A cada ano, o Brasil aumenta a relação de montadoras de automóveis que possuem fábrica no país. De origens diversas, de europeias a chinesas, essas empresas ajudam a dinamizar o já agitado setor automotivo, trazendo na bagagem novos conceitos e métodos produtivos, além de ampliar o mercado para peças e partes de fornecedores nacionais. A indústria da transformação de plásticos encontra no crescimento dessa lista novas oportunidades de negócios.
Em 2013, foram fabricados 3,7 milhões de automóveis de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Considerando apenas os carros de passeio, o número é de 2,7 milhões de unidades. A entidade informa que estão instaladas no país 29 montadoras, operando 61 unidades industriais distribuídas por dez estados, supridas por 500 fabricantes de autopeças. Em 2013, o Brasil foi o sétimo maior produtor mundial e o detentor do quarto mercado interno para autoveículos de todo o mundo.
A capacidade instalada de autoveículos no país em 2013 chegou a 4,7 milhões de unidades. Segundo a Anfavea, foram anunciados pelas empresas do setor investimentos no valor total de R$ 75,8 bilhões até 2017, montante capaz de elevar a capacidade produtiva para 5,7 milhões de unidades. Como não se prevê que o mercado interno cresça com a mesma intensidade, isso implica ampliar vertiginosamente as exportações.
Para alcançar metas tão ambiciosas, os fabricantes de autoveículos sabem que precisam contar com um parque produtor de peças e partes instalado no país e com apetite igualmente aguçado para acompanhar o ritmo de investimentos. As montadoras contam, desde 2012, com o programa federal Inovar-Auto, mediante o qual passaram a receber incentivos fiscais para desenvolver e produzir carros mais eficientes e menos poluentes, ou seja, com menor consumo de combustível por km rodado, além de mais seguros e com maior índice de nacionalização.
O passo seguinte é o Inovar-Autopeças, com a mesma intenção de oferecer incentivos, dessa vez aos produtores de autopeças, para ampliar e aprimorar sua produção. Mas esse passo ainda não foi dado, pois falta definir as regras de origem dos produtos e sua rastreabilidade. Sem essas medidas, não há como evitar que os carros nacionais usem cada vez mais peças feitas no exterior, em detrimento dos produtos locais.
O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) registrou que o setor obteve um faturamento de R$ 85,6 bilhões em 2013 (ou US$ 39,7 bilhões), com queda de 0,7% em relação a 2012. A produção física setorial, no entanto, cresceu 1,1% no mesmo período. Esses dados incluem todas as peças e partes produzidas no país, sem discriminar os itens elaborados com plásticos.
O balanço anual do setor de autopeças indicou o crescimento de 62% no seu déficit comercial. A diferença entre as exportações e importações setoriais ficou negativa em US$ 9,89 bilhões em 2013, mantendo uma sequência de saldos negativos iniciada em 2007.
Quando se olha o agregado dos US$ 19,7 bilhões de peças e partes importadas pelo Brasil em 2013, verifica-se que os maiores fornecedores internacionais foram os Estados Unidos e Alemanha, ambos com aproximadamente 11% do total importado. A China é a quarta origem de peças para o Brasil, com 8,6%, logo atrás do Japão, com 9,8%.
As exportações nacionais de autopeças e partes, no total de US$ 9,85 bilhões, em 2013, são preferencialmente destinadas para a Argentina (37,6%) e para os EUA (12,8%).
Inovação é a saída – A concorrência mundial pelo fornecimento de autopeças é brutal. E o Brasil está perdendo terreno, como evidencia o relatório anual do Sindipeças. A saída para mudar essa situação consiste na introdução de inovações tecnológicas, além das necessárias e sempre adiadas reformas estruturais identificadas com o famoso Custo Brasil.
Nesse ponto, a combinação do Inovar-Auto com o Inovar-Autopeças é fundamental, especialmente no setor de transformados plásticos. “O Inovar-Auto trará novos desenvolvimentos para o Brasil, tanto na transferência tecnológica de outros países quanto na criação de soluções próprias para a nossa realidade, como o sistema cold start [partida a frio] que elimina o tanquinho de gasolina em carros com motores flex”, comentou Rogério Colucci, gerente de marketing automotivo para a divisão de polímeros de performance da DuPont América Latina.
“Sem dúvida, o Inovar-Auto favorecerá a utilização dos plásticos de alta tecnologia e a Lanxess tem as soluções que a indústria precisa para atender as novas exigências do setor”, afirmou Anderson Maróstica, gerente-técnico da unidade de negócios High Performance Materials (HPM), da Lanxess na América Latina.