Jucurutu, no Seridó potiguar, entrou no mapa da suinocultura com a inauguração do primeiro abatedouro e frigorífico de suínos do Rio Grande do Norte. A planta, instalada no Sítio Curral Velho, zona rural do município, começou a operar após cerimônia realizada nesta terça-feira (2), com presença de autoridades, produtores e representantes do Sebrae-RN. O empreendimento, batizado de Suínos Jucurutu, nasce com licença de funcionamento, quadro de pessoal formado e processos definidos para atender à demanda regional por carne suína inspecionada.
A abertura do frigorífico é resultado do Projeto Suinocultura Potiguar, iniciativa do Sebrae-RN em parceria com produtores e com a gestão municipal, e foi apontada por lideranças do setor como um marco para a cadeia da carne suína no estado. O objetivo é reduzir a dependência de abastecimento externo, criar empregos e organizar a produção, do campo ao abate, com previsibilidade para quem vende e para quem compra. A proprietária, Karrie Medeiros, descreve a operação como fruto de dois anos de preparação e detalha metas de ampliação de fornecedores até 2026.
Cerimônia marcou o início das operações em Jucurutu
A inauguração reuniu produtores locais, autoridades estaduais e representantes de entidades de apoio ao setor. A programação incluiu celebração religiosa, visita técnica guiada às instalações e degustação de cortes preparados em parrilla, em um momento pensado para apresentar a qualidade do produto final e as condições de processamento. A escolha do Sítio Curral Velho, na área rural de Jucurutu, atende a critérios logísticos e de integração com as rotas de coleta de animais nas propriedades atendidas pelo projeto.
Na avaliação de lideranças presentes, a entrega da planta resolve gargalos históricos para a comercialização de suínos no estado, oferecendo um ponto de abate regular, com inspeção e padronização de cortes. Para os produtores, a possibilidade de programar lotes e ter prazos de pagamento definidos reduz riscos e melhora o planejamento de dieta, sanidade e manejo dos animais. Para o varejo e o food service, a previsibilidade de fornecimento cria espaço para ampliar o mix de produtos suínos nas prateleiras e cardápios.
Apoio do Sebrae-RN e do Projeto Suinocultura Potiguar
O frigorífico faz parte de um conjunto de ações articuladas pelo Sebrae-RN com produtores e parceiros locais. O Projeto Suinocultura Potiguar foi estruturado para organizar a base produtiva, capacitar granjas em boas práticas, orientar na formalização e conectar oferta e demanda. A instituição atua na gestão do conhecimento, no desenho dos fluxos logísticos, na modelagem de custos e em treinamentos de abate, cortes e vendas, além de apoiar o relacionamento com compradores regionais.
A estratégia mira o fortalecimento da economia a partir do interior, com encadeamento produtivo que começa na granja e termina na gôndola. Nesse arranjo, o frigorífico é o elo que transforma animais padronizados em carcaças e cortes com classificação, lote e rastreabilidade, permitindo que supermercados, açougues e restaurantes recebam produto com regularidade. Para o produtor, o projeto oferece rotas de acesso ao mercado, prazos e critérios de qualidade claros e acompanhamento técnico.
Capacidade, licenças e quadro de pessoal
A Suínos Jucurutu informou que inicia as atividades com licença de operação e processos validados para abate e desossa. A capacidade instalada é de até 60 animais por hora, com linhas dimensionadas para atender picos de demanda sazonais, como períodos de festas e feriados. A planta opera com equipes treinadas para cada etapa — recepção, insensibilização, sangria, escaldagem, depilação, evisceração, refrigeração, desossa e embalagem — seguindo fluxos lineares que evitam cruzamento entre áreas suja e limpa.
O empreendimento já gerou 40 empregos diretos e 120 indiretos, distribuídos entre operação, logística, manutenção, limpeza, administração e apoio aos produtores. Na rotina, o funcionamento prevê turnos coordenados com as coletas de animais nas propriedades. O frigorífico também desenhou rotinas de verificação de pré-operação, controle de temperaturas, registros de higienização e checagem documental de lotes, integrando tudo a um sistema de gestão que consolida dados de produção e rendimento por dia, semana e mês.
Produtores integrados e metas até 2026
Segundo a gestão do Projeto Suinocultura Potiguar, 28 produtores já entregam animais para a Suínos Jucurutu. A meta pactuada com a rede é chegar a 50 fornecedores até o fim de 2025 e alcançar 100 em 2026. O avanço passa por ações em três frentes: assistência técnica nas granjas, formalização gradual de quem ainda não vendia para frigoríficos com inspeção e organização do calendário de lotes. A padronização de peso ao abate e do acabamento de carcaça está entre os pontos que mais impactam o rendimento por animal e, por consequência, a remuneração do produtor.
Para facilitar a entrada de novos participantes, o projeto adota um roteiro de diagnóstico inicial. Nesse processo, são avaliados itens como nutrição, sanidade, manejo e infraestrutura básica de contenção e embarque. A partir daí, o produtor recebe um plano de ajustes com prioridades, prazos e metas de densidade, ganho de peso e taxa de conversão alimentar. Ao atingir os parâmetros combinados, a granja passa a integrar o calendário de coleta com datas e volumes definidos.
Efeito econômico: menos saída de recursos e mais oferta local
O governo estadual avalia que uma estrutura de abate em Jucurutu ajuda a reter parte do consumo de proteínas no próprio estado. Hoje, parcela relevante do que chega às mesas potiguares vem de outros mercados, o que implica custos logísticos e saída de recursos. Na carne bovina, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca estima que mais de R$ 1 bilhão por ano deixe a economia local na compra de produto de fora. Com suínos, a instalação de um frigorífico capaz de atender o varejo regional tende a reduzir essa dependência e a criar escala para granjas que desejam crescer com segurança contratual.
Para o consumidor, a expectativa é de maior variedade de cortes e presença mais constante de carne suína com procedência identificada, o que pode estimular restaurantes e lanchonetes a incluírem preparações com copa lombo, carré, pernil fatiado e cortes para grelha. Para o comércio, o calendário de entregas e a possibilidade de programar promoções com antecedência aumentam a previsibilidade. Ao produtor, o efeito recai no fluxo de caixa: com prazos e percentuais de bonificação atrelados ao rendimento, o planejamento de investimentos fica mais claro.
Como funciona o caminho do animal até o corte embalado
O processo produtivo segue um roteiro que começa no agendamento do lote e na checagem de documentos de trânsito dos animais. Na propriedade, a coleta prioriza rotas que evitem longas esperas. Ao chegar ao frigorífico, os suínos passam por descanso em baias, com verificação de condições de transporte e registro de eventuais não conformidades. A sequência de abate e processamento inclui insensibilização adequada, sangria, escaldagem, depilação e evisceração, com inspeções visuais e instrumentais ao longo do percurso.
As carcaças seguem para câmaras de resfriamento, com monitoramento de temperatura por sensores e registros automáticos. Na desossa, os cortes são separados conforme pedidos do cliente: primários, secundários e porções fatiadas. O empacotamento adota rótulos com data de processamento, lote e prazo de validade. Por fim, a expedição organiza os pallets de acordo com rotas de entrega, evitando rupturas no abastecimento do varejo e da rede de alimentação fora de casa.
Padrão de carcaça, rendimento e bonificações ao produtor
Para quem fornece animais, três indicadores pesam na remuneração: peso ao abate, rendimento de carcaça e acabamento. O frigorífico orienta que o lote chegue com faixa de peso compatível com as demandas do mercado varejista, porque isso melhora a padronização dos cortes e reduz perdas no processo. Carcaças muito leves tendem a gerar porções menores e menos competitivas na prateleira; carcaças muito pesadas aumentam a necessidade de fracionamento e podem reduzir a velocidade de desossa.
A partir desses critérios, a empresa aplica bonificações quando o lote apresenta índice de conformidade acima do padrão mínimo. Em termos práticos, o produtor ganha previsibilidade: sabe quanto entrega, quando recebe e quais ajustes podem elevar o preço final. Para alcançar metas de rendimento, o Projeto Suinocultura Potiguar oferece capacitações sobre nutrição nas fases de crescimento e terminação, manejo pré-embarque e práticas que reduzem descartes.
Logística de coleta e distribuição: rotas, tempo e custos
A logística foi desenhada para reduzir tempo de deslocamento e organizar o fluxo de veículos. No campo, o calendário de coleta é divulgado com antecedência, e as granjas recebem janela de embarque. No frigorífico, as docas são dimensionadas para manobras rápidas, e as baias de espera têm capacidade proporcional aos lotes. Essa coordenação diminui filas, preserva a qualidade dos animais e otimiza o uso de combustível e de mão de obra.
Na distribuição, a priorização é atender o Seridó e regiões próximas, com expansão gradual para outros polos consumidores do estado. A operação prevê veículos com compartimentos refrigerados e monitoramento de temperatura em rota. A programação de entregas por dia da semana permite que os compradores organizem promoções e abastecimento, reduzindo perdas e melhorando a exposição dos produtos nos pontos de venda.
Requisitos para vender ao frigorífico: passo a passo do produtor
Entrar na rota de fornecimento exige alguns cuidados práticos. O primeiro é buscar orientação técnica para avaliar as condições da granja e as metas de desempenho. Em seguida, é preciso formalizar a atividade, manter registros de origem dos animais e cumprir a agenda de vacinação indicada pelo médico-veterinário responsável. No dia do embarque, o produtor prepara os animais com jejum recomendado e separa a documentação do lote. Depois da entrega, os relatórios de rendimento por animal ajudam a planejar ajustes para as próximas semanas.
Para facilitar, o projeto organizou um roteiro que pode ser seguido por quem está começando ou quer migrar do mercado informal para o formal. Ele foca em metas simples e mensuráveis, com prazos e indicadores que o produtor acompanha na granja. O objetivo é reduzir a curva de aprendizado e acelerar a entrada em uma rotina com previsibilidade de compra e pagamento.
- Solicitar diagnóstico técnico da propriedade, com levantamento de estrutura, manejo e desempenho recente.
- Ajustar pontos críticos: peso ao abate, taxa de conversão e acabamento de carcaça, conforme metas comunicadas pelo frigorífico.
- Formalizar a atividade e manter a documentação dos lotes organizada para agilizar as coletas.
- Agendar a primeira entrega, respeitando janela de embarque e jejum recomendado.
- Analisar o relatório de rendimento pós-abate e aplicar correções de manejo para os lotes seguintes.
Papel do poder público e das políticas de incentivo
A instalação do frigorífico também contou com incentivos previstos em programas estaduais de estímulo ao desenvolvimento industrial. Entre eles, está o PROEDI, que busca ajustar carga tributária, estimular investimentos e promover interiorização de atividades produtivas. Ao amenizar custos no início da operação, a política pública ajuda o negócio a atravessar a fase mais crítica de capital de giro e a acelerar a contratação de pessoal.
A presença de autoridades na inauguração sinaliza alinhamento entre iniciativa privada e poder público. A avaliação é que, com uma planta em funcionamento, a cadeia ganha um ponto de referência para negociação de preços e contratos, para a formação de mão de obra e para a difusão de práticas de produção. A coordenação institucional também facilita a chegada de fornecedores de insumos e serviços, encurtando a distância entre a granja e o mercado.
Organização interna: rotinas de controle e indicadores de desempenho
O funcionamento do frigorífico depende de disciplina operacional e de dados. A empresa estruturou rotinas de verificação em três momentos: antes do início da produção (pré-operação), durante o processo e ao final do turno. Essas etapas envolvem checagem de equipamentos, conferência de registros, auditoria interna de temperaturas, avaliação do rendimento de carcaça, controle de aparas e perdas e revisão de roteiros de higienização das áreas de abate e desossa. A análise diária dos indicadores orienta decisões de escalas e manutenção.
No médio prazo, o plano é consolidar um painel de indicadores com metas por semana e por mês. Entre eles, estão o tempo de resfriamento até a meta de temperatura de carcaça, o percentual de carcaças dentro da faixa de peso alvo, a produtividade por hora na desossa e a taxa de retrabalho na expedição. A visibilidade desses números ajuda a reduzir custos e a direcionar treinamentos, beneficiando toda a cadeia de fornecedores e compradores.
Oferta de cortes e atendimento a diferentes canais de venda
A planta de Jucurutu foi pensada para atender perfis variados de clientes. Para supermercados, a prioridade é padronização, rotulagem clara e embalagem que facilite a exposição. Para açougues, há demanda por carcaça e cortes primários, com desossa feita no destino. Para restaurantes e lanchonetes, a procura recai sobre cortes porcionados e preparados para cocção rápida, como bisteca, filé mignon suíno, copa lombo e peças para defumação. A diversidade de pedidos exige planejamento de produção e estoque de embalagem em diferentes formatos e gramagens.
Com a base de clientes mapeada, a programação semanal combina pedidos e lotes de abate, reduzindo sobra de cortes de menor giro. A estratégia também considera datas de maior consumo. Em semanas de feriado prolongado, por exemplo, a produção de itens para churrasco tende a crescer. Já em períodos de volta às aulas, cortes para preparo rápido costumam ganhar espaço. Essa leitura do calendário ajuda a equilibrar o mix e a manter a operação com bom ritmo.
Treinamento de equipes e segurança do trabalho
A operação de um frigorífico demanda capacitação constante das equipes. Em Jucurutu, os treinamentos iniciais abordaram rotas de fluxo dos funcionários, uso correto de equipamentos, operação segura de serras e facas e técnicas de afiação. Também foram incluídas instruções sobre comunicação entre setores, redução de ruídos na linha e postura na área de desossa para evitar fadiga. Sessões de reciclagem serão periódicas, com avaliações práticas no posto de trabalho e revisão de procedimentos sempre que houver mudança de layout ou equipamento.
Outro ponto é a gestão de EPIs, com foco em uso adequado e substituição em intervalos previstos. Marcadores de cor diferenciam áreas e funções, reduzindo risco de troca de materiais. A empresa estruturou ainda um sistema de relato de quase acidentes, incentivando a equipe a registrar ocorrências e sugestões de melhoria. Essas iniciativas sustentam a continuidade operacional e preservam o ritmo de produção sem interrupções inesperadas.
Qualidade do produto e atendimento a especificações do cliente
A padronização é determinante para competir no varejo. No frigorífico de Jucurutu, os lotes são fracionados de acordo com a especificação de cada comprador. Se o cliente demanda copa lombo com peso e espessura definidos, a desossa ajusta corte e porcionamento para aquela entrega. O mesmo vale para pernil, paleta, barriga e miúdos. Conforme o histórico de vendas, a empresa revisa as fichas técnicas para otimizar rendimento e facilitar a reposição nas lojas.
Em paralelo, o controle de temperatura da cadeia de frio recebe atenção permanente. As câmaras de resfriamento e estocagem operam com registros de abertura de porta e leitura de sensores. Na expedição, cada veículo é liberado após checagem dos parâmetros. O controle de lote permite que o varejo gerencie inventário por data de processamento, minimizando perdas e elevando a confiança do consumidor na origem dos produtos.
Vozes do setor: por que a planta de Jucurutu importa
Para o Sebrae-RN, a planta em Jucurutu representa um passo prático rumo à descentralização do desenvolvimento. A leitura é que, quando o abate acontece perto do produtor, o ciclo de venda encurta e a renda circula na própria região. Produtores ouvidos pela reportagem destacam que a previsibilidade de coleta e de pagamento foi o principal motivador para aderir ao projeto. Já representantes do varejo citam a possibilidade de negociar planogramas com mais itens de suínos e campanhas temáticas, graças à segurança de estoque.
Do lado do governo estadual, a avaliação é que iniciativas como essa reduzem a dependência de outros mercados na formação de preço ao consumidor final. A aposta é que, com oferta local mais estável, promoções e ações sazonais possam ser planejadas com semanas de antecedência, ampliando a competição entre canais e beneficiando o cliente na ponta. Esse movimento tende a estimular novos investimentos em granjas e no comércio regional de insumos, como ração, equipamentos e serviços técnicos.
Expansão planejada: de Jucurutu para outras praças do RN
Com a operação iniciada, a prioridade é consolidar a base de fornecedores e clientes no Seridó e nas regiões próximas. A partir daí, a ampliação do raio de distribuição deve acontecer em etapas, observando custo de frete, tempo de rota e perfil de consumo. O objetivo de escalar para 50 produtores até o fim de 2025 e 100 até 2026 orienta investimentos em logística, em ampliação de turnos e em contratação de pessoal. Cada salto no número de fornecedores exige coordenação para que a fábrica mantenha ritmo sem formar gargalos na desossa e na expedição.
A proprietária, Karrie Medeiros, destaca que o aprendizado dos primeiros meses ajudará a ajustar processos e contratos. Esse período inclui mapeamento das rotas mais eficientes, ajuste fino do layout interno, calibração de equipamentos e treinamento de novos colaboradores. Também é a fase em que os produtores consolidam as metas de peso e acabamento, reforçando o padrão exigido pelos compradores. Com a cadeia organizada, a empresa projeta maior participação da carne suína potiguar no varejo do estado.
Entenda o papel de Jucurutu no mapa industrial potiguar
Jucurutu vem construindo reputação como polo industrial regional, com indústrias de alimentos e confecções. O frigorífico de suínos amplia esse portfólio e cria demanda por serviços de apoio, como manutenção de refrigeração, calibração de instrumentos, transporte e segurança do trabalho. Essa rede de fornecedores tende a se sedimentar com a previsibilidade da operação, gerando oportunidades inclusive para negócios de menor porte. Ao mesmo tempo, instituições de ensino técnico encontram campo para cursos voltados à operação e manutenção de plantas frigoríficas.
No relacionamento com municípios vizinhos, a nova planta serve de referência para a organização de feiras, encontros de produtores e programas de formação. A circulação de conhecimento aumenta quando os atores da cadeia têm um ponto de visitação com processos em funcionamento. A expectativa é que eventos técnicos e rodadas de negócios se tornem mais frequentes, favorecendo a troca de experiências sobre nutrição, manejo e gestão financeira de granjas.
Perguntas práticas do dia a dia: o que muda para o produtor e para o varejo
Para o produtor, a principal mudança é a previsibilidade. Com calendário de coleta, parâmetros de qualidade e relatórios de rendimento, fica mais simples calcular custo de produção e margem. Na prática, a granja tende a organizar melhor os lotes, evitando excesso de animais fora do peso ideal. A formalização também amplia o acesso a linhas de crédito específicas, que exigem contratos ou comprovantes de venda regular para liberar recursos.
Para o varejo, a novidade é a possibilidade de planejar compras com antecedência, ajustar planogramas e ampliar o sortimento de suínos. Com produto padronizado e com identificação de lote, o ponto de venda consegue comparar giro por corte e calibrar pedidos. Restaurantes ganham previsibilidade no recebimento de porções, impactando os custos de ficha técnica e a precificação do cardápio. A comunicação com o consumidor tende a evoluir com ações como semanas temáticas e receitas sugeridas nas lojas.
Próximas entregas do projeto: formação, contratos e tecnologia
Nos próximos meses, o Projeto Suinocultura Potiguar deve concentrar esforços em três frentes: formação de equipes e produtores, consolidação de contratos e adoção gradual de tecnologias de gestão. Na formação, a ênfase recai sobre manejo pré-embarque, padronização de carcaça e boas práticas de desossa. Na frente contratual, a meta é usar modelos simples, com cláusulas claras de volume, prazo e critérios de bonificação. Em tecnologia, ganham espaço sistemas que integrem dados de campo, de abate e de vendas em um painel.
A integração de informações permite, por exemplo, que uma granja identifique em tempo real se o lote atingiu a faixa de peso planejada na semana do abate. Isso ajuda a decidir se vale alongar ganho de peso por alguns dias ou antecipar a entrega. No frigorífico, a leitura dos indicadores de rendimento por produtor orienta treinamentos específicos. Para o varejo, o histórico de pedidos e devoluções serve de base para prever quais cortes terão maior giro em cada época do ano.
O que dizem os participantes do projeto
O Sebrae-RN destaca que a cadeia da carne suína no estado ganha um elo estruturante com a abertura da planta de Jucurutu. O superintendente da instituição ressaltou que iniciativas como essa geram empregos e renda no interior, alinhadas ao objetivo de diversificar a base produtiva. O gestor do Projeto Suinocultura Potiguar avaliou que a inauguração é um divisor de águas, pois traz um espaço de abate que remunera por rendimento e estimula o produtor a buscar metas claras.
Do lado do governo estadual, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca reforçou que o estado é grande consumidor de carnes e que parte relevante desse consumo vem de fora. A pasta avalia que, à medida que a oferta local aumente e ganhe escala, a economia tende a reter mais recursos e reduzir custos logísticos. Produtores presentes na cerimônia apontaram que a previsibilidade de coleta e de pagamento foi decisiva para aderir à rede de fornecedores.
Por dentro das metas: de 28 para 100 produtores em dois anos
Partindo de 28 fornecedores ativos, a estratégia de crescimento prevê ampliar a rede para 50 produtores até o fim de 2025 e chegar a 100 em 2026. A meta considera o ritmo de entradas mensais, a curva de aprendizado das granjas para atingir o padrão de carcaça e o ganho de produtividade do frigorífico na desossa. A cadência ideal é aquela que não gera gargalos no processamento nem rupturas no abastecimento. Para isso, o projeto combina turmas de capacitação com acompanhamento técnico in loco.
O cronograma de expansão também leva em conta a distribuição geográfica dos produtores. Ao agregar granjas em rotas próximas, a logística fica mais eficiente e a coleta reduz custos por quilômetro rodado. No médio prazo, o objetivo é consolidar “corredores” de fornecimento com dias fixos de embarque, dando previsibilidade para a propriedade organizar mão de obra, alimentação e embarque com antecedência.
Serviço: localização e como conhecer a operação
O frigorífico Suínos Jucurutu está situado no Sítio Curral Velho, zona rural de Jucurutu, com acesso por vias que conectam o município às cidades do entorno no Seridó potiguar. Produtores interessados em integrar a rede podem buscar orientação junto às equipes do projeto para realizar diagnóstico e agendar visitas técnicas. Compradores do varejo e do food service podem solicitar informações sobre especificações de cortes, volumes mínimos e calendário de entregas semanais.
A operação funciona em dias úteis, com agendamento prévio para visitas técnicas. As agendas contemplam apresentação do fluxo de abate e processamento, visita às câmaras de resfriamento e explicação dos critérios de classificação de carcaça e rendimento. A orientação é que empresas interessadas informem o perfil de demanda para receber sugestões de mix de cortes e de abastecimento conforme o giro de cada canal.
Panorama: carne suína ganha espaço no prato do potiguar
Nos últimos anos, a carne suína ampliou presença em cardápios de bares e restaurantes, impulsionada por cortes versáteis e pela busca por opções com preparo rápido. Para o varejo, itens como lombo, pernil fatiado e costelinha ganharam espaço em promoções semanais. Com a planta de Jucurutu, a rede de abastecimento local passa a dispor de um fornecedor capaz de responder a picos de demanda, ajustando o mix de acordo com o calendário e com o perfil do consumidor.
Esse movimento favorece a diversificação do carrinho de compras e abre espaço para ações de experimentação no ponto de venda. Quando o cliente encontra cortes padronizados e informações claras, a taxa de recompra tende a subir. Para a cadeia produtiva, esse efeito de longo prazo ajuda a sustentar investimentos em genética, nutrição e manejo, elevando a produtividade nas granjas e a regularidade de fornecimento ao frigorífico.
O que observar nas próximas semanas
Com a operação iniciada nesta terça (2), os próximos passos incluem a estabilização de turnos de abate, a validação do ritmo de desossa e o alinhamento fino com o calendário de coletas. Produtores devem acompanhar os relatórios de rendimento das primeiras entregas para ajustar manejo e peso final. O varejo, por sua vez, tende a testar novas combinações de cortes e a calibrar pedidos de acordo com o giro real de cada loja nas primeiras semanas.
A expectativa é que, ao final dos primeiros ciclos, a cadeia tenha dados suficientes para definir metas de produtividade por etapa e consolidar um plano de expansão. O aprendizado dessa fase inicial deve ser absorvido em manuais de procedimento e em treinamentos, servindo de base para escalar produção e ampliar a rede de fornecedores. Com essas entregas, Jucurutu se posiciona como referência para a organização da suinocultura no estado.
Créditos e informações adicionais
As informações foram obtidas junto à equipe do Projeto Suinocultura Potiguar, à direção do frigorífico Suínos Jucurutu, a produtores que integram a rede de fornecedores e a representantes do governo estadual. O Sebrae-RN participou da inauguração e detalhou ações de apoio à cadeia, com foco em capacitação, organização de rotas e orientação para contratos. A cerimônia reuniu produtores e autoridades para visita técnica e apresentação do fluxo de processamento.
Com informações da Agência Sebrae de Notícias e registros da cerimônia de inauguração, a reportagem compilou dados sobre capacidade de abate, quadro de pessoal, metas de fornecedores e calendário inicial de operação. O acompanhamento das próximas etapas deve trazer atualizações sobre expansão de rotas, entrada de novos produtores e evolução do mix de cortes ofertado ao varejo e à rede de alimentação.