O traçado rumo à expansão das vendas do elastômero termoplástico de poliuretano (TPU) está sendo desenhado. A indústria brasileira ambiciona inovações tecnológicas e se mostra disposta a investir em produtos de desempenho superior. Setores como o de óleo e gás, agrícola, transportes e peças técnicas em geral, tanto para injeção como para extrusão, começam a se abrir para uma maior penetração deste elastômero. O que se vê é um esforço generalizado do mercado para ampliar a participação do TPU em aplicações pouco tradicionais.
“Existe uma tendência de investimentos em novas tecnologias e recursos por parte das indústrias transformadoras, o que leva a uma demanda crescente da utilização do TPU”, diagnostica Adriano Pinheiro, gerente de negócios de elastômeros da Basf. Em suma, ele se refere a um grande potencial do material para atender a outros mercados além do calçadista, reduto de longa data do TPU.
O prognóstico dos especialistas do setor inspira renovação, a ponto de a Basf investir em uma nova planta e num novo processo de fabricação deste elastômero termoplástico, no complexo químico de Guaratinguetá-SP, que, não por acaso, é a maior instalação da companhia na América do Sul. “Já está em vigor o reforço da atuação da Basf no mercado de TPU com investimentos também em novos laboratórios de aplicação”, comenta Pinheiro. Ainda é tudo muito sigiloso; de antemão sabe-se que a partida da planta está prevista para o segundo semestre deste ano.
Se depender do andamento dos negócios, a previsão se confirmará. “As vendas de TPU este ano estão muito positivas. De acordo com nossa expectativa, o crescimento será acima do PIB (produto interno bruto) da indústria brasileira”, anuncia Pinheiro.
O TPU por si só tem inclinação para o êxito. Suas propriedades o tornam imbatível em algumas aplicações, como aquelas que exigem resistência mecânica e química. Mas não é só isso. Versátil, o material pode ser utilizado em uma gama ampla de aplicações: dos tradicionais tacões – dos saltos de sapatos femininos – a peças de engrenagens industriais, passando por cabos do sistema de freio ABS de automóveis, peneira para mineração e brinco de identificação de gado, entre outros tantos exemplos.
O negócio Elastollan, a famosa linha de TPU da Basf, representa um dos core business da divisão de plásticos da companhia. Até por isso os investimentos na área são constantes. Entre as novidades, os destaques ficam por conta de dois desenvolvimentos voltados ao mercado calçadista: o Elastollan soft 35 A12P e o soft 45 A12P, com respectivas durezas 35 e 45 shore A. A escolha destes produtos não se deu ao acaso. Em termos de volume, o ramo calçadista ainda se destaca, apesar do crescimento significativo de outros segmentos nos últimos anos.
A unidade da Basf Poliuretanos no Brasil, em Mauá-SP, atende toda a América do Sul, com um portfólio produzido localmente e complementado com produtos oriundos de outras unidades nos Estados Unidos e na Europa. A companhia oferece um amplo portfólio com variadas durezas. Os produtos Elastollan abrangem TPUs baseados em polióis, poliésteres e poliéteres. Em termos gerais, a linha apresenta larga faixa de dureza (50 Shore A a 74 Shore D), alta tensão de ruptura, boa resistência a óleos e combustíveis e temperatura de trabalho contínuo: -40ºC a 100ºC. Também conta com excelente resistência à abrasão e memória elástica, entre outras características.
Além do tradicional – Responsável pela descoberta do TPU há 75 anos, a Bayer acompanhou de perto a evolução tecnológica e mercadológica do material. Com este aval, André Borba, gerente de marketing e de desenvolvimento de produtos da Bayer, tem credibilidade para afirmar que se trata de um mercado pouco explorado no país. “As vendas de TPU na região ainda têm muito a crescer; a demanda é pequena”, avalia.
Uma das causas é a resistência ao novo. Segundo ele aponta, o mercado se volta para aplicações tradicionais – leia-se: a indústria calçadista. Ok, a maior parte das vendas advém deste setor, que movimenta grandes volumes, no entanto, os especialistas concordam que o TPU precisa ir além dos sapatos, tênis e afins. Até porque esta área é marcada por muita instabilidade. “É um mercado que oscila muito”, comenta Borba. Aqui cabe uma explicação. O mercado do TPU é de especialidades, porém, na indústria calçadista, este nobre material ganha status de commodity e passa a ser muito vulnerável ao preço, até mesmo por causa da concorrência asiática.
Por este e outros motivos, a Bayer busca a diversificação. Recentemente, apresentou um novo grade do Desmopan, o 98 XX. Concorrente direto da poliamida, com propriedades mecânicas similares às das PA 11 e PA 12, o material foi desenvolvido para atender às indústrias automotiva e petroquímica, com aplicações em revestimentos para prospecção de petróleo e tubos de alimentação para os automóveis. “Este grade é mais competitivo do que o náilon, e tem maior disponibilidade no mercado”, comenta Borba. O produto oferece resistência térmica superior e modo de fração elevado, segundo ele.