Surto de Doença em Aves no Sul Afeta Ações da BRF e Marfrig, Que Caem 7% na B3

Surto de Doença em Aves no Sul Afeta Ações da BRF e Marfrig, Que Caem 7% na B3










Foco de Doença em Aves no Sul Contamina Ações de BRF e Marfrig, que Caem 7% na B3

Foco de Doença em Aves no Sul Contamina Ações de BRF e Marfrig, que Caem 7% na B3

Em um país exportador de carnes e alimentos com base na proteína animal, qualquer notícia sobre doenças que afetem animais de criação, como aves e bovinos, tem potencial de gerar stress no mercado financeiro, especialmente para as ações das empresas do setor.

Assim, durante vários meses, analistas ficaram atentos, no Brasil, a eventuais contaminações da gripe aviária em granjas comerciais, com medo que a doença repetisse aqui os estragos provocados em outros países produtores, como a China. As medidas sanitárias adotadas aqui, felizmente, impediram que isso acontecesse e o vírus, que infectou aves silvestres, se alastrasse.

Nesta quinta-feira, 18 de junho, entretanto, um outro mal contaminou as ações de BRF, Marfrig e JBS – especialmente as duas primeiras. Elas sofrem quedas sensíveis no pregão da B3 depois que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, na véspera, um foco da doença de Newcastle em uma granja aviária de corte na cidade de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul.

Em comentário sobre o assunto, a XP Investimentos ressalta que o estabelecimento atingido pela doença está distante das plantas da Seara, unidade da JBS de aves, e da BRF localizadas no Rio Grande do Sul.

O grande risco, segundo os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, está em uma eventual suspensão temporária das exportações de frangos produzidos no estado, que responde por quase 15% do total vendido pelo Brasil.

A XP ressalta que a BRF tem três de suas 19 plantas localizadas no Rio Grande do Sul, enquanto a Seara tem só uma, de um total de 23. Por isso, as ações da BRF e da sua controladora, Marfrig, sofrem mais que as da JBS. Nesta quinta, por volta das 13 horas, os papéis caíam 7,5%, 6% e 2,5%, respectivamente.

Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa as empresas do setor, juntamente com a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), afirmaram que acompanham e dão suporte à ação do Mapa para conter o avanço da doença.

O Mapa estabeleceu um processo de erradicação do foco da doença de Newcastle, com a eliminação e destruição de todas as aves do estabelecimento e posterior desinfecção do local, que foi interditado.

O Ministério ainda vai realizar uma investigação completa em um raio de 10 quilômetros em torno da ocorrência.

“Como de praxe, o Brasil manteve e manterá total transparência no tratamento à situação, garantindo rápida solução a esta que é questão sanitária das aves”, afirma a ABPA em sua nota.

A doença de Newcastle é provocada por um vírus que afeta aves domésticas e silvestres, e causa sinais respiratórios que são frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema na cabeça dos animais.

A notificação à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) é obrigatória. Os últimos casos haviam ocorrido no Brasil em 2006 em aves de subsistência nos estados de Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

Impacto no Mercado Financeiro

As notícias sobre doenças como a de Newcastle e a gripe aviária têm um forte impacto no mercado financeiro, particularmente nas ações de empresas como BRF, Marfrig, e JBS. Analistas estão constantemente avaliando o risco de surtos e suas potenciais repercussões no mercado, uma vez que episódios de contaminação podem resultar em perdas significativas, tanto para as empresas quanto para os investidores.

O cenário fica ainda mais delicado quando lembramos que o Brasil é um dos principais exportadores de carne de frango do mundo. Qualquer interrupção nas exportações pode afetar drasticamente o fluxo de receitas dessas empresas e, por conseguinte, suas avaliações de mercado. Esse efeito cascata é visível nas recentes quedas das ações de BRF e Marfrig, que caíram 7,5% e 6%, respectivamente.

Preocupações Sanitárias e Medidas do MAPA

O Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA) tomou medidas rápidas e incisivas para conter o foco da doença de Newcastle. Essas iniciativas incluem a eliminação das aves infectadas, a desinfecção do local e a investigação detalhada em um raio de 10 quilômetros ao redor da granja afetada.

Essa ação rápida do MAPA é fundamental para evitar que a doença se espalhe para outras granjas e afete ainda mais o setor avícola do Brasil. Além disso, manter a transparência sobre a situação, como destacado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e pela Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), é crucial para manter a confiança dos mercados internos e internacionais.

Histórico de Doenças em Aves no Brasil

Embora a recente confirmação de um foco de Newcastle tenha causado uma significativa turbulência no mercado, não é a primeira vez que o Brasil enfrenta desafios dessa natureza. O último surto registrado da doença de Newcastle ocorreu em 2006, afetando aves nos estados de Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

Esses históricos ressaltam a importância de contínuos esforços de vigilância e prevenção. A adoção de práticas rigorosas de biossegurança e a implementação de medidas de controle são vitais para proteger a saúde das aves e, consequentemente, a estabilidade do setor avícola nacional.

Consequências Econômicas e Comerciais

Além dos impactos diretos sobre o preço das ações, a confirmação da doença de Newcastle pode ter implicações econômicas e comerciais mais abrangentes. Caso surtos se tornem substanciais, é possível que países importadores de carne de frango brasileira imponham restrições temporárias ou, em casos extremos, interrompam as compras do produto, preferindo fornecedores de outras regiões.

Essa possibilidade preocupa especialmente porque o Rio Grande do Sul, estado onde foi detectado o foco, é responsável por quase 15% das exportações de frango do Brasil. Uma suspensão temporária das exportações desse estado poderia resultar em perdas milionárias e afetar significativamente a balança comercial do país.

Perspectivas Futuras e Recomendações para Investidores

Dado o histórico de rápida resposta a surtos e a transparência do Brasil em lidar com questões sanitárias, as perspectivas de longo prazo para o setor avícola ainda são positivas. No entanto, é essencial que investidores fiquem atentos às atualizações do MAPA e análises de mercado para tomar decisões informadas.

Investir em ações de empresas de alimentação pode ser uma excelente estratégia, mas é crucial estar ciente das variáveis que podem afetar esse mercado, como os surtos de doenças. A diversificação de portfólio e o acompanhamento constante das notícias são práticas recomendadas para mitigar riscos.

Conclusão

O foco de Newcastle no Rio Grande do Sul gerou uma resposta imediata do mercado financeiro, afetando as ações de grandes empresas do setor avícola como BRF e Marfrig. Embora as medidas sanitárias estejam em andamento para conter o surto, o impacto econômico e comercial ainda é uma preocupação real.

Manter-se informado e diversificar investimentos são estratégias fundamentais para navegar em tempos de incerteza. Enquanto as autoridades brasileiras continuam a trabalhar para resolver a situação, a transparência e rapidez na resposta oferecem algum alívio aos investidores e ao mercado em geral.