A Masterboi reforçou a defesa da rastreabilidade individual do rebanho como caminho para ampliar o acesso da carne brasileira a mercados exigentes. Em São Geraldo do Araguaia, no sudeste do Pará, a empresa reuniu pecuaristas e profissionais do setor para um roteiro técnico com palestras, demonstração prática de identificação por brinco e a etapa local do Circuito Nelore de Qualidade. A mensagem central foi direta: controlar cada animal do nascimento ao abate fortalece a gestão, reduz perdas e abre portas comerciais.
O presidente da companhia, Nelson Bezerra, deu o tom ao encontro e destacou que a consistência na pecuária depende de organização e adoção de ferramentas de controle. “O crescimento consistente na agropecuária pede uma administração sólida e atenção às inovações do setor”, disse. Ao lado de especialistas e parceiros setoriais, Bezerra associou rastreabilidade a eficiência de fazenda e a índices melhores de qualidade de carcaça, fatores que pesam na mesa do comprador internacional.
Masterboi defende rastreabilidade do rebanho para conquista do mercado internacional
A proposta apresentada foi a de rastrear de forma individual cada bovino por meio de brincos de identificação e sistemas de registro integrados às rotinas de campo e de frigorífico. O objetivo é documentar a vida produtiva do animal, desde a origem na fazenda até a expedição da carne, criando um histórico auditável. Para o setor, esse tipo de comprovação facilita negociações com clientes que trabalham com protocolos de compra e exigem informações objetivas sobre o percurso do lote, padrões de manejo e resultados de qualidade obtidos no abate.
No encontro, a Masterboi apresentou o programa Rastreabilidade Individual: Gestão Eficiente e ressaltou que o controle por animal ajuda a evitar falhas em pesagens, confusões de lotes e divergências no fechamento de notas. A empresa destacou ainda que, diante do cenário de maior competição por mercados e diferenciação por qualidade, informações consistentes reduzem as incertezas do comprador e encurtam o tempo de decisão na compra. A leitura foi compartilhada por produtores e consultores que participaram das atividades.
O que foi apresentado nos encontros
O roteiro em São Geraldo do Araguaia combinou conteúdo técnico com demonstrações no curral. Além da abertura feita por Nelson Bezerra, produtores assistiram a palestras com especialistas como Thiago Witzler (SBCert), Waldemar Rickli (Multivet) e Vasco Picchi (Safetrace). O grupo abordou vantagens operacionais e financeiras da identificação individual, os principais tipos de brinco disponíveis, critérios de aplicação e leitura, e rotinas de registro que evitam perda de dados. Em outra frente, o secretário estadual Raul Protázio apresentou o Programa Requalifica Pará, com ênfase em qualificação e padronização de processos produtivos na cadeia da carne.
A programação incluiu a etapa local do Circuito Nelore de Qualidade, promovido pela Associação Brasileira de Criadores de Nelore (ABCN). Foi a primeira vez que o município recebeu a avaliação, que observa métricas como peso e conformação de carcaça, acabamento e rendimento. Segundo dados da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), São Geraldo do Araguaia possui mais de 380 mil cabeças de bovinos, com predominância da raça Nelore em 80% do rebanho, o que ajuda a explicar o interesse pela agenda de qualidade e pela adoção de controles de identificação.
Por que a rastreabilidade pesa no acesso a mercados
Compradores que operam com padrões rígidos de aquisição precisam de dados confiáveis sobre o produto. Em carne bovina, o histórico de cada animal e a consistência das informações de lote reduzem dúvidas na verificação de origem, estimulam contratos mais estáveis e ampliam o interesse por programas de qualidade. Isso se traduz, no dia a dia, em processos comerciais com menos retrabalho documental, menos tempo em análises de conformidade e, em alguns casos, em bonificações para lotes que atendem a critérios objetivos de classificação e rendimento.
Para a fazenda, o controle individual permite separar grupos por desempenho, corrigir gargalos de ganho de peso e programar saídas com maior previsibilidade. Para a indústria, significa receber animais com informações confiáveis, planejar a produção por parâmetros padronizados e avançar em programas de diferenciação. A soma desses efeitos ajuda a construir relação de longo prazo entre fornecedor e cliente, algo valorizado no comércio internacional e nas redes que operam com especificações técnicas definidas.
Como funciona: identificação individual e registros
A base da rastreabilidade é o cadastro do animal com um identificador único. Na prática, a fazenda aplica um brinco visual ou eletrônico (RFID) na bezerra ou no bezerro e registra dados essenciais: número do brinco, data de nascimento estimada, lote, procedência dentro da propriedade, raça, sexo e, quando disponível, filiação. A partir daí, cada movimento relevante é documentado: apartações, mudanças de piquete, tratamentos sanitários, suplementações, pesagens e embarques. O volume de dados cresce rapidamente, o que exige padronização de campos e rotina de conferência.
No curral, leitores de brinco eletrônico aceleram a identificação e reduzem erro humano. Nos sistemas de gestão, os registros são vinculados ao ID do animal, permitindo relatórios de desempenho por indivíduo e por lote. Na etapa industrial, a informação do animal é conectada ao número de romaneio e à carcaça, com códigos que acompanham a desossa e a expedição. Assim, quando o cliente final solicita comprovações, a empresa consegue recuperar a trilha de dados sem depender de anotações dispersas. O resultado é um encadeamento que dá previsibilidade às auditorias e confiança ao comprador.
Passo a passo para a fazenda que quer implantar
Especialistas que participaram do encontro em São Geraldo do Araguaia recomendam começar simples, com foco em qualidade de informação. O primeiro movimento é mapear as etapas do ciclo produtivo da fazenda e definir quais eventos serão registrados de forma obrigatória. Em seguida, escolhe-se o tipo de brinco, o modelo de registro (papel ou digital) e as ferramentas de leitura. A capacitação da equipe é decisiva, porque o padrão de anotações precisa ser mantido mesmo em dias de curral cheios. A ideia é construir uma rotina que caiba no ritmo da propriedade e que, ao mesmo tempo, produza dados úteis de gestão.
Com o sistema rodando, a recomendação é auditar periodicamente a base de dados para checar inconsistências, revisar protocolos de aplicação de brinco e ajustar o fluxo de informações entre campo e escritório. Pequenos ganhos, como garantir que toda pesagem esteja associada ao brinco correto, já geram impacto na leitura do desempenho. A unificação de registros também facilita o atendimento a programas de qualidade e a eventuais demandas contratuais com frigoríficos e distribuidores.
- Definir o escopo: quais categorias serão rastreadas (bezerros, recria, engorda) e quais eventos serão obrigatórios de registrar.
- Escolher o identificador: brinco visual, eletrônico (RFID) ou combinação, considerando durabilidade e custo de reposição.
- Padronizar a numeração: evitar códigos duplicados e manter uma sequência clara para facilitar auditorias internas.
- Definir ferramentas: leitor manual ou fixo, planilha ou software, integração com balança e com o escritório.
- Treinar a equipe: simulações prévias no curral e checklists simples garantem consistência de dados.
- Auditar e corrigir: rodar conferências periódicas para detectar perdas de brinco, erros de digitação e duplicidades.
Demonstração de brincamento: o que muda no dia a dia
A demonstração prática em São Geraldo do Araguaia exibiu o processo de brincamento bovino do início ao fim. Técnicos mostraram a higienização do local de aplicação, a escolha do ponto correto na orelha para evitar desconforto e a checagem do encaixe para que o brinco não se perca. Depois da aplicação, o número do brinco foi associado a um cadastro com informações básicas do animal. Em seguida, os participantes acompanharam a leitura por RFID, que agiliza as atividades de curral, principalmente em apartações e pesagens.
Na rotina da fazenda, o ganho mais imediato é a organização. A equipe passa a ter uma referência única para cada indivíduo, o que reduz interpretações diferentes na troca de turno e facilita a comunicação entre o vaqueiro, o gerente e o escritório. Na conferência antes do embarque, por exemplo, a leitura de brinco evita que um animal de outro lote entre no caminhão por engano, problema que gera discussões na entrega e pode comprometer negociações futuras. Com isso, a propriedade ganha previsibilidade e reduz retrabalho.
Impactos no frigorífico e na indústria
Quando a informação de origem chega alinhada, o frigorífico organiza a escala com mais precisão e sincroniza a linha de abate com metas de rendimento e acabamento. Na classificação, dados de peso de carcaça e conformação são conectados ao ID do animal e ao lote, permitindo comparar resultados de fornecedores e identificar padrões que interessam aos programas de qualidade. Essa retroalimentação volta à fazenda em relatórios que ajudam a ajustar o manejo para próximos lotes. O incremento de previsibilidade melhora a negociação e diminui as margens de erro no fechamento comercial.
A etapa do Circuito Nelore de Qualidade em São Geraldo do Araguaia reforçou esse ponto. Ao medir critérios objetivos de carcaça e divulgar os resultados, o circuito dá um recorte do que a indústria valoriza no momento. A rastreabilidade, nesse contexto, facilita identificar quais lotes atingiram a régua e quais ficaram aquém, com base em dados e não em impressões. Para o produtor, essa leitura ajuda a pautar ajustes na nutrição e no manejo de terminação; para a indústria, orienta os incentivos à base fornecedora.
Custos, prazos e retorno esperado
O custo para rastrear depende do tipo de identificador, do número de animais e do nível de digitalização. Brincos visuais costumam ter menor preço unitário, enquanto os eletrônicos agregam velocidade de leitura e redução de erros operacionais. Ao custo do brinco somam-se leitor, eventuais antenas, treinamento e tempo de equipe para registrar e conferir dados. Em propriedades com grandes lotes, o ganho de produtividade de curral compensa a diferença do brinco eletrônico. Em sistemas menores, começar pelo visual e evoluir gradualmente é um caminho frequente.
O retorno aparece em frentes diferentes: menos animais trocados entre lotes, menos divergências de pesagem, embarques mais precisos e maior assertividade em compras de insumos. Outro ponto é a gestão por desempenho individual, que permite descartar mais cedo animais com ganho abaixo da meta e direcionar a suplementação a quem responde melhor. Em operações que miram mercados com protocolos específicos, a rastreabilidade passa a ser requisito de acesso, o que, por si só, justifica o investimento. Em geral, propriedades relatam um período de adaptação nos primeiros meses e ganhos de fluidez operacional a partir do segundo ciclo de uso.
Participação regional e números de São Geraldo do Araguaia
Com mais de 380 mil cabeças bovinas, São Geraldo do Araguaia tem base produtiva relevante para o sudeste paraense. A predominância da raça Nelore, estimada em 80% do rebanho, explica a escolha do município para sediar a etapa do Circuito Nelore de Qualidade. Ao levar a avaliação para a região, a organização dá visibilidade a resultados locais e incentiva práticas de gestão que elevam o padrão médio dos lotes. O foco em identificação individual aparece como peça de apoio a essa busca por padronização de carcaça e resultados consistentes no abate.
Produtores que participaram do roteiro relataram interesse em integrar as informações de curral com planilhas ou sistemas de gestão já usados na fazenda. A expectativa é reduzir perdas operacionais e se colocar em posição favorável em futuras negociações com a indústria. Ao final das apresentações, técnicos reforçaram que a adesão é escalável: é possível começar com um grupo de animais, validar o processo e, só então, expandir para todo o rebanho, mantendo o fluxo de trabalho adaptado ao tamanho da equipe.
Perguntas frequentes de quem está começando
Uma dúvida recorrente diz respeito à perda de brinco no pasto. A orientação é usar o ponto de aplicação recomendado pelo fabricante e revisar a fixação nas primeiras semanas após o brincamento. Em locais de vegetação mais fechada, o uso de modelos com travas reforçadas reduz o risco de queda. Caso o brinco se perca, a reposição deve manter o mesmo número no sistema, com observação no cadastro para preservar a continuidade do histórico do animal. Essa rotina simples evita buracos no registro e assegura a confiabilidade do dado.
Outra questão comum é sobre a necessidade de leitores eletrônicos desde o início. Para propriedades que ainda avaliam custo-benefício, a adoção pode ser faseada: começa-se com brinco visual e registro manual bem feito, evolui-se para planilhas padronizadas e, mais adiante, avalia-se a migração para RFID e integração com balanças. A chave é garantir consistência de informação independentemente da tecnologia. Em qualquer etapa, o que sustenta a rastreabilidade é a disciplina de registrar os eventos e de conferir os dados com periodicidade definida.
- Perdi o brinco. E agora? Reaplique e atualize o cadastro com a observação de reposição.
- Preciso de internet no curral? Não necessariamente; é possível registrar offline e sincronizar depois.
- Dá para integrar com a balança? Sim, desde que o equipamento permita leitura do ID no ato da pesagem.
- Como lidar com terceirizados? Treinamento e checklists simples ajudam a manter o padrão de registro.
Erros comuns e como evitar
Dois deslizes aparecem com frequência nas implantações iniciais: números duplicados e cadastros incompletos. O primeiro acontece quando não há um plano de numeração único, com reserva de faixas para cada categoria ou safra. O segundo decorre de pressa no curral e de campos sem conferência posterior. A prevenção passa por um protocolo simples de cadastro, por uma planilha-mestra que registre a sequência utilizada e por auditorias mensais para corrigir desvios. Quando a base está organizada, o restante do processo flui melhor.
Outro ponto de atenção é a manutenção do brinco. Modelos de baixa durabilidade, aplicação em posição inadequada ou uso de alicates fora de especificação aumentam a chance de perda. O ideal é seguir a orientação técnica do fabricante e revisar o estoque de reposição. Também vale treinar a equipe para reconhecer, durante as rotinas de manejo, qualquer sinal de afrouxamento do fecho. Pequenas manutenções preventivas custam menos do que reconstruir um histórico perdido por falhas de identificação.
- Evite numeração sem padrão; adote um esquema por categoria e safra.
- Padronize campos obrigatórios no cadastro (data, lote, origem interna).
- Audite a base mensalmente para eliminar duplicidades e lacunas.
- Monitore a integridade dos brincos e mantenha estoque de reposição.
Ferramentas, serviços e integração de dados
Os palestrantes convidados em São Geraldo do Araguaia abordaram a importância de combinar identificação confiável com verificação independente e com software de gestão. Thiago Witzler, da SBCert, apresentou pontos de checagem que aumentam a credibilidade da informação, como auditorias periódicas e trilhas de auditoria em sistemas. Waldemar Rickli, da Multivet, detalhou cuidados práticos na aplicação do brinco, com ênfase em posição correta e higiene dos alicates. Já Vasco Picchi, da Safetrace, tratou da integração entre leitores, balanças e sistemas, destacando que o ganho aparece quando a captura de dados acontece no momento do manejo, com o mínimo de digitação manual possível.
Em campo, soluções que combinam RFID com aplicativos offline ajudam a registrar eventos mesmo sem conexão constante. No escritório, relatórios automatizados transformam dados brutos em indicadores de desempenho por lote e por indivíduo, como ganho médio diário, idade ao abate e conversão em carcaça. Na indústria, a conexão entre romaneio, classificação de carcaça e rastreabilidade de cortes facilita o atendimento a especificações de clientes e a participação em programas de qualidade. Esse encadeamento reduz retrabalho administrativo e encurta o caminho entre a coleta de dados e as decisões de negócio.
Qualidade de carcaça: o que o mercado olha
O Circuito Nelore de Qualidade foca em métricas que têm impacto direto no valor obtido pelo produtor. Entre os pontos observados estão peso e conformação de carcaça, acabamento e rendimento. A rastreabilidade ajuda a relacionar esses resultados à rotina de manejo que cada lote recebeu na fazenda, permitindo comparar categorias, idades e estratégias de nutrição. Com dados organizados, o produtor consegue responder rapidamente à pergunta central: que perfil de animal performa melhor no meu sistema?
A indústria, por sua vez, utiliza as mesmas informações para planejar cortes, atender especificações de clientes e calibrar bonificações vinculadas a padrões de qualidade. Quando há histórico por animal, é possível identificar fornecedores com constância de resultados e montar escalas que priorizem lotes alinhados à demanda. O efeito prático aparece no número de carcaças que batem a meta e na redução de variações indesejadas dentro do mesmo embarque. Dados confiáveis tornam esse ajuste fino mais rápido.
Gestão do risco e segurança da informação
Ao digitalizar a rastreabilidade, a fazenda passa a lidar com dados sensíveis de produção. Por isso, recomenda-se adotar rotinas de backup, controle de acesso por usuário e revisão periódica de permissões. Em sistemas que funcionam offline, é importante definir uma frequência de sincronização e checar logs para evitar perda de registros. Em operações maiores, a criação de um calendário de auditorias internas ajuda a antecipar problemas e a manter a base limpa para eventuais checagens externas.
Outra frente é a continuidade operacional. Mesmo com leitores eletrônicos, é prudente manter um plano B — como a possibilidade de registrar eventos em papel padronizado durante panes — e, depois, fazer a inserção no sistema com conferência dupla. O objetivo é impedir que um imprevisto no dia de manejo comprometa a série histórica do rebanho. Quanto mais constante a rotina de registro, mais confiáveis se tornam os indicadores usados para decisões comerciais e técnicas.
Integração com compras, nutrição e calendário de venda
A rastreabilidade individual não serve apenas para atender exigências comerciais. Na prática, ela reorganiza informações que sustentam decisões do dia a dia. Ao cruzar dados de ganho de peso com suplementações e mudanças de pasto, o gerente identifica respostas por categoria e por época do ano, ajustando o plano nutricional. Na compra de insumos, séries históricas ajudam a dimensionar estoques, negociar prazos e evitar sobras no final do ciclo. No calendário de venda, os relatórios apontam lotes que atingiram ponto ótimo de abate, o que melhora a previsibilidade do fluxo de caixa.
Essas conexões tornam o sistema mais responsivo a variações de preço e demanda. Se um comprador sinaliza preferência por determinado padrão de carcaça, a fazenda com dados estruturados consegue organizar a terminação para atender a janela proposta. Na ausência de informações confiáveis, ajustes ficam mais lentos e sujeitos a erro. O detalhe, aqui, é manter a rotina de registro simples e executável pela equipe, para que o sistema funcione nos dias mais intensos de curral e não apenas em semanas tranquilas.
Sinalizações do encontro e próximos movimentos do setor
A passagem do roteiro técnico por São Geraldo do Araguaia indica que a discussão sobre identificação individual já está na agenda dos produtores da região. A combinação de palestras e atividade no curral aproximou conceitos de situações reais de manejo, o que costuma acelerar a adoção de boas práticas. Ao associar rastreabilidade à participação no Circuito Nelore de Qualidade, a Masterboi e os parceiros buscaram evidenciar o elo entre dados bem coletados e resultados concretos de carcaça, ponto-chave para negociar com compradores que trabalham com especificações objetivas.
A expectativa de participantes é que a rotina de identificação se espalhe por mais propriedades, com diferentes graus de digitalização. Em muitas fazendas, o primeiro passo é padronizar a numeração e organizar o cadastro; em outras, a integração com leitores e balanças deve vir em seguida. Nos dois casos, a meta é a mesma: transformar informação de campo em decisão de negócio que melhore o resultado por hectare e posicione a carne brasileira de maneira competitiva em praças exigentes.
Como começar já: checklist prático
Quem pretende iniciar agora pode focar em um lote-piloto. Escolha uma categoria — por exemplo, garrotes em terminação — e aplique a numeração a todos os animais do grupo. Registre data, lote, peso e eventos de manejo em planilha com campos fixos. Combine com a equipe um dia por semana para auditoria rápida: conferir se todos os IDs têm atualização, se houve perda de brinco e se a sequência de numeração segue intacta. Em trinta dias, já é possível gerar um primeiro relatório com ganho médio diário e checar a regularidade do processo.
A partir dessa validação, escale o método para outras categorias e avalie a adoção de leitores eletrônicos. Se a fazenda trabalha com diferentes frentes de manejo, defina responsáveis por cada etapa do registro e mantenha um calendário claro de pesagens e apartações. No relacionamento com a indústria, compartilhe os indicadores principais do lote e combine critérios de avaliação. Essa postura encurta distâncias e cria previsibilidade para ambas as pontas da cadeia.
- Selecione um lote-piloto e padronize a numeração.
- Defina campos obrigatórios de cadastro e auditoria semanal.
- Monitore perdas de brinco e faça reposição com o mesmo ID no sistema.
- Considere leitores RFID para reduzir erros em pesagens e embarques.
O que disseram os participantes e a mensagem final
Ao final do evento, a avaliação entre produtores foi de que a rastreabilidade individual, somada a uma rotina simples de registro, tende a melhorar a organização da fazenda e a fortalecer negociações com a indústria. A demonstração de brincamento mostrou que procedimentos corretos evitam perdas de identificadores e que a adoção de leitores acelera atividades no curral. Para quem está iniciando, a orientação dos técnicos foi priorizar o básico bem-feito e crescer por etapas, sem pular processos.
Nelson Bezerra resumiu o recado ao parabenizar os pecuaristas da região e reforçar que a venda de carne para clientes exigentes passa por comprovação e padronização. A leitura do setor é que, com dados organizados e foco em qualidade de carcaça, a base produtiva amplia oportunidades. Para os participantes, ficou a percepção de que a rastreabilidade deixou de ser um tema distante do cotidiano e se tornou ferramenta de gestão com impacto direto no resultado e no acesso a mercados.