Reciclagem e Descarbonização: Desafios e Soluções
A crescente conscientização sobre questões ambientais tem levantado um debate crucial em vários setores da economia, especialmente sobre reciclagem e descarbonização. O evento South By Southwest de 2022 destacou essas questões, promovendo discussões sobre a redução da pegada de carbono na cadeia produtiva e sobre como a reciclagem de plásticos se encaixa nesse panorama. O cenário atual exige que empresas, consumidores e governos se unam para enfrentar os desafios que surgem à medida que buscamos uma economia mais sustentável.
Os Três Níveis de Emissões na Cadeia de Produção
No painel “Industry Alignment: The Key to Product Decarbonization”, Tim Weiss, co-fundador da Optera, elucidou os três níveis de emissões que as empresas precisam monitorar: o Scope 1, Scope 2, e Scope 3. O Scope 1 abrange as emissões diretas geradas pelo uso de combustíveis fósseis nas operações da empresa. O Scope 2 se refere à energia elétrica utilizada, que contribui para as emissões de gases de efeito estufa. Esses dois níveis são mais fáceis de mensurar, pois são originados diretamente das operações da empresa.
O verdadeiro desafio, porém, está no Scope 3. Esse nível inclui as emissões provenientes da cadeia de suprimentos da empresa, abrangendo todos os parceiros que desempenham um papel na produção e distribuição dos produtos. A dificuldade em mensurar essas emissões é significativa, uma vez que nem todos os fornecedores reportam suas informações de emissões. Essa falta de dados cria um vácuo de informações essencial para a tomada de decisões que visam reduzir a pegada de carbono.
Como Estão as Empresas em Relação à Descarbonização
Durante o painel, Chris Cassell, VP de Sustentabilidade Corporativa da Lowe’s, trouxe uma perspectiva importante ao comentar que apenas 1% das emissões de carbono da empresa estão associadas ao Scope 1 e 2. A maior parte das emissões, que representa um desafio significativo, está concentrada no Scope 3. Cassell admitiu que a empresa, por muito tempo, aceitou as suas emissões sem buscar soluções efetivas.
A resposta da Lowe’s para essa situação envolve uma aliança com empresas que fornecem dados sobre emissões, buscando uma maneira de coletar informações mais robustas sobre a cadeia produtiva. Isso resultou na criação da base de dados DPED (Direct-Use Product Emissions Database) pela Optera e pela RILA para ajudar as empresas a identificar as lacunas de dados e desenvolver estratégias de mitigação. Essa iniciativa é vista como crucial para economizar tempo e melhorar a eficiência na produção de relatórios sobre sustentabilidade.
O Papel do Plástico e da Reciclagem
A questão do plástico em nossa sociedade é complexa e foi discutida por Keefe Harrison, CEO da The Recycling Partnership. Ela destacou que os consumidores enfrentam um dilema sobre o que realmente pode ser reciclado e o que acontece com o material após a coleta. Essa incerteza limita o engajamento dos consumidores em práticas de reciclagem.
Um dos pontos críticos levantados por Harrison é que o design de produtos deve incorporar a sustentabilidade. “O design deve ser responsável por facilitar a reciclagem e esclarecer aos consumidores o que é reciclável”, comentou. Portanto, a educar os consumidores sobre as práticas corretas de reciclagem se torna essencial para aumentar a eficiência desse processo e realmente movimentar a economia circular.
Os Desafios e Caminhos das Empresas para Reciclagem
Jeremy DeBenedictis, presidente da Altera, também enfatizou a necessidade de dar valor aos resíduos plásticos como uma maneira de estimular a reciclagem e construir uma economia circular. “Embora alguns plásticos sejam difíceis de reciclar, todos têm valor”, afirmou. Para DeBenedictis, a educação é um aspecto fundamental, tornando os consumidores mais conscientes sobre onde e como descartar seus resíduos.
Entretanto, ele alerta para a necessidade de infraestrutura que suporte a reciclagem eficaz. Ken Laverdure, da Estee Lauder, complementou esse pensamento, destacando as dificuldades enfrentadas pela indústria de bens de consumo em promover a reciclagem. Muitas vezes, o desafio está em encontrar materiais que interajam adequadamente com fórmulas químicas, além de atender às legislações que envolvem embalagens. Ele enfatizou que a motivação do consumidor é fundamental, pois “temos pontos de coleta e de troca, mas o consumidor tem que se motivar a ir lá.”
O Futuro da Sustentabilidade e o Papel das Políticas Públicas
Outro aspecto discutido por Keefe Harrison diz respeito ao papel das políticas públicas. “Não deveria ser uma escolha do público e sim um serviço público,” afirmou ela, defendendo que as soluções de sustentabilidade devem ser proporcionais à gravidade do problema. É vital que os governos implementem regulamentações e incentivos que estimulem a reciclagem e a descarbonização.
A transformação do plástico e a eficiência da reciclagem não são apenas responsabilidade das empresas, mas também dependem das diretrizes e políticas que são estabelecidas a nível governamental. A articulação entre empresas, consumidores e organizações governamentais pode resultar em soluções inovadoras que abordem não apenas a reciclagem de plásticos, mas também a redução das emissões de carbono.
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