O metaverso já pode ser uma realidade nas indústrias. Pelo menos é o que afirma a Siemens. A empresa alemã comemora 175 anos e aproveitou para apresentar o Xcelerator, plataforma que promete acelerar o processo de digitalização de indústrias utilizando os chamados “gêmeos digitais” (que significa “gêmeos digitais”, na tradução do inglês para o português). Para entender como a Internet das Coisas, softwares e realidade virtual estão sendo utilizados nas fábricas, o Armário para Vestiário Blog foi para a sede da empresa, que fica em Berlim, na Alemanha.
À primeira vista, o tema “digitalização da indústria” parece complexo. Afinal, como o metaverso pode ser usado em fábricas que produzem carros, aparelhos eletrônicos, no setor de mobilidade e até na saúde? Entenda a seguir.
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O que é o Xcelerator?
O Xcelerator é uma plataforma recém-lançada pela Siemens que oferece uma variedade de hardware e software habilitados para IoT (Internet of Things). A promessa é que o serviço, voltado para as indústrias, aproxime quem trabalha nas operações fabris (tecnologia operacional, OT) do universo da Tecnologia da Informação (TI). “A plataforma abre espaço para trazer o mundo da TI para o mundo da OT”, defendeu o CEO global de Automação Industrial da Siemens Rainer Brehm em entrevista à Armário para Vestiário Blog.
A plataforma possui vários recursos. Permite criar hardware, aplicativos e software personalizados para as necessidades que as empresas têm em seu processo produtivo. Como exemplo prático, a ferramenta permite simular peças de um carro novo e escolher a melhor matéria-prima para usar nelas. “Com o Siemens Xcelerator, estamos dando o próximo passo lógico para acelerar ainda mais a transformação digital do setor, fornecendo tudo o que é necessário para tornar o setor resiliente diante de um mundo em constante mudança”, diz Rainer.
O que são gêmeos digitais? Entenda como a “mágica acontece”
A expressão gêmeo digital foi um dos mais utilizados pelos executivos da Siemens na apresentação do Xcelerator. O conceito nada mais é do que uma projeção digital de algo real. “É uma representação virtual de um sistema ou processo físico do mundo real que pode ser usado para fins práticos”, definiu Rainer.
Esse gêmeo digital pode ser uma projeção do novo celular que está sendo desenvolvido por sua fabricante favorita, por exemplo, ou do carro que está sendo planejado por aquela montadora de sucesso. “Em vez de construir um protótipo no mundo real usando recursos valiosos, você pode projetar, simular e otimizar múltiplas variações de seu produto no mundo digital e acertar o produto primeiro, antes de produzir sua versão física. Tudo isso acontece em uma fração do tempo que levava antes”, detalha o executivo, que defende que esse processo de produção virtual deve permitir que produtos eficientes sejam produzidos com menor custo, mais velocidade e de forma mais sustentável.
Após criar várias versões digitais do produto e otimizá-las, a fabricante poderá chegar ao seu protótipo final e finalmente produzir seu gêmeo físico – o celular ou o carro que será comercializado e você poderá comprar. O conceito promete ser a vanguarda do metaverso industrial.
O metaverso industrial já é uma realidade?
Segundo a Siemens, suas soluções para digitalizar a indústria já podem ser utilizadas em diversos setores, nos mais diversos lugares. “O Siemens Xcelerator funciona em qualquer lugar do mundo, para qualquer setor, para qualquer empresa de qualquer tamanho.” E, de fato, não faltaram exemplos de aplicabilidade da digitalização industrial no evento de Berlim.
Foram apresentadas diversas soluções desenvolvidas via Xcelerator para os setores de transporte público, construção civil e saúde. A Siemens também anunciou uma parceria com a Volta Trucks, fabricante que começa a produzir os primeiros caminhões elétricos do mundo. O caso O que mais chamou a atenção, porém, foi o Siemensstadt, projeto de cidade sustentável da empresa alemã. O bairro, localizado em Berlim, abriga a sede da Siemens, além de casas para seus funcionários e estabelecimentos comerciais. Agora, a empresa quer transformar a área em um exemplo de “cidade do futuro”: seus mais de 73 hectares de extensão serão palco de testes de soluções digitais para as indústrias de construção, elétrica, mobilidade e afins.
O projeto – que já está sendo desenvolvido como um gêmeo digital – custará mais de 1,5 bilhão de euros (cerca de R$ 7,8 bilhões em conversão direta) e só deve ser concluído em 2030. O alto custo do investimento, bem como seu lançamento projeção apenas para 2030, demonstram que o metaverso aplicado ao ambiente industrial já existe, mas caminha lentamente mesmo nos países desenvolvidos.
Por fim, vale destacar que a aplicação dessas tecnologias nas indústrias se concentrou no mercado europeu e norte-americano até o momento. No Brasil, a importação desses recursos ainda está em fase embrionária.
*O jornalista viajou para Berlim a convite da Siemens.
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