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Resinas estirênicas – Mercado de ABS motiva investimento em planta local, mas poliestireno enfrenta demanda fraca

Transformadores saudosos dos bons tempos em que compravam variada gama do terpolímero acrilonitrila-butadienoestireno (ABS) de fabricantes locais se preparem para comemorar. O longo jejum promete ser quebrado até o final do próximo ano, quando a Unigel planeja inaugurar uma fábrica, aproveitando estrutura já existente em seu site no Guarujá-SP; ou antes, caso a Videolar consiga sair à frente com o seu projeto de construir planta em Manaus-AM, a qual aguarda apenas as autorizações governamentais para sair do papel. Igualmente utilizará as edificações onde já polimeriza poliestireno. Quando os dois investimentos frutificarem, a capacidade instalada no país atingirá 160 mil toneladas anuais – 90 mil toneladas da Unigel e 70 mil toneladas da Videolar –, o dobro da atual demanda local.

Inicialmente planejada para o final de 2012, a entrada em operação da nova fábrica da Unigel precisou ser postergada em um ano. O emaranhado e pouco atrativo cenário econômico mundial forçou, em parte, o adiamento. Ainda pesaram na balança questões tecnológicas. “O cenário agora é um pouco mais complexo; o valor do investimento está atrelado aos tipos de grades que serão produzidos”, justificou o diretor comercial Marcelo Calil Bianchi, explicando ser necessária uma análise mais aprofundada do portfólio de produto, bem como o acerto de detalhes atinentes à própria tecnologia.

O diretor comentou que a incorporação do novo produto na área de estirênicos envolve a transformação da atual

Plástico, Marcelo Calil Bianchi, diretor comercial,Resinas estirênicas - Mercado de ABS motiva investimento em planta local, mas poliestireno enfrenta demanda fraca

Marcelo Calil Bianchi: pormenores tecnológicos e crise econômica adiaram projeto

fábrica de poliestireno em uma unidade multipropósito (swing). A direção da Unigel ainda analisa a cesta de produtos que planeja retirar de seus reatores, mas há forte probabilidade de pender para as especialidades, formulações com especificações diferenciadas, destinadas a nichos que agregam valor, como declarou Bianchi no ano passado, ao anunciar o projeto (até então previsto para este ano) durante a Brasilplast.

Tal proposição, se posta em prática, desviaria a empresa da rota de concorrência acirrada dos fabricantes asiáticos, produtores de peso da resina e detentores da ampla fatia do mercado brasileiro afeito a consumir commodities, como grades naturais e pretos.

Compasso de espera – A intenção de construir uma fábrica de ABS no país foi anunciada pela Videolar há quase dois anos, quando a empresa submeteu seu projeto ao governo. Segundo relata Claudio Rocha, diretor comercial de resinas plásticas, a tecnologia que será empregada na produção do terpolímero, já negociada e paga, provém da Polimeri, empresa europeia de tradição internacional, que recentemente alterou seu nome para Versalis. Como ressalta, o início das obras aguarda apenas o sinal verde de órgãos públicos. Aprovada, a expectativa é a de partir a fábrica no período de 16 a 18 meses.

“Nosso objetivo é criar sinergia com a nossa planta de poliestireno, que utiliza muitas das matérias-primas comuns ao ABS, além de, principalmente, substituir a importação desta resina por produto nacional, já que é importada em sua totalidade, e nenhuma empresa a produz na América do Sul”, relata Rocha.

O mercado brasileiro atrai pela atual dependência exclusiva de importação e pelo potencial crescimento, embora as taxas anuais ainda caminhem tímidas. Os principais segmentos visados, automobilístico, eletroeletrônicos e eletrodomésticos, entre outros, porém, têm demandado volumes crescentes do terpolímero.

O mercado de resinas estirênicas ainda conta com a presença local da Innova (empresa da Petrobras), fabricante de poliestireno que percebeu uma sinergia de venda em clientes que consumiam esse plástico e poderiam demandar

Plástico, Hamilton Issa Fernandes, gerente comercial, Resinas estirênicas - Mercado de ABS motiva investimento em planta local, mas poliestireno enfrenta demanda fraca

Hamilton Issa Fernandes: o desempenho do mercado de ABS no ano passado deixou a desejar

também ABS ou SAN e, como planejava ampliar seu portfólio, incluiu nele grades de ABS e SAN, importados de empresa de Taiwan.

Para o gerente comercial Hamilton Issa Fernandes, o desempenho do mercado de ABS no ano passado deixou a desejar, com volumes aquém do esperado, afetado pela instabilidade internacional. Mas suas expectativas para este ano são animadoras, com perspectivas de recuperação da demanda, e norteadas pelas ações governamentais de estímulo ao consumo doméstico, particularmente de bens duráveis, segmentos nos quais a resina encontra parcela importante de aplicações. Nos cálculos dele, a Innova supre cerca de 10% do mercado brasileiro do terpolímero.