Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde dá início a fase experimental para produzir tilápia mais nutritiva

Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde dá início a fase experimental para produzir tilápia mais nutritiva









Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde inicia etapa experimental para produzir tilápia mais nutritiva

Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde inicia etapa experimental para produzir tilápia mais nutritiva

Em janeiro deste ano, o Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento do Pescado Continental (CAPDPC) do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, sediado em São José do Rio Preto, foi palco de uma reunião técnico-científica que marcou o início da etapa experimental da Tarefa 6 do Projeto Pescado para Saúde, vinculado ao Núcleo de Pesquisa Orientada a Problemas (NPOP/FAPESP).

De acordo com o pesquisador do projeto Caio Augusto Perazza, do Instituto Oceanográfico da USP e da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), “a Tarefa 6 tem como principal objetivo a identificação de variantes genéticas associadas a um perfil nutricional ainda mais favorável para a saúde humana, com foco na tilápia, a principal espécie de peixe produzida no Brasil. A iniciativa visa aprimorar as características nutricionais desse pescado, contribuindo assim para a promoção da saúde por meio de sua inclusão na alimentação”, explica Perazza.

Reunião Técnico-Científica e Análises Cruciais

A reunião contou com a participação de diversos especialistas, incluindo os doutores Vander Bruno dos Santos (IP), Fernando Stopato da Fonseca (IP), Alexandre Wagner Silva Hilsdorf (UMC), Rafael Vilhena Reis Neto (Unesp), Caio Augusto Perazza (USP/UMC), e Danillo Pinhal (Unesp), além do estudante de doutorado Gabriel Rinaldi (Unesp).

Cada pesquisador apresentou de forma concisa análises sobre temas cruciais, como perfil de ácidos graxos e aminoácidos, resistência à temperatura, desempenho relacionado ao hormônio de crescimento (GH) e miRNA circulante, que desempenham papel de regular a expressão gênica. A discussão proporcionou uma troca de ideias, enriquecendo o cenário científico explorado durante o encontro.

Obtenção do Material Genético e Estratégias de Acasalamento

Além disso, os pesquisadores celebraram a conclusão bem-sucedida de um dos objetivos primários: a obtenção do material genético (peixes) para os futuros projetos. Indivíduos de nove estoques distintos de tilápia nilótica, provenientes de diversos estados brasileiros, foram transferidos e acomodados no Centro de Pesquisa de Rio Preto. Esses peixes foram mantidos separados quanto à origem até serem identificados por meio de PIT-Tag (Passive Integrated Transponder) que são conhecidos como microchips. Para promover acasalamentos direcionados, machos e fêmeas de diferentes estoques foram estrategicamente combinados.

Ao final do dia, a equipe visitou a estrutura de hapas (que são tanques-rede de tecido ou tela plástica) nos viveiros, projetada para facilitar o processo de reprodução. Cada unidade recebeu um casal, formando assim famílias de irmãos-completos. A criação dessas famílias representa uma das etapas mais desafiadoras e meticulosas da tarefa, pois cada acasalamento é cuidadosamente planejado de acordo com critérios de estoque e tamanho dos peixes.

Expectativas de Melhoramentos Genéticos e Nutricionais

Segundo Perazza, “a expectativa é que a variabilidade genética acumulada ao longo dos anos, devido à adaptação local a diversas condições climáticas e sistemas de criação, permita a identificação de marcadores genéticos associados a perfis nutricionais mais saudáveis, especialmente no filé”.

A progênie, que é um conjunto de descendentes resultante desses cruzamentos, a geração G1, servirá como base para avaliações nas áreas temáticas mencionadas anteriormente. Este marco representa um passo significativo na busca por aprimorar a qualidade nutricional da tilápia, contribuindo para avanços na produção de pescado e potencial impacto positivo na saúde humana.

Impacto na Cadeia Produtiva da Piscicultura Brasileira

Segundo o pesquisador do IP e coordenador de parcerias do Projeto Pescado para Saúde, Vander Bruno dos Santos, “essa prospecção genômica em tilápias nilóticas é extremamente importante para o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva, uma vez que trará benefícios ao melhoramento genético da principal espécie da piscicultura brasileira, no que diz respeito tanto à eficiência em aspectos produtivos quanto à qualidade nutricional voltada à nossa saúde”.

O foco na genética e na nutrição da tilápia representa um passo importante para otimizar não apenas a produtividade, mas também a qualidade do pescado oferecido ao mercado brasileiro. Esse avanço pode tornar a piscicultura mais sustentável e economicamente viável.

Colaborações e Parcerias no Projeto Pescado para Saúde

O Pescado para Saúde tem como missão promover e aumentar o consumo de pescado, incluindo produtos de aquicultura fortificados nutricionalmente, como uma opção saudável de alimentação, na luta contra a obesidade, doenças coronárias e males associados no Estado de SP e no Brasil.

Uma característica marcante do Núcleo é a sua ampla rede de colaboração. O Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) é a instituição sede, trabalhando em co-execução com o Instituto de Pesca, e em parceria com a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Além das entidades de pesquisa, participam do Núcleo empresas brasileiras como Polinutri e Neogen, e estrangeiras como Biomar (Noruega), Veramaris (Países Baixos), Lesaffre (França) e AquaHana (Estados Unidos).

Impacto Direto na Saúde Humana

O projeto visa não apenas melhorar a qualidade nutricional do pescado, mas também influenciar positivamente a saúde pública. Com a possibilidade de produzir tilápias com um perfil genético aprimorado para oferecer mais nutrientes essenciais, a inclusão desse peixe na alimentação diária pode ajudar a combater problemas de saúde como obesidade e doenças coronárias.

A genética desempenha um papel crucial, mas a forma como os peixes são alimentados e cuidados também é fundamental para alcançar o objetivo final. A colaboração entre diferentes especialistas e instituições permite uma abordagem multidisciplinar, essencial para o sucesso desse tipo de projeto.

Perspectivas Futuras e Potencial de Inovação

A etapa experimental da Tarefa 6 do Projeto Pescado para Saúde é apenas o início de um trabalho muito maior. As descobertas feitas a partir dessa pesquisa têm potencial para revolucionar a piscicultura no Brasil, tornando-a mais eficiente e com produtos de melhor qualidade.

Além dos benefícios diretos à saúde, a inovação genética aplicada à tilápia pode levar a novas técnicas e tecnologias no setor da aquicultura, beneficiando empresas, consumidores e o meio ambiente. Esse projeto representa um grande passo para colocar o Brasil na vanguarda da pesquisa e desenvolvimento em piscicultura.

Por fim, a geração de conhecimento e o desenvolvimento de novos produtos a partir deste projeto têm o potencial de criar um ciclo virtuoso de inovação, com impactos positivos na economia e na saúde pública, não só no Brasil, mas também em outros países que poderão adotar as tecnologias e práticas desenvolvidas.