, especialmente no Sul do país.

A auditoria inclui deslocamentos por diferentes estados, começando em Brasília com reuniões no Ministério da Agricultura e desdobrando-se em fiscalizações em granjas, frigoríficos e laboratórios federais. Além de aves, o roteiro abrange abatedouros de bovinos já habilitados no Pará e em São Paulo, etapa que serve para verificar rotinas de inspeção e autocontrole em plantas com histórico de exportação ao mercado chinês. No setor, a leitura predominante é que a missão pode reconhecer o status sanitário do Brasil como área livre de gripe aviária, desde que os protocolos adotados após o caso no Rio Grande do Sul sejam considerados suficientes pelos auditores estrangeiros.

Quem são os auditores e como será a checagem

Sete inspetores chineses desembarcam para uma semana de verificação em campo. O grupo é formado por especialistas em defesa sanitária animal e segurança de alimentos, com experiência em auditorias de sistemas equivalentes. Eles chegam com um roteiro definido em conjunto com autoridades brasileiras, que prevê entrevistas com equipes técnicas, análise documental, visitas a instalações e acompanhamento de rotinas de inspeção em diferentes elos da cadeia produtiva. O foco central é medir a capacidade do Brasil de prevenir, detectar e responder a ocorrências de influenza aviária em contexto de produção comercial de aves.

A metodologia segue padrões clássicos de auditoria: amostragem de estabelecimentos, conferência de registros e cruzamento de informações entre granjas, laboratórios e plantas frigoríficas. Na prática, os técnicos verificam desde barreiras de entrada e procedimentos de higiene até sistemas de rastreabilidade que permitem seguir a trajetória do lote de aves do campo ao abate. Ao final, o time emite um relatório com as constatações e, se necessário, recomendações. Esse documento embasa a decisão sobre o levantamento do bloqueio, podendo incluir exigências adicionais ou planos de ação com prazos negociados entre as partes.

Por que a China suspendeu as compras do Brasil

O bloqueio de maio de 2025 seguiu a diretriz do acordo sanitário bilateral entre os dois países, que prevê a suspensão das importações quando há confirmação de gripe aviária em aves comerciais. Mesmo com um único foco, a regra determina uma resposta nacional até que o país exportador comprove controle, eliminação da ocorrência e robustez do sistema de vigilância. Foi o que aconteceu após a confirmação do caso em Montenegro, município do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul. As autoridades brasileiras acionaram o plano de contingência, encerraram o foco e intensificaram vistorias e coleta de amostras na região afetada e em áreas de risco.

A suspensão amplia o efeito de um caso pontual porque a avaliação chinesa considera o risco sistêmico. O raciocínio dos importadores é que, além da eliminação do foco, é preciso evidência de que mecanismos de prevenção e detecção precoce funcionam de forma consistente. Por isso, a auditoria não mira um frigorífico específico, mas o conjunto: granjas de reprodução, integração com produtores, transporte, espera, inspeção ante e pós-mortem, e a capacidade de laboratório em analisar, confirmar e notificar resultados com prazos estabelecidos. Essa visão de cadeia coloca o sistema de inspeção federal no centro da análise.

O que diz o setor produtivo

Entre as entidades da cadeia de proteína animal, o clima é de confiança. Para Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a missão terá condições de constatar a preparação do sistema de defesa agropecuária e a resposta dada ao foco no Rio Grande do Sul. “A expectativa é positiva. A delegação chinesa terá a oportunidade de verificar como o sistema brasileiro de defesa agropecuária está bem preparado, e o Brasil demonstrou isso ao lidar com o primeiro caso de influenza aviária em aves comerciais de forma ágil, eficaz e transparente”, afirmou. A leitura é de que o cumprimento dos protocolos, somado ao histórico de fornecimento estável, cria um ambiente favorável para o retorno do comércio.

No Rio Grande do Sul, a avaliação de líderes do segmento é semelhante. José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), recorda que frigoríficos gaúchos não vendem à China desde julho de 2024 por conta de um episódio da doença de Newcastle em Anta Gorda, o que agravou a perda de mercado causada pelo caso de gripe aviária do ano seguinte. “O setor está preparado para receber a missão. O Rio Grande do Sul é um potencial fornecedor de produtos avícolas à China”, disse. A retomada ajudaria a reorganizar escalas de abate, recompor margens e reativar contratos logísticos interrompidos desde o bloqueio.

Agenda: onde os chineses vão e o que devem ver

A programação começa em Brasília com apresentações técnicas do Ministério da Agricultura sobre o sistema de vigilância, o programa anual de monitoramento de doenças e o plano de contingência para emergências zoossanitárias. Em seguida, o grupo parte para o Rio Grande do Sul para auditorias em estabelecimentos de reprodução de corte localizados no entorno de Montenegro. A seleção inclui duas granjas de produtores integrados a um frigorífico da região, nos municípios de Feliz e Pareci Novo, ambos dentro do raio de dez quilômetros do foco confirmado em maio.

No Vale do Caí, os inspetores também visitarão um abatedouro em São Sebastião do Caí. A etapa contempla avaliação do sistema de autocontrole e da autoinspeção na área de espera, com verificação de procedimentos de inspeção ante-mortem, manejo de aves com anormalidades e rastreabilidade desde a origem das cargas até o box de abate. Em paralelo, a missão terá agendas em laboratórios federais: no Recife, referência em diagnóstico de encefalopatias, e em Campinas (SP), especializado em influenza aviária. As reuniões com as equipes laboratoriais vão detalhar fluxo de amostras, prazos de laudos e capacidade de resposta a suspeitas.

  • Brasília (22/9): reunião técnica no Ministério da Agricultura e apresentação dos protocolos de vigilância e contingência.
  • Feliz e Pareci Novo (RS): visitas a granjas de reprodução de corte em área próxima ao foco encerrado em Montenegro.
  • São Sebastião do Caí (RS): auditoria em abatedouro com checagem de autocontrole, inspeção ante-mortem e rastreabilidade.
  • Recife (PE): laboratório federal com histórico em diagnósticos diferenciais de encefalopatias, incluindo validação de métodos.
  • Campinas (SP): laboratório federal com expertise em detecção e confirmação de influenza aviária em aves comerciais.
  • Pará e São Paulo: visitas a abatedouros de bovinos habilitados, para observar rotinas de inspeção em plantas exportadoras.

O que está em jogo para exportadores e consumidores

A reabertura do mercado chinês teria efeito imediato sobre a demanda por carne de frango do Brasil, com impacto nos preços pagos a produtores integrados e na ocupação das linhas de abate. Para frigoríficos com histórico de venda ao país asiático, a normalização permitiria recompor volumes e aproveitar o último trimestre do ano, tradicionalmente mais forte por conta de estoques para festas e contratos anuais. O retorno das compras também tende a aliviar a pressão sobre câmaras frias e fretes internos, que foram readequados desde maio diante da necessidade de redirecionar cargas para outros destinos.

Para o consumidor brasileiro, o efeito depende do ritmo de liberação e do apetite dos chineses. Com a volta de volumes relevantes para exportação, plantas dedicadas ao mercado externo aumentam a concorrência por matéria-prima, o que pode sustentar cotações em determinados cortes e produtos. Por outro lado, a previsibilidade de escoamento reduz custos operacionais e ajuda a manter calendários de produção, o que tende a evitar oscilações abruptas nos preços do varejo. No curto prazo, a principal variável é o cronograma do parecer e a velocidade de publicação de eventuais habilitações.

Entenda as doenças: gripe aviária e Newcastle

A gripe aviária, também chamada de influenza aviária, é causada por vírus do tipo Influenza A que circulam entre aves. Em granjas comerciais, a preocupação é a forma altamente patogênica, capaz de provocar mortalidade elevada e rápida disseminação em ambientes com alta densidade de criação. A resposta do serviço veterinário inclui isolamento, eliminação sanitária do foco, limpeza, desinfecção e vigilância ampliada no raio de risco, com testagem em propriedades vizinhas e controle de trânsito de aves, ovos férteis e insumos que possam favorecer a propagação entre plantéis.

A doença de Newcastle, por sua vez, é causada por um paramixovírus que afeta aves domésticas e silvestres e pode gerar perdas econômicas significativas em plantéis comerciais. O episódio citado no Rio Grande do Sul, em julho de 2024, motivou restrições pontuais a plantas gaúchas, adicionando mais uma camada de exigências sanitárias para o setor. Embora distintas, as duas enfermidades exigem a mesma lógica de prevenção: controle de acesso, protocolos rigorosos de higiene, monitoramento clínico constante e comunicação imediata de suspeitas às autoridades de defesa agropecuária.

Biosegurança na prática: o que os auditores costumam observar

Em granjas, a checagem começa pela entrada: barreiras sanitárias físicas e de procedimentos, como vestiários com fluxo sujo/limpo, troca de roupas e calçados, lavagem e desinfecção das mãos e controle de visitantes. A auditoria verifica se há registro de pessoas e veículos, se o abastecimento de ração e a coleta de aves seguem rotas definidas e se galpões têm sistemas que evitem contato com aves silvestres e vetores. Em propriedades de reprodução, o padrão de incubação, o manejo de ovos e a gestão de resíduos são pontos recorrentes da avaliação, assim como a qualificação das equipes e a frequência de treinamentos.

No transporte e no abatedouro, o olhar recai sobre limpeza de gaiolas e caminhões, organização da espera, manejo das aves e eficácia da inspeção ante-mortem para separar lotes com sinais clínicos. Os técnicos checam a aderência a programas de autocontrole, analisam registros de temperatura, verificação de equipamentos críticos, calibração de instrumentos, amostragens microbiológicas e, principalmente, a coerência entre o que está nos papéis e o que acontece no piso de fábrica. Rastreabilidade por lote e tempo de resposta a não conformidades costumam ser determinantes para a confiança na cadeia.

  • Barreiras sanitárias ativas e registradas em todas as entradas de pessoas e veículos.
  • Planos de higienização com responsáveis definidos e evidências de execução.
  • Registros de monitoramento clínico e de mortalidade com análise de tendência.
  • Fluxo de amostras para laboratório com prazos e rastreio do resultado.
  • Resposta a desvios com ações corretivas e verificação de eficácia documentadas.

SIF e autocontrole: como os frigoríficos se preparam para a auditoria

O Serviço de Inspeção Federal (SIF) opera com base em programas de autocontrole mantidos pelas próprias empresas, sob supervisão permanente de auditores oficiais. Esses programas reúnem planos como Boas Práticas de Fabricação, Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), controle de água, higiene, pragas, manutenção de equipamentos e verificação de parâmetros essenciais do abate. Em plantas habilitadas a exportar, há camadas adicionais de requisitos estabelecidos por países importadores, que vão de padrões de rotulagem a formatos de certificados sanitários específicos por tipo de produto.

Para a missão chinesa, frigoríficos revisitarem mapas de risco, confirmarem registros de calibração e garantirem a rastreabilidade de lotes desde a chegada das aves até a expedição são ações consideradas básicas. A inspeção ante-mortem precisa demonstrar efetividade na identificação e segregação de animais com sinais anormais, e a inspeção pós-mortem deve evidenciar critérios claros de condenação e destinação. Na documentação, auditores esperam ver evidências de treinamentos recentes e registros de simulações de retirada de produto (recall) que mostrem capacidade de comunicação rápida com clientes e autoridades em caso de necessidade.

Linha do tempo: do foco em Montenegro à visita dos inspetores

Maio de 2025 marcou a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em aves comerciais no Brasil, em uma granja de Montenegro, no Vale do Caí (RS). O governo federal ativou o plano de contingência, realizou o abate sanitário dos lotes afetados, ampliou a vigilância em propriedades próximas e reforçou a coleta de amostras. Em seguida, a China aplicou o protocolo previsto e suspendeu temporariamente as importações de carne de frango do Brasil, aguardando comprovação formal de controle e eliminação do foco. A comunicação oficial estabeleceu rotinas de monitoramento e relatórios técnicos subsequentes.

Entre junho e agosto, o setor reorganizou a produção e buscou redirecionar cargas a outros destinos, enquanto ajustava escalas e contratos. Em 22 de setembro de 2025, teve início a missão chinesa de auditoria, com roteiro que abrange a área do foco encerrado, abatedouro da região, laboratórios federais e plantas de bovinos já habilitadas. A expectativa é que, após as visitas, os técnicos emitam um parecer com indicação sobre a normalização do comércio e, se aplicável, com prazos e condições para a retomada dos embarques ao mercado chinês.

  • Julho de 2024: caso de Newcastle em Anta Gorda (RS) afeta vendas de plantas gaúchas para a China.
  • Maio de 2025: confirmação do foco de gripe aviária em Montenegro (RS) e início do bloqueio chinês.
  • Maio–agosto de 2025: ações de controle, vigilância ampliada e ajustes operacionais do setor.
  • 22 de setembro de 2025: chegada da missão técnica chinesa e início da auditoria no Brasil.

Impacto regional no Vale do Caí e em polos avícolas gaúchos

A escolha de granjas em Feliz e Pareci Novo e do abatedouro em São Sebastião do Caí não é casual. As localidades ficam no entorno do foco e concentram produtores integrados relevantes para a indústria de frango na região. A visita permite aos inspetores observar, em campo, como a cadeia local reorganizou fluxos de pessoas, veículos e insumos, além de avaliar a disciplina dos controles depois do episódio em Montenegro. Em auditorias dessa natureza, o comportamento de rotina conta tanto quanto documentos: uniformidade de procedimentos, prazos de resposta e aderência a protocolos por todas as equipes são aspectos decisivos.

Para a economia regional, a retomada das compras chinesas tem peso por movimentar granjas, incubatórios, fábricas de ração, transportadoras e serviços de manutenção associados às plantas. O bloqueio alterou cronogramas de abate e exigiu reformulação de contratos com integrados, que, em muitos casos, passaram a direcionar parte da produção a mercados alternativos. A normalização tende a reestabelecer as escalas e dar previsibilidade para novos lotes, com potencial de reativar turnos, ampliar horas trabalhadas e reduzir ociosidade em linhas que atuavam com folgas desde maio.

Perguntas e respostas: o que muda com o parecer chinês

Quando sai o parecer? A emissão do relatório depende do cronograma interno da missão. Em geral, a equipe consolida as constatações logo após as visitas e envia o documento às autoridades de seu país. O prazo pode variar conforme a necessidade de informações adicionais. O Brasil, por sua vez, costuma responder a eventuais pedidos de complementação de forma prioritária, dada a relevância comercial do tema. Quanto mais clara for a evidência de controle e vigilância, mais célere tende a ser a análise do lado importador.

A reabertura vale para todos ao mesmo tempo? Decisões podem abranger o país como um todo ou vir acompanhadas de condições específicas. Em alguns casos, importadores optam por liberar plantas ou categorias de produtos gradualmente, conforme avaliação de risco e maturidade dos controles apresentados. O histórico de conformidade de cada frigorífico, a robustez dos registros e a consistência do autocontrole pesam na hora de ampliar ou restringir escopos. O mercado monitora esses desdobramentos para ajustar contratos e logística assim que houver sinal verde.

Como a auditoria olha laboratórios e fluxo de resultados

A visita a laboratórios federais é parte central do roteiro porque a confirmação laboratorial de suspeitas dá a base técnica para qualquer decisão sobre risco. Em Recife, a missão encontra um centro com histórico em diagnósticos de encefalopatias, o que permite avaliar a capacidade de metodologias, controle de qualidade e validação de ensaios. Em Campinas, o foco recai sobre a rotina de detecção e confirmação de influenza aviária, desde a recepção de amostras até a emissão do laudo. O que se observa é o encadeamento do processo: prazos, rastreabilidade, cadeia de custódia e integrações com sistemas oficiais de notificação.

Além da capacidade técnica, auditores verificam se há planos de contingência específicos para picos de demanda, caso ocorram surtos com maior volume de amostras. A robustez da logística de envio, com embalagens e conservação adequadas, e a comunicação entre laboratório e serviço veterinário oficial também entram na lista. Registros de proficiência, participação em ensaios interlaboratoriais e evidências de auditorias internas e externas ajudam a demonstrar conformidade com padrões internacionais de qualidade.

Rastreabilidade e inspeção: do caminhão ao box de abate

Um dos pontos de atenção na planta de São Sebastião do Caí será a inspeção ante-mortem. Ela começa ainda no recebimento, com checagem do estado das aves, conferência de documentação do lote e segregação quando há qualquer sinal clínico fora do padrão. A área de espera precisa demonstrar manejo adequado, com tempos de repouso, conforto térmico e abastecimento de água ajustados à realidade de cada carga. A rastreabilidade permite reconstruir o caminho desde a granja até o box de abate, relacionando datas, horários, placas de veículos e responsáveis por cada etapa do processo.

Na linha, a inspeção pós-mortem registra anomalias, aplica critérios de condenação e assegura que desvios recebam destinação correta. Os registros alimentam relatórios estatísticos usados para análise de tendência, facilitando a identificação precoce de problemas de manejo ou de saúde no campo. Para auditores, a coerência entre esses relatórios e as ações adotadas pela planta é um indicador-chave de maturidade do autocontrole. Evidências de treinamentos recentes, reciclagens e simulações reforçam a confiança no sistema de gestão de segurança de alimentos e de defesa sanitária.

Produtores integrados: ajustes no dia a dia após o foco

No campo, integrados próximos a Montenegro adaptaram rotinas desde o foco de maio. A lista inclui reforço de rodolúvios, tapetes sanitários, controle de acesso, readequação de calendários de entrada de pintos e limitação de visitas não essenciais. Transportadores também ajustaram rotas para reduzir cruzamento entre propriedades com diferentes níveis de biossegurança. Ao longo dos últimos meses, equipes técnicas intensificaram orientações e auditorias internas para verificar a execução consistente dos procedimentos definidos pelos frigoríficos, com ênfase em registros e evidências fotográficas das rotinas diárias.

Essas mudanças, embora demandem organização e disciplina, tendem a se tornar padrão operacional nas regiões avícolas mais intensivas. Para auditores externos, o elemento decisivo é a previsibilidade: quando processos críticos deixam de depender de decisões individuais e passam a ser parte de um roteiro fixo, a variabilidade do risco diminui. A leitura do setor é que esse movimento fortalece a percepção de controle e ajuda a acelerar a confiança necessária para a reabertura de mercados sensíveis como o chinês.

Abatedouros de bovinos no roteiro: por que eles entram na agenda

A presença de abatedouros de bovinos habilitados no itinerário da missão se explica pelo interesse dos inspetores em observar sistemas de inspeção aplicados a diferentes espécies em plantas com histórico de exportação à China. Embora o foco seja aves, a visita a unidades bovinas no Pará e em São Paulo oferece um painel complementar sobre como o SIF organiza rotinas, registra controles e integra requisitos específicos de países importadores nas operações do dia a dia. Essa transversalidade ajuda a compor a avaliação do arcabouço sanitário brasileiro como um todo.

Em auditorias, a consistência entre espécies reforça a confiança no sistema. Se as mesmas lógicas de autocontrole, verificação e resposta a não conformidades aparecem em contextos distintos, a percepção é de um modelo institucional sólido. Além disso, muitas exigências de documentação, rastreabilidade e certificação compartilham formatos, o que facilita a comparação entre plantas e o entendimento de como o Brasil mantém padrões ao lidar com mercados exigentes como o chinês.

O que acompanhar a partir de agora

Nos próximos dias, a atenção do mercado estará voltada a três pontos. Primeiro, eventuais manifestações públicas dos integrantes da missão ou de autoridades brasileiras após as visitas, que podem sinalizar percepções preliminares. Segundo, o teor do relatório e se haverá recomendações adicionais a serem cumpridas antes da liberação total. Terceiro, o formato de uma eventual reabertura: por produto, por planta ou por região. Cada alternativa tem implicações diferentes para o ritmo de retomada, a alocação de cargas e a reprogramação de abates.

A cadeia de frango opera preparada para diferentes cenários. Se a liberação vier de forma ampla, o desafio será coordenar rapidamente logística, contêineres e janelas em portos. Se ocorrer por etapas, as empresas devem priorizar plantas com maior aderência ao perfil de demanda da China e reabrir contratos gradualmente. Em ambos os casos, a clareza do parecer e a previsibilidade de prazos serão determinantes para destravar decisões comerciais. Até lá, produtores e frigoríficos mantêm os protocolos reforçados e aguardam o desfecho da auditoria.



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