“Brasil vive momento positivo e deve superar marcas históricas na proteína animal”, diz Santin. Em coletiva realizada em São Paulo na quarta-feira, 20 de agosto de 2025, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projetou novos recordes para produção e vendas externas de ovos, carne de frango e carne suína no próximo ano. As estimativas vêm após um primeiro semestre com ocorrência pontual de Influenza Aviária e no rastro do chamado “tarifaço” dos Estados Unidos, fatores que pressionaram parte do setor, mas não mudaram a tendência de avanço.
Panorama geral e os principais números de 2025
A ABPA projeta crescimento simultâneo nas três cadeias. Para ovos, a produção pode alcançar até 62 bilhões de unidades em 2025, alta de 7,5% sobre 2024, com consumo interno avançando 7,1% e atingindo 288 unidades por habitante. No frango, a produção estimada é de 15,4 milhões de toneladas, avanço de 3% em relação ao ano anterior. Já a suinocultura deve chegar a 5,45 milhões de toneladas, alta de 2,7%, com exportações de 1,45 milhão de toneladas, desempenho 7,2% superior ao de 2024.
Pelos números, o Brasil consolida posição entre os maiores fornecedores globais de proteína. O cenário doméstico também é favorável. A demanda interna segue firme, com recomposição de consumo nas três proteínas. Para a ABPA, a combinação de oferta estável, custos de produção sob controle relativo e câmbio ainda competitivo sustenta o avanço. Mesmo com ruídos, como a tarifa adicional aplicada pelos EUA a produtos brasileiros e o episódio sanitário do primeiro semestre, a entidade vê 2025 como um ano de consolidação.
Ovos: Brasil entre os dez maiores consumidores do mundo
A estimativa de 62 bilhões de ovos para 2025 marca um novo patamar para a cadeia. O consumo de 288 unidades por pessoa coloca o Brasil, pela primeira vez, no grupo dos dez maiores mercados consumidores do mundo. Esse salto tem base em três frentes. A primeira é o preço relativo do ovo frente a outras proteínas, que favorece a escolha do produto nas compras do mês. A segunda é a expansão de linhas de produtos prontos e pasteurizados, que ampliam o uso em padarias, restaurantes e indústria. A terceira é o avanço da distribuição, com maior capilaridade em cidades médias e pequenas, além de uma rede de atacarejos que ganha escala.
No comércio exterior, as exportações de ovos podem superar 40 mil toneladas em 2025, mais que o dobro do volume do ano anterior. A ABPA destaca confiança na reabertura ou expansão de mercados com demanda sazonal, como o Chile, e na manutenção de destinos estratégicos no Oriente Médio e na América do Sul. A oferta brasileira, com ganho de produtividade por galinha alojada e manejo mais preciso na fase de recria e postura, cria margem para abastecer o mercado interno e, ao mesmo tempo, sustentar embarques em rota ascendente.
A cadeia também intensificou ações para reduzir perdas na logística. Embalagens com maior proteção em longas distâncias e rotas mais curtas entre granjas e pontos de venda diminuem quebras e melhoram a apresentação nas gôndolas. No campo, o ajuste fino do plano nutricional e o uso de matrizes com melhor conversão alimentar sustentam lotes mais uniformes. São detalhes que, somados, elevam a taxa de postura, prolongam a vida produtiva e reduzem descartes prematuros.
O movimento de consumo também passa por canais digitais. Plataformas de entrega de compras e assinaturas mensais de cestas de alimentos ampliam a previsibilidade de demanda nas centrais de distribuição. Com planejamento mais estável, o produtor ajusta alojamentos e programações de abate de poedeiras de forma menos volátil. O resultado aparece em estoques mais ajustados e menor oscilação de preço ao consumidor ao longo do mês, algo relevante em capitais e regiões metropolitanas.
Carne de frango: retomada após crise sanitária e ajustes nas exportações
O frango volta à trajetória de crescimento. A produção prevista de 15,4 milhões de toneladas em 2025 representa alta de 3% sobre 2024 e reforça a vocação do país como um dos maiores produtores globais. O consumo per capita deve subir para 47,8 kg, reconquistando níveis históricos nas mesas das famílias brasileiras. O movimento reflete oferta regular, preços ainda competitivos em relação a outras carnes e a volta da normalidade na indústria depois do episódio de Influenza Aviária que atingiu uma granja comercial no primeiro semestre.
As exportações projetadas somam 5,2 milhões de toneladas, leve recuo de 2% frente a 2024. A entidade avalia que a maioria dos mercados reabriu ou manteve compras após a resposta sanitária brasileira, e que uma recomposição mais forte pode aparecer em 2026. A queda pontual nos embarques reflete ajustes em alguns destinos e uma recomposição de estoques no Oriente Médio e na Ásia. Mesmo assim, os volumes seguem próximos aos recordes do ano passado, com o Brasil preservando a imagem de fornecedor confiável e com entregas regulares ao longo do ano.
No campo, o foco recai sobre conversão alimentar e sanidade. Integrações reforçam biosseguridade, controle de fluxo entre granjas e protocolos de entrada. A nutrição busca rações com densidade adequada de energia e aminoácidos, otimizando ganho de peso e reduzindo dias até o abate. A indústria, por sua vez, equilibra mix de cortes e produtos processados, ajustando oferta para o varejo interno e contratos no exterior. É um trabalho de rotina, mas que exige resposta rápida a mudanças de demanda e câmbio ao longo do trimestre.
A programação de abates também mudou. Com mais dados em tempo real, frigoríficos ajustam lotes para faixas de peso mais procuradas. Isso evita sobras de cortes específicos e melhora margens. A logística recebe atenção para manter prazos em portos do Sul e do Sudeste, além de expandir saídas no Norte e no Nordeste em rotas para a Ásia e o Oriente Médio. Diversificar portos encurta distâncias internas e reduz risco de gargalos em janelas de pico de embarque.
Carne suína: novos patamares em produção, consumo e vendas externas
A suinocultura mantém ritmo firme. Para 2025, a ABPA espera 5,45 milhões de toneladas, um avanço de 2,7% sobre 2024. O consumo doméstico deve alcançar 19 kg por pessoa, sustentado por maior presença do produto em açougues, atacarejos e aplicativos de entrega. A mensagem é clara: a carne suína está mais acessível, com oferta de cortes para diferentes faixas de preço. No varejo, cresce a participação de itens fatiados e porcionados, que facilitam o preparo e reduzem desperdício no dia a dia.
No comércio exterior, a projeção é de 1,45 milhão de toneladas, alta de 7,2% ante 2024. As vendas ganham tração para Filipinas, México e Singapura, além de países da América do Sul. O avanço em mercados emergentes dilui a dependência de poucos destinos e cria uma base mais estável para o setor. As plantas habilitadas atendem protocolos específicos de cada país, com foco em rastreabilidade, controle de frigorificação e padronização de cortes, o que reduz devoluções e melhora a previsibilidade logística.
A competitividade do Brasil nasce no campo, com granjas que investem em genética, ambiência e manejo de leitões. O ganho de peso diário mais alto, associado a índices reprodutivos consistentes, dilui custos fixos. Na fábrica de ração, a incorporação de aditivos e enzimas melhora a digestibilidade e permite ajustes finos no uso de milho e farelo de soja, reduzindo oscilações de desempenho entre lotes. O resultado é um produto final padronizado, com carcaças dentro das especificações exigidas por atacadistas e redes varejistas.
Há também efeito de imagem. Ao cumprir prazos, manter volumes e atender requisitos técnicos, o exportador brasileiro consolida relações comerciais de longo prazo. Isso se traduz em contratos renovados e em maior disposição de compradores para alongar prazos ou antecipar cargas em momentos de necessidade. A previsibilidade é um ativo que pesa tanto quanto preço na disputada prateleira global de proteínas.
Efeito do “tarifaço” dos EUA e as rotas de mitigação
A sinalização de tarifas adicionais dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros acendeu o alerta em 2025. A ABPA avalia que o impacto é administrável pela diversificação de destinos e pela capacidade de redirecionar parte das cargas. O setor tem experiência em ajustes rápidos quando há mudanças em alíquotas, licenças de importação ou exigências sanitárias. Grandes grupos já trabalham com cenários de preço que embutem margens de segurança para flutuações nas taxas de importação, evitando interrupções bruscas de embarques.
A principal resposta é ampliar a base de compradores. O Brasil mira países com demanda em alta por proteína de frango e suína, e que aceitam diferentes especificações de cortes. Ao diversificar, o exportador dilui riscos e encontra nichos com melhores prêmios. Outro caminho é a revisão do mix enviado aos EUA, priorizando itens com maior valor agregado ou com menor sensibilidade a mudanças de tarifa. Com planejamento fino, a indústria mantém rotas ativas, enquanto busca oportunidades em mercados onde os custos logísticos e tributários criam janelas de competitividade.
Influenza aviária: resposta rápida e restabelecimento de fluxos comerciais
O primeiro semestre de 2025 registrou uma confirmação pontual de Influenza Aviária em granja comercial. O episódio pressionou a avicultura, mas a resposta foi rápida. Protocolos de contenção, rastreamento e limpeza foram acionados, e as autoridades sanitárias comunicaram parceiros internacionais. A maioria dos mercados manteve ou retomou compras após a verificação de que a ocorrência estava circunscrita e de que as medidas de mitigação foram seguidas. A ABPA aponta que, apesar do susto, o fluxo de exportações se manteve próximo aos níveis de 2024, limitando a perda de receita.
A lição para o setor é clara: manter vigilância contínua e capacidade de resposta. Isso inclui reforço de barreiras físicas nas granjas, controle de acesso, programas de capacitação de equipes e comunicação direta entre integradoras e produtores independentes. Na indústria, checklists atualizados e simulações de contingência ajudam a reduzir o tempo de reação. No comércio internacional, a transparência sobre ações tomadas e prazos de liberação de áreas afetadas encurta a distância até a normalização de contratos.
Consumo interno: renda, preço e substituição entre proteínas
O consumo de proteína animal no país é influenciado por renda disponível, preços relativos e hábitos regionais. Em 2025, a ABPA enxerga um ambiente de demanda firme. O ovo ganha espaço como opção de alto valor nutricional por real gasto, com presença crescente em cestas mensais e na alimentação fora de casa. O frango, com preço estável na comparação com outras carnes, recupera terreno perdido em 2024 e volta a ser escolha frequente em refeições diárias. A carne suína, antes restrita a datas específicas em algumas regiões, amplia a presença no cotidiano com cortes magros e porções menores.
Varejo e atacarejo têm papel central nessa retomada. As redes criam promoções semanais com cortes que variam por região, ajustando oferta a preferências locais. Cartões de fidelidade e aplicativos ajudam a suavizar o efeito de oscilações de preço, oferecendo cashback ou descontos direcionados. Para o consumidor, a praticidade pesa. Embalagens a vácuo e porções individuais reduzem perdas e facilitam o preparo rápido. Para a indústria, a venda de produtos porcionados aumenta previsibilidade e melhora a rotação de estoques.
Câmbio, insumos e logística: variáveis que moldam margens em 2025
A trajetória de custos segue no radar. Milho e farelo de soja, base da ração, representam a maior fatia do custo de produção. A colheita e a formação de estoques determinam o espaço para contratos a termo e travas de preços. Produtores e indústrias avançam em estratégias combinadas, que incluem compras escalonadas, hedge em bolsas e flexibilização de fórmulas de ração para acomodar variações de disponibilidade regional. Quando o insumo fica mais caro em uma praça, é possível remanejar cargas ou ajustar o mix de ingredientes, mantendo desempenho zootécnico.
O câmbio continua sendo fator-chave para exportadores. Um real mais depreciado ajuda a competitividade externa, mas pressiona custos de insumos dolarizados, como vitaminas, premixes e alguns equipamentos. A decisão de alongar ou encurtar prazos de contratos no exterior considera esse equilíbrio. Na logística, o setor mira ganho de eficiência em portos e ferrovias. Janelas de atracação mais previsíveis e integração de sistemas de agendamento reduzem filas, armazenagem e custos de demurrage. Ao mesmo tempo, ampliar o uso de contêineres em rotas específicas dá flexibilidade para operar volumes menores com maior frequência.
De onde vem a oferta: polos produtivos e distribuição regional
A produção de proteína animal no Brasil se concentra em polos com tradição agroindustrial, disponibilidade de grãos e infraestrutura. Na avicultura, estados do Sul e do Sudeste consolidam presença, com expansão de granjas modernas em áreas próximas a fábricas de ração e frigoríficos. O avanço no Centro-Oeste ganha força com grãos mais próximos e redes de transporte que encurtam o caminho até as plantas industriais. Em ovos, a interiorização do alojamento de poedeiras ajuda a distribuir a oferta e reduzir custos logísticos para capitais e regiões metropolitanas.
Na suinocultura, granjas tecnificadas operam com lotação equilibrada, controle ambiental e manejo padronizado. A proximidade de fábricas de ração e a integração com cooperativas melhora o poder de compra de insumos e facilita a negociação de fretes. A malha rodoviária, reforçada por corredores que conectam áreas produtoras a portos estratégicos, sustenta o crescimento de embarques. Esses fatores, combinados, ajudam a explicar por que a ABPA fala em superação de marcas históricas, mesmo com choques pontuais no ambiente externo.
Mercados externos em destaque: Ásia, Oriente Médio e América do Sul no radar
As projeções da ABPA citam a expansão das vendas de suínos para Filipinas, México e Singapura, além de países da América do Sul. Esses destinos têm buscado diversificar fornecedores e manter estoques mais robustos, o que favorece contratos de médio prazo. No frango, o Brasil preserva a relevância em países do Oriente Médio, com demanda estável por cortes específicos e produtos processados. As vendas seguem regras de certificação, com auditorias periódicas e padronização de procedimentos na origem, o que dá confiança ao importador e reduz custos com retrabalho.
Na cadeia de ovos, mercados com consumo consolidado compram volumes menores, mas recorrentes. Para ganhar espaço, o exportador brasileiro trabalha com prazos curtos, embalagens adaptadas e rastreabilidade desde a granja até o porto. Em destinos sazonais, como o Chile, o país busca reabrir e ampliar janelas de compra. Em paralelo, oportunidades pontuais aparecem em regiões que enfrentam quebras de produção. A capacidade de reagir rápido, com documentação e logística disponíveis, define quem consegue capturar essa demanda de curto prazo.
Indústria e varejo: como o mix de produtos protege margens
A indústria ajusta o mix para equilibrar margens entre o mercado interno e o externo. No frango, cortes de maior valor agregado e produtos temperados e congelados ajudam a capturar preço melhor no varejo. No suínos, linhas de cortes padronizados para churrasco e porções magras para o dia a dia aumentam a frequência de compra. Em ovos, o avanço de categorias como caipira e pasteurizado atende nichos e serviços de alimentação, sem comprometer a oferta do ovo branco tradicional, que concentra volume e viabiliza economias de escala.
Do lado do varejo, o desenho das promoções segue lógica de giro e margem. Redes combinem ofertas de frango com hortifrutis e itens básicos para formar cestas de preço “psicológico”, que atraem tráfego para a loja. Programas de fidelidade segmentam descontos conforme histórico de compra. Isso reduz rupturas, melhora a acurácia do pedido e diminui perdas na gôndola. A previsibilidade de demanda, por sua vez, retroalimenta a indústria com dados de vendas mais precisos, sustentando programações de abate e embarque semanais.
Tecnologia no campo e na fábrica: ganhos de eficiência que somam no resultado final
A digitalização se torna aliada da gestão. Sensores de ambiência, medidores de consumo de ração e água, e câmeras térmicas ajudam a detectar desvios cedo. Pequenas correções no manejo evitam quedas de desempenho e reduzem mortalidade. Na fábrica de ração, controle de granulometria e ajuste de peletização trazem ganho consistente na conversão alimentar. A soma desses pontos gera uma produção mais previsível, com lotes que chegam ao frigorífico no peso alvo e no tempo planejado, reduzindo custos por ave ou suíno abatido.
Na indústria, as linhas de abate evoluem com automação e sistemas de visão que melhoram o aproveitamento de carcaças. O desossa mais preciso aumenta o rendimento de cortes valiosos e baixa perdas. Nos centros de distribuição, a gestão por slots e janelas fixas reduz esperas de caminhões e melhora o uso de docas. Esses ganhos, embora pareçam incrementais, criam colchões de eficiência que protegem margens quando há pressão de custos, seja por câmbio, seja por preço de insumos.
Como ficam preços ao produtor e ao consumidor no curto prazo
Com produção em alta e demanda firme, a tendência é de preços estáveis a levemente positivos no atacado, variando por região e por corte. Para o produtor, o repasse de custos depende do desempenho dos insumos e do câmbio, além da capacidade de escoamento no mercado externo. Na avicultura, o equilíbrio entre peso de abate e giro de lotes define a rentabilidade mês a mês. Na suinocultura, o produtor observa o intervalo entre picos e vales de preço para calibrar decisões de alojamento e venda, reduzindo exposição a janelas menos favoráveis.
Para o consumidor, as promoções permanecem como vetor importante de compra. Semanas temáticas e combos são estratégias para manter fluxo nas lojas e diluir custos fixos. O diferencial está na disponibilidade de porções menores e cortes porcionados, que cabem no orçamento e evitam sobras. Esse movimento ajuda a sustentar o volume vendido, mesmo quando há variação pontual de preço em determinados cortes ou marcas.
Competitividade internacional: por que o Brasil segue na vitrine do comércio global
O Brasil combina escala, disponibilidade de grãos e uma cadeia industrial integrada. Essa arquitetura reduz custos médios e dá flexibilidade para ajustar mix e prazos. A previsibilidade de entrega conta muito. Importadores preferem fornecedores que cumpram janelas e padrões, mesmo com oscilações de preço. A ABPA ressalta que, em 2025, o país mantém a imagem de parceiro confiável, condição que ajuda a preservar contratos quando surgem barreiras temporárias em algum destino.
Outro ponto é a padronização de processos nas plantas habilitadas. Certificações exigem registros, monitoramento e auditorias regulares. Ao cumprir esses itens, a indústria reduz risco de contestações e facilita renovações de credenciais de exportação. Em um ambiente competitivo, detalhes operacionais, como precisão no corte e rotulagem consistente, têm peso direto na escolha do fornecedor e na disposição do comprador em pagar prêmios por regularidade e qualidade.
O que acompanhar no 2º semestre de 2025 e no início de 2026
O fechamento de 2025 depende de variáveis conhecidas: ritmo de abates, câmbio, custos de ração e fluxo nos portos. O ponto de atenção é a velocidade de recomposição das exportações de frango para mercados que reduziram compras após o episódio sanitário do primeiro semestre. A ABPA fala em recuperação mais robusta ao longo de 2026, o que exigirá monitoramento de habilitações de plantas, itinerários logísticos e exigências sanitárias por país. Na suinocultura, o foco está em manter embarques crescentes para mercados emergentes, consolidando contratos de médio prazo.
No mercado interno, o comportamento do consumidor no fim de ano costuma favorecer proteínas com preparo rápido e preço acessível. As redes varejistas devem calibrar promoções por região para equilibrar giro e margem. Já na cadeia de ovos, a perspectiva de consumo elevado impõe desafio de logística para garantir reposição constante em grandes centros urbanos, sem abrir espaço para rupturas nas gôndolas.
- Câmbio e custos de milho e farelo de soja, que determinam margens e preço final.
- Evolução das tarifas e licenças em mercados relevantes, com impacto no mix de exportações.
- Fluxo nos portos e disponibilidade de contêineres em rotas longas para Ásia e Oriente Médio.
- Ritmo de consumo doméstico em datas sazonais e resposta das redes varejistas.
- Indicadores de biosseguridade e prazos de normalização após ocorrências sanitárias pontuais.
Perguntas frequentes do leitor: o que muda no dia a dia
Com produção e consumo em alta, o que o consumidor pode esperar no balcão? A tendência é de oferta ampla e variedade de cortes. Em frango, cortes resfriados e congelados seguem com preços competitivos frente a outras proteínas. Em suínos, a presença de peças magras e porcionadas facilita o preparo de refeições rápidas. Em ovos, bandejas com diferentes quantidades e tipos atendem desde compras semanais até reposições mais espaçadas. A disponibilidade ajuda a manter preços equilibrados ao longo do mês, com variação conforme praça e promoção.
Para quem é do setor, quais pontos operacionais merecem atenção? O controle de custos via programação de compras de insumos e contratos de frete é central. A gestão de estoques deve acompanhar o calendário de promoções do varejo e os compromissos de exportação. Na granja, a leitura constante de indicadores zootécnicos e a manutenção de protocolos de biosseguridade reduzem riscos e aumentam a previsibilidade de entrega. Esses fatores, somados, sustentam o cenário positivo descrito pela ABPA para 2025.
Método, dados e limites das projeções apresentadas pela ABPA
As projeções da ABPA, divulgadas em 20 de agosto de 2025, combinam informações de empresas associadas, estatísticas oficiais e histórico de desempenho das cadeias. Estimam produção, consumo e exportações para o ano seguinte, com base em premissas de câmbio, custos de insumos e abertura de mercados. São números de referência para a indústria, para o varejo e para analistas acompanharem tendências e planejarem estoques, alojamentos e investimentos. Como toda projeção, estão sujeitas a revisão quando houver mudanças de cenário ao longo do semestre.
A leitura correta dos dados exige atenção às unidades de medida e às bases de comparação. Em ovos, a referência costuma ser unidades e toneladas equivalentes nas exportações. Em frango e suínos, as estatísticas diferenciam carcaça, cortes e produtos processados. Ao acompanhar os próximos meses, vale observar a convergência entre o que foi projetado e o que será apurado nos registros de produção e comércio. Essa aproximação dirá se o setor caminha para os recordes apontados e em que velocidade os números devem se materializar.
Resumo do que foi dito por Santin e perspectivas do setor
A mensagem central do presidente da ABPA, Ricardo Santin, foi objetiva: o Brasil vive um momento positivo e tem condições de superar marcas históricas em 2025. O ovo deve entrar no top 10 de consumo mundial, com 62 bilhões de unidades e 288 ovos por pessoa. O frango projeta 15,4 milhões de toneladas, com consumo per capita de 47,8 kg e exportações ainda próximas aos recordes, mesmo com recuo de 2% frente a 2024. Na suinocultura, a produção tende a 5,45 milhões de toneladas e as vendas externas a 1,45 milhão de toneladas, com ganhos de mercado em países de Ásia e América do Sul.
A travessia até lá pede atenção a custos de ração, câmbio e logística, além da agenda sanitária. O setor atua com planos de contingência, diversificação de destinos e ajuste fino de mix de produtos. As empresas calibram abates, embalagens e rotas para preservar margens e cumprir contratos. Com consumo doméstico firme e importadores em busca de previsibilidade, a indústria segue confiante. Se as premissas se confirmarem, 2025 deve reforçar a presença do Brasil na vitrine global de proteínas e entregar, na prática, o cenário traçado na coletiva de 20 de agosto.