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Retrofit

Bom senso – Quando vale a pena para uma empresa investir no retrofit de um equipamento? Para profissionais experientes, responsáveis pelas estratégias de conhecidos transformadores, não existe receita pronta. Os especialistas apontam o bom senso como o fator principal na hora de decidir se determinada injetora deve ou não passar por completa reforma.

Antes de “bater o martelo”, é necessário fazer uma cuidadosa avaliação de vários parâmetros, como nicho de mercado da empresa envolvida, desempenho anterior da máquina, sua durabilidade, confiança na marca e ano de fabricação. Sem esquecer de uma questão fundamental: a disponibilidade financeira de comprar um modelo novo.

“Não existe fórmula mágica”, resume Helmut Winder, diretor-industrial da Plásticos Mueller, tradicional fabricante de peças plásticas injetadas, instalada na capital paulista e no mercado desde 1935. A empresa conta com 35 máquinas de capacidades diversas. A mesma opinião tem Mário Alberto Rossetti, gerente de novos negócios da Jaguar, transformadora com 39 injetoras criada em 1978 no município de Jaguariúna-SP.

O tipo de peça fabricado pode definir ou não uma operação de retrofit. A Jaguar, por exemplo, atua nos mercados de utilidades domésticas, embalagens e peças sob encomenda. Para Rossetti, os nichos de mercado atendidos, em especial o de embalagens, exigem máquinas rápidas, capazes de promover ciclos curtos e repetitivos. “As condições das injetoras são um diferencial importante para nós”, define. Por isso, a empresa não faz reformas. Para ela, máquinas antigas reformadas não atingem os resultados esperados. “Investimos em uma estratégia de manutenção preventiva bastante rigorosa. Quando a máquina passa a dar problemas, é mais vantajoso fazer a troca”, explica. O prazo médio da substituição é de dez anos.

Plástico Moderno, Retrofit

Nas injetoras, troca de comando ajuda a melhorar o desempenho

O executivo reconhece: essa fórmula pode não ser a melhor para outros transformadores, em especial os voltados para a produção de peças com exigências dimensionais e mecânicas menos rigorosas e volumes de produção menores. Ele cita o exemplo da empresa em que trabalhou anteriormente. “Lá, dependendo do caso, quando o orçamento do retrofit fosse menor do que 60% do valor da máquina, o serviço valia a pena, era aprovado”, lembra. Para Winder, da Mueller, é razoável investir entre 25% e 30% do valor do equipamento para realizar o trabalho. Para ele, quando o conserto supera essa porcentagem, a troca por um modelo novo é a melhor saída.

Como a relação entre o custo da reforma e o preço da máquina nova é parâmetro para lá de importante, o retrofit se torna mais atraente no caso das máquinas maiores. “Quanto maior a máquina, a reforma se torna mais vantajosa. No caso das menores, pode-se trocar por outra, alguns modelos estão disponíveis no mercado a baixo custo”, recomenda Rossetti. “Outro parâmetro a ser levado em consideração é o da idade”, aponta Winder. Para ele, quando a injetora já tem vinte anos de uso não vale a pena investir, o custo do retrofit será elevado e a sobrevida talvez não ultrapasse um ou dois anos.

Quando um automóvel tem bom desempenho, seu proprietário sempre sente um aperto no coração na hora da troca. Muitas vezes posterga a compra de um modelo novo. O mesmo ocorre com as injetoras. As de marcas com reconhecida qualidade e robustez mecânica merecem mais atenção, são indicadas para a reforma com maior facilidade. “Uma máquina com histórico confiável merece maior consideração na hora da decisão”, diz o diretor-industrial da Mueller.

O ambiente econômico sempre proporciona um dilema aos transformadores na hora de decidir sobre o retrofit. Quando a economia está aquecida, é difícil desativar uma injetora da linha de produção para promover a reforma. Nos tempos de vacas magras, a disponibilidade das máquinas é maior, mas nem sempre sobra dinheiro para realizar o trabalho. Para Winder, o ideal é aproveitar os momentos sazonais de queda de produção. “Mas isso nem sempre é possível”, ressalta. Não por acaso, as transformadoras de médio e grande porte, com maior número de máquinas, investem mais em operações de retrofit. Elas têm maior disponibilidade na hora de desativar por um período um equipamento de suas linhas de produção.

Injetoras – A evolução da tecnologia proporcionou às injetoras uma característica singular, sempre levada em consideração na hora da realização do retrofit. Nas últimas duas décadas, o avanço dos comandos eletrônicos foi impressionante. Hoje eles controlam todos os parâmetros e permitem aos usuários acertos de regulagem de ciclo com incrível precisão. As partes mecânicas e hidráulicas do equipamento também avançaram, mas em velocidade menor.

Na hora da reforma esse contraste pesa. De acordo com os especialistas, quase sempre a troca do CLP (comando lógico programável) por um modelo mais sofisticado permite melhorar o desempenho da máquina, fazendo-a funcionar em condições até superiores em relação ao projeto original. Melhor ainda se também forem aperfeiçoados os componentes hidráulicos com medidas como a substituição de bombas de vazão para tornar os movimentos mais rápidos. A economia de energia também é uma demanda dos clientes. Por exemplo, é comum a solicitação da instalação de motores de baixa rotação.

“Fazemos retrofit de injetoras fabricadas a partir de 85 ou 86. Máquinas produzidas em anos anteriores são difíceis de serem recuperadas”, informa Mauro Amano, diretor da Amanoinjet. A empresa surgiu há doze anos. Em seu currículo, o profissional conta com vários anos de experiência como encarregado de manutenção da Petersen, marca de injetoras fora do mercado há algum tempo. “Trabalhamos com todas as marcas, com até quinhentas toneladas de força de fechamento. Nossa oficina não tem capacidade para abrigar modelos maiores”, informa.