Quais são as consequências da Brucelose e da Febre Aftosa na indústria pecuária brasileira?


A Importância da Vacinação na Pecuária Brasileira

A pecuária brasileira e sua produtividade

A pecuária brasileira é uma das mais produtivas do mundo, com uma produção de cerca de 7,9 milhões de toneladas de carne e 23,7 milhões de toneladas de leite apenas em 2022. No entanto, alguns problemas de saúde animal podem impactar negativamente a produção, como a Brucelose e a Febre Aftosa.

A Brucelose bovina e suas consequências

A Brucelose é uma doença altamente contagiosa que afeta bovinos e também pode ser transmitida para humanos. Ela é causada pela bactéria Brucella abortus e pode causar aborto em vacas, nascimento de bezerros fracos e inflamação nos testículos dos machos. No Brasil, a Brucelose é considerada uma doença endêmica, causando grandes prejuízos na pecuária de corte e leite.

Segundo dados da Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo, a Brucelose bovina é responsável por perdas de até 25% na produção de leite e impacta entre 10-15% da produção de carne bovina. Essas perdas são resultado de abortos, queda na produtividade, nascimentos prematuros, morte dos bezerros e também do descarte obrigatório do leite e da carcaça do animal contaminado, o que leva à desvalorização dos produtos no mercado internacional.

A transmissão da Brucelose e seus sintomas em humanos

A Brucelose pode ser transmitida entre os animais através do contato com secreções de animais infectados, fetos abortados, anexos fetais, secreções pós-aborto, secreções pós-parto de vacas contaminadas e ingestão de alimentos contaminados. A bactéria entra no organismo através das mucosas respiratórias, oral, conjuntiva ou por ferimentos na pele.

Nos humanos, a Brucelose pode causar sintomas como febre, mal-estar, fraqueza, dores pelo corpo, dores nas articulações, calafrios, sudorese e perda de peso. Pessoas que trabalham em fazendas, técnicos de reprodução, técnicos de laboratórios de diagnóstico, indústria produtora de vacinas e médicos veterinários são os grupos mais afetados pela brucelose humana. Porém, a bactéria também pode estar presente em produtos lácteos não pasteurizados e carne crua de fazendas com controle sanitário deficiente.

A Febre Aftosa e suas consequências na produção animal

A Febre Aftosa é uma doença causada por um vírus altamente contagioso que afeta principalmente animais de produção, como bovinos, ovinos, suínos e caprinos. Os bovinos são os mais susceptíveis à infecção pela via respiratória e costumam ser os primeiros a manifestar os sinais clínicos da doença. A gravidade dos sintomas varia de acordo com a cepa viral envolvida, o grau de exposição, a idade e a imunidade dos animais.

Os sinais clínicos da Febre Aftosa nos bovinos são caracterizados por vesículas, bolhas, úlceras ou cicatrizes nas mucosas oral e nasal, focinho, pés e tetos. Além disso, os animais apresentam febre alta, perda de apetite, apatia, descarga nasal e salivação excessiva. Essas lesões ulcerativas prejudicam o bem-estar animal, dificultando a alimentação e a movimentação natural do gado, o que resulta em uma queda brusca na produtividade.

Embora a Febre Aftosa não represente grandes riscos para a saúde humana, ela causa um impacto econômico e social significativo. Os animais doentes levam até 15 dias para se recuperar e podem continuar a ser portadores e transmissores do vírus por até 3 anos, o que afeta a produção e disponibilidade de alimentos de origem animal.

Medidas para mitigar o impacto dessas doenças

Para combater a Brucelose e a Febre Aftosa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabeleceu planos nacionais de controle e erradicação. A vacinação é a principal medida adotada contra essas doenças e deve ser uma prioridade para todos os pecuaristas.

No caso da Brucelose, é recomendada a vacinação das fêmeas bovinas e bubalinas entre 3 e 8 meses de idade com a vacina Anavac® B-19, produzida com a cepa B19 da Brucella abortus. Essas vacinas devem ser adquiridas através de receita emitida por médico veterinário, em estabelecimentos registrados no PNCBT-MAPA. A aplicação da vacina deve ser feita por um médico veterinário cadastrado ou por pessoal treinado e cadastrado na Defesa Agropecuária. Após a vacinação, é obrigatória a marcação a ferro quente com o último algarismo do ano da vacinação na face esquerda das bezerras imunizadas.

Quanto à Febre Aftosa, a vacinação deve conter as duas cepas do vírus existentes no país, como a Aftomune®. É importante destacar que o mês de maio é crucial para a sanidade do rebanho, pois ocorre a vacinação contra essas doenças em alguns estados brasileiros. Além disso, outras vacinas importantes para a propriedade, como as vacinas contra as clostridioses, também podem ser administradas para garantir o controle sanitário da fazenda.

É fundamental que o produtor esteja atento às vacinas exigidas em seu estado e siga o calendário sanitário elaborado por um médico veterinário. As vacinas devem ser armazenadas de forma adequada, refrigeradas e nunca congeladas ou expostas a temperaturas acima de 8°C. Além disso, é essencial verificar a validade das vacinas já existentes na propriedade.

A vacinação é uma estratégia eficiente para proteger a saúde dos animais, evitar perdas na produção e garantir a qualidade dos produtos de origem animal. Ao cumprir as recomendações de vacinação e adotar medidas de prevenção, os pecuaristas contribuem para o fortalecimento da pecuária brasileira e o abastecimento seguro de alimentos para a população.


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