Pokémon Scarlet and Violet perde a chance de ser um marco; ver comentário

Pokémon Scarlet e Violet são os novos jogos da franquia de monstrinhos desenvolvidos pela Game Freak e lançados pela Nintendo. A nova aventura promete renovar a fórmula que acompanha a série desde 1996, mantendo a essência dos jogos clássicos. Assim como os títulos anteriores da saga, este também possui duas versões, cada uma com Pokémon exclusivos. Entre eles, os lendários ilustrados na capa de cada versão – Koraidon em Escarlate e Miraidon em Violeta.

Os jogos foram lançados no dia 18 de novembro para o Nintendo Switch por R$ 299 no pacote individual e R$ 598 no combo com Scarlet e Violet. O TechAll testou as duas versões e conta quais são os principais sucessos da Game Freak nesta geração de Pokémon e quais erros devem ser evitados em lançamentos futuros. Verificação de saída:

🎮 Pokémon Scarlet and Violet: conheça a história e a jogabilidade dos RPGs da franquia

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História

Ambos os jogos se passam na região fictícia de Paldea. O jogador assume o controle de um treinador que se mudou recentemente para o continente e precisa frequentar duas escolas Pokémon: Naranja Academy, em Scarlet, ou Uva Academy, em Violet. Assim como nos jogos anteriores da franquia, você terá que escolher um dos três monstros iniciais, que desta vez são: Sprigatito, do tipo flat; Fuecoco, tipo fogo; e Quaxly, um tipo de água.

Após uma longa introdução, o jogador fica livre para escolher entre as três histórias principais que compõem Scarlet e Violet. A primeira delas é a “Estrada da Vitória”, que é a clássica jornada para obter as oito insígnias com líderes de ginásio espalhados pelo mapa e se tornar um mestre Pokémon.

Outro caminho é o “Path of Legends”, onde você terá que enfrentar cinco titãs, Pokémon gigantes que guardam a “Herba Mystica”, capaz de conceder habilidades especiais de exploração. O terceiro segmento é “Starfall Street”, que se resume a cinco batalhas com o time de vilões desta geração, o “Team Star”, composto por grupos de alunos turbulentos da Academia Naranja e da Academia Uva.

O mapa do jogo informa a localização dos oito ginásios, dos cinco Pokémon titãs e das cinco bases do “Team Star”, e o jogador tem certa liberdade para escolher qual dos caminhos quer seguir. No entanto, cada desafio tem um nível de dificuldade pré-determinado, reduzindo o fator de livre escolha e tornando a jornada mais linear. Apesar disso, esta é a geração com mais missões principais para completar. O ponto negativo, como esperado da série, é que os jogos não possuem legendas em português, o que pode dificultar o acesso de muitos jogadores à história.

Mundo aberto

O mundo aberto é um dos maiores atrativos de Scarlet and Violet, que tem fortes legados de Pokémon Legends: Arceus, lançado em janeiro deste ano. O mapa da região de Paldea faz a Wild Area de Pokémon Sword and Shield parecer um pequeno experimento, já que cada pedaço do continente possui diversas ramificações, o que pode deixar o jogador sempre em dúvida de qual caminho seguir.

Nos momentos iniciais do jogo, o lendário da geração, Koraidon ou Miraidon, junta-se ao treinador. Porém, a princípio não pode ser usado em batalhas, funcionando como uma montaria para o jogador, o que torna a exploração do mundo aberto mais ágil. À medida que a aventura avança, será possível desbloquear algumas habilidades para o monstrinho, como nadar e planar, o que lhe permitirá acessar novas áreas do mapa.

Cada local do mapa está repleto de Pokémon selvagens, que variam de acordo com o tipo da região. É possível ter uma ideia de quais monstros estão presentes em cada área pelo mini radar localizado no canto inferior direito da tela, que se atualiza conforme o jogador avança pelo mapa. No entanto, é preciso ter cuidado durante a exploração, pois é muito fácil entrar em áreas cujos inimigos possuem níveis superiores ao da equipe do jogador.

O mapa de Paldea é vasto e possui detalhes que enriquecem a exploração, que vão desde itens espalhados pelo mapa até treinadores dispostos a batalhar com o jogador. No entanto, Scarlet e Violet falham em oferecer cenários fechados detalhados, como cavernas, prédios ou mansões. Além disso, as estruturas da cidade são muito simplistas, pois não possuem habitantes com diálogos atraentes e não transmitem a sensação de que há vida nos lugares.

jogabilidade

A jogabilidade de Scarlet and Violet segue uma estrutura semelhante a outros jogos da franquia Pokémon, com algumas mudanças. Assim como em Legends: Arceus, o combate ocorre em tempo real, sem a clássica transição do mapa-múndi para o modo de batalha. Outra inclusão é o modo “Let’s Go”, que permite enviar o monstrinho para lutar contra outros Pokémon instantaneamente.

O sistema de aprendizado de habilidades também permanece semelhante ao dos jogos anteriores, exceto que, neste jogo, é possível reaprender técnicas esquecidas por meio do Pokédex. Dessa forma, o jogador não precisa ter medo de testar novos ataques. A mecânica de captura, porém, permanece a mesma: basta enfraquecer o monstro adversário e lançar uma Pokébola. Dependendo do nível do inimigo, pode levar mais de uma tentativa.

A novidade fica por conta do fenômeno Terastal, que permite ao Pokémon assumir uma forma cristalizada, capaz de mudar de tipo por tempo limitado. Se o Pokémon tiver as classes Fogo e Lutador, por exemplo, é possível potencializá-lo apenas para o tipo Fogo, o que dará mais força aos seus ataques. O mapa Paldea possui alguns monstros selvagens em forma cristalizada, que oferecem combates desafiadores e um maior acúmulo de experiência quando derrotados.

Embora as formas cristalizadas forneçam mais estratégia de combate, elas não apresentam grandes mudanças em termos visuais e ficam muito abaixo de outras transformações que já passaram pela franquia. As mega evoluções introduzidas em Pokémon X e Y, lançadas em 2013 para o portátil Nintendo 3DS, apresentaram mudanças mais significativas nos designs dos monstrinhos. Por outro lado, a nova mecânica está mais presente na aventura quando comparada aos modos Dynamax e Gigantamax de Sword and Shield.

polimento

Se, por um lado, a Game Freak faz sucesso nas diversas novidades do jogo, por outro lado, a empresa falha em entregar um produto final sem o devido cuidado com a parte técnica. O primeiro ponto a se destacar é o gráfico, que, em vários momentos, possui texturas mal detalhadas, serrilhas e objetos que renderizam instantaneamente na frente do jogador. Por mais que o Nintendo Switch tenha um hardware mais modesto, a parte visual de Scarlet and Violet fica abaixo de outros títulos da franquia, como, por exemplo, Pokémon Legends: Arceus, mesmo que o título também tenha tido seus problemas.

Outro fator que pode interferir negativamente na experiência é a má otimização do jogo. Em nossos testes, encontramos quedas de frame rate em diversos momentos durante a exploração do mapa, variando desde pequenos travamentos, até lentidão nas animações de Pokémons, NPCs e outros objetos espalhados pelos cenários.

Pela internet, alguns jogadores constataram que esses problemas ocorrem por falta de limpeza do cache de memória e que reiniciar o jogo ao entrar e sair de uma cidade pode ajudar a amenizar a situação. Até que um patch de correção seja lançado, este é o método mais eficaz que pode garantir uma experiência mais suave.

Além do desconforto visual causado pela otimização do jogo, Scarlet e Violet também deixam a desejar na experiência sonora, pois, novamente, os personagens não possuem vozes e a única forma de acompanhar os diálogos é por meio das legendas. Essa é uma decisão que a Game Freak insiste em manter a cada novo lançamento de Pokémon, mas que não condiz com os padrões atuais da indústria de jogos e que precisa ser alterada nos próximos títulos da saga.

Conclusão

Scarlet and Violet poderia ter sido um marco para a franquia Pokémon, pois introduz mudanças há muito solicitadas pela comunidade, como um mundo aberto imersivo e uma jogabilidade menos linear. Porém, a falta de cuidado com os gráficos, a otimização que fica aquém de outros títulos no próprio Nintendo Switch e a ausência de dublagem fizeram com que parte do brilho do jogo ficasse comprometido.

Até a data de publicação da análise, a Nintendo não comentou sobre um possível patch para corrigir os problemas de desempenho. Além disso, outro ponto que precisa ser destacado é o fato de Scarlet and Violet, assim como os demais títulos da saga, também não possuírem legendas em português. Isso pode (e vai) impedir que jogadores que não falam outros idiomas aproveitem a história deste título, um de seus verdadeiros pontos fortes.

7.4

Pokémon Scarlet and Violet falha em entregar um jogo sem o polimento necessário

A nona geração de pocket monsters poderia ter sido um marco para a franquia, mas a quantidade excessiva de problemas técnicos tira muito do brilho dos jogos.

História
8

Mundo aberto
8

jogabilidade
9

Gráfico
6

atuação
6