O Futuro da Reciclagem Química do Plástico por Fabiana Quiroga

O Futuro da Reciclagem Química do Plástico por Fabiana Quiroga

 

Reciclagem Química do Plástico: Artigo por Fabiana Quiroga, Diretora de Economia Circular da Braskem

Artigo por Fabiana Quiroga, Diretora de Economia Circular da Braskem.

Por que temos falado tanto da reciclagem química do plástico?

Cada vez mais, este tema deve ocupar espaço na estratégia de grandes indústrias, como já acontece com a Braskem, e também nas manchetes de jornais, em políticas públicas e, por que não, até em salas de aulas.

Fabiana Quiroga, Diretora de Economia Circular da Braskem.

Isso porque estamos falando de uma tecnologia-chave para ampliar a reciclagem do plástico, um dos grandes desafios da nossa época.

Na reciclagem química, uma grande variedade de plásticos pós-consumo consegue passar pela reciclagem, gerando o óleo de pirólise (também conhecido como óleo circular), matéria-prima empregada na produção de novos químicos ou resinas com conteúdo reciclado. Com as mesmas características e desempenho das versões produzidas a partir de fontes fósseis.

A grande abrangência e o resultado de alta performance proporcionados pela reciclagem química representam a quebra de paradigmas extremamente relevantes para o mercado de reciclados. A explicação está nesta tecnologia que supera importantes limitações da reciclagem mecânica, a forma mais conhecida e utilizada atualmente, no mundo todo.

Por meio destas diferentes abordagens, que se complementam e precisam seguir evoluindo paralelamente, estamos conseguindo transformar um volume crescente de resíduos pós-consumo. Assim, reinserindo-os na economia, evitando a extração incessante de novas matérias-primas e também o descarte inadequado.

Boas notícias para a reciclagem química no Brasil

No início deste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) trouxe um novo fôlego para esta agenda no Brasil com a atualização de seu documento de Perguntas e Respostas.

A pergunta 22 deste documento trouxe um esclarecimento importante: a reciclagem química por pirólise tem capacidade de utilização com segurança no ciclo de produção de plásticos destinados a aplicações de contatos com alimentos. Assim, não há a necessidade de autorização específica ou regulamentação adicional.

Este esclarecimento confirma a efetividade e segurança do processo, que gera moléculas idênticas àquelas produzidas a partir de matéria-prima fóssil.

Na prática, a atualização do documento cria um ambiente favorável à implementação de uma maior variedade de aplicações para os químicos e resinas com conteúdo reciclado, um impulso mais do que necessário para a economia circular.

Cenário e oportunidades: como continuar evoluindo?

Para que esta trajetória continue seguindo em ritmo acelerado, não há dúvidas de que a atuação conjunta da iniciativa privada, governo e sociedade é fundamental.

Segundo relatório do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), existe a possibilidade de redução da poluição por plástico destinados incorretamente em 80% até 2040 com o apoio de tecnologias já existentes, mas países e empresas precisam fazer mudanças profundas nas políticas e no mercado.

O Acordo Global do Plástico, iniciativa que traz consigo a grande expectativa de superar este desafio, pois se mostra como uma pauta central neste contexto. Especialmente pelo potencial de alavancar a gestão de resíduos, olhando para os desafios que temos hoje no Brasil. Há, no entanto, muito mais a ser feito!

Construir um futuro mais sustentável é possível e todo o esforço é bem-vindo

Em primeiro lugar, o resíduo plástico e toda a sua cadeia de valor precisam ter maior valorização. Além disso, políticas públicas efetivas ajudam a suportar a transição para a economia circular.

Já as indústrias e marcas têm o desafio de aderir cada vez mais ao design circular, assim como ampliar a oferta de soluções com conteúdo reciclado rastreável e certificado.

Por fim, mas não menos importante: os consumidores precisam fazer, cada vez mais, escolhas adequadas e conscientes. Afinal, a demanda tem um papel determinante para que este mercado seja economicamente viável.

Neste contexto de grandes desafios, deve-se lembrar a todo momento que cada elo produz um impacto e todos são essenciais. Não é um caminho simples, mas possível!

A Braskem vem atuando fortemente há anos nesta direção, movida por seu compromisso com o desenvolvimento da cadeia de valor da reciclagem e sua meta de eliminação de resíduos plásticos. Para evoluir nestas frentes, temos uma série de iniciativas e investimentos, ancorados na nossa plataforma de economia circular, Wenew.

Além disso, a maior parte das nossas unidades conta com a ISCC Plus (Certificação Internacional em Sustentabilidade e Carbono) para utilização de matéria-prima circular obtida por meio da reciclagem química em nosso processo produtivo.

Recentemente, após rigorosos testes de segurança e qualidade, também recebemos a autorização da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para utilização do óleo de pirólise na produção de combustível em nossa central petroquímica localizada no Rio Grande do Sul.

Estes são marcos que representam um relevante avanço para a economia circular, dinamizando este mercado para que a demanda se consolide de forma crescente e constante.

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