O VAR (árbitro assistente de vídeo) é uma das tecnologias utilizadas na Copa do Mundo de 2022 no Catar. A função do VAR é auxiliar as decisões do árbitro em lances específicos por meio de imagens captadas por câmeras espalhadas pelo estádio. Um dos casos mais marcantes do torneio foi a confirmação do gol da vitória do Japão contra a Espanha, em que a bola não saiu da linha do gol por poucos milímetros.
Ainda há casos de gols anulados, como Vinícius Jr. contra a Suíça, e pênaltis marcados com auxílio do VAR. A seguir, conheça mais sobre a tecnologia que está bombando na Copa do Mundo de 2022:
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O que é o VAR?
VAR é a sigla para Video Assistant Referee, que em português seria árbitro assistente de vídeo. Como o nome já diz, o VAR ajuda o juiz de campo a tomar decisões por meio das câmeras espalhadas pelo estádio. Na Copa do Mundo de 2022, são 42 câmeras — oito delas com tecnologia super câmera lenta e quatro com câmera ultra lenta – estrategicamente posicionado para capturar todos os ângulos do campo e ajudar a esclarecer qualquer controvérsia.
A equipe do VAR é formada por um árbitro de vídeo e três assistentes, que conferem em tempo real as imagens fornecidas pelas câmeras do estádio. Além deles, há três operadores de replay, que auxiliam a equipe do VAR na revisão de lances polêmicos.
No Mundial do Catar, a equipe do VAR está em uma sala em Doha, fora dos estádios onde acontecem as partidas. A transmissão de imagens e a comunicação com o árbitro de campo são feitas por meio de uma rede de fibra ótica de alta velocidade. Caso haja algum problema com o VAR, o juiz de campo é avisado e o jogo ocorre normalmente sem o auxílio do árbitro de vídeo.
Como funciona o VAR?
Nem todo lance de partida é avaliado pelo VAR. A tecnologia só pode ser acionada nas seguintes situações:
- gols ou lances que resultem em gol;
- possíveis penalidades;
- possíveis cartões vermelhos diretos;
- identificação incorreta de jogadores (por exemplo, cartão amarelo para atleta que não cometeu falta);
O juiz de campo deve ser chamado sempre que uma ofensa clara for detectada pela equipe de VAR. Em alguns casos, o árbitro de vídeo pode sugerir que o juiz de campo revise a tacada. Quando isso acontece, o árbitro faz um sinal retangular com os dedos e assiste ao replay em uma tela localizada próximo ao gramado. Com base nas imagens, ele pode confirmar a decisão inicial ou derrubá-la.
A origem do VAR
As primeiras experiências envolvendo videoarbitragem no futebol aconteceram na Holanda. Em 2012, a federação holandesa de futebol (KNVB) desenvolveu um sistema chamado Arbitragem 2.0, que se tornaria o embrião do que hoje conhecemos como VAR. Na época, o sistema de assistência por câmeras de vídeo já era utilizado em outros esportes, mas o que motivou a criação de uma tecnologia para o futebol foi a eliminação da Irlanda para a França nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. A vitória francesa foi conquistada após o atacante Thierry Henry ajustar claramente a bola com a mão, o que gerou várias críticas a erros crassos de arbitragem.
Em 2014, a KNVB solicitou ao International Football Association Board (IFAB), órgão que regulamenta as regras do futebol, o uso de árbitros de vídeo em competições oficiais. No entanto, o então presidente da Fifa, Joseph Blatter, bloqueou a ideia. Somente com a entrada do atual presidente da Fifa, Gianni Infantino, o IFAB aprovou em março de 2016 um período de dois anos de testes com o VAR.
O VAR foi utilizado experimentalmente em alguns eventos específicos, como no Mundial de Clubes de 2016 e em jogos das ligas americana e australiana. Foi nesse período que algumas regras foram estabelecidas, como o uso de apuração em situações específicas e a comunicação da decisão por meio do telão do estádio.
Em março de 2018, o IFAB aprovou definitivamente o uso do VAR em competições oficiais de futebol, a tempo de lançar o sistema para a Copa do Mundo de 2018. como a Premier League inglesa, a UEFA Champions League e o Brasileirão.
Controvérsias envolvendo o VAR
Apesar da resistência inicial, o VAR ajudou os árbitros a melhorar suas decisões em campo. Segundo estudo da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, que analisou mais de 800 partidas em 20 países, o índice de acerto dos juízes aumentou de 93% para 99% nas quatro situações em que o VAR é usado. Além disso, em média, o árbitro de vídeo é chamado apenas cinco vezes por jogo e costuma levar apenas 90 segundos por jogo.
No entanto, ainda existem algumas controvérsias em torno do uso do VAR na Copa do Mundo de 2022. Um deles é uma possível falta de transparência nas decisões dos árbitros. Antes do início do torneio, a FIFA decidiu que não compartilharia o áudio entre o juiz de campo e o árbitro de vídeo, como ocorre em torneios na América do Sul. Esse tipo de informação ajuda a entender as decisões tomadas pelo árbitro em lances que envolvem interpretação da regra.
Além disso, discute como a regra do impedimento tem sido aplicada na Copa do Mundo. Alguns gols estão sendo anulados por milímetros, como no caso da derrota da Argentina para a Arábia Saudita. Em teoria, o impedimento não é válido para jogadores que estão na mesma linha, mas a precisão trazida pelo VAR acabou praticamente invalidando essa regra. Outros torneios pelo mundo também tiveram esse problema, e uma solução encontrada pela Liga Inglesa foi aumentar a espessura da linha de impedimento.
as atualizações
A principal novidade para a Copa do Mundo de 2022 foi a introdução da tecnologia de impedimento semiautomático. Segundo a Fifa, permite que um possível lance de impedimento seja analisado em questão de segundos. O sistema conta com 12 câmeras dedicadas apenas à tecnologia, que consegue captar 29 pontos dos jogadores, incluindo as extremidades, para formar uma imagem mais nítida de sua movimentação em campo. Além disso, a bola possui um sensor que envia informações 500 vezes por segundo para o computador central.
Todos esses dados são alimentados por um software de inteligência artificial, que detecta automaticamente o momento exato em que o passe é feito para um jogador da frente e traça a linha de impedimento. Assim, o árbitro de vídeo só precisa confirmar que a imagem está correta e comunicá-la ao juiz de campo.
No VAR tradicional, quando é necessário verificar um possível impedimento, localizar o momento do passe e traçar a linha de impedimento precisa ser feito manualmente, o que costuma levar 70 segundos, segundo a FIFA.