O Governo do Paraná participou do Congresso do Agronegócio Global, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba, com programação de segunda-feira (22) a quarta-feira (24). O Estado levou dois estandes: um da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e outro da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). As equipes apresentaram projetos focados em pesquisa aplicada, gestão rural e soluções para tornar a produção mais eficiente. Em destaque, o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Prosolo, voltado ao manejo do solo, e um modelo cirúrgico com próteses ortopédicas para animais, customizadas por impressão 3D e feitas de material reabsorvível.
As ações levaram ao público um panorama de como ciência e gestão pública podem se somar para resolver problemas práticos da porteira para dentro. De um lado, universidades e centros de pesquisa apresentaram protocolos para reduzir erosão, preservar a fertilidade do solo e melhorar a produtividade. De outro, órgãos de governo detalharam programas de crédito, assistência técnica e capacitação para produtores e cooperativas. A programação reuniu especialistas, gestores, pesquisadores e representantes do setor produtivo em debates sobre direito, tecnologia, energia e processos industriais aplicados ao campo.
Panorama do evento e participação do Estado
Com dois estandes próprios, o Paraná ocupou espaço central no Congresso do Agronegócio Global. A Seti organizou demonstrações de pesquisas em andamento e de produtos já transferidos para o mercado. A Seab apresentou políticas públicas e frentes de trabalho para apoiar quem produz, com informações sobre linhas de financiamento, capacitações, assistência técnica e ações para reduzir riscos climáticos e operacionais. A combinação de pesquisa aplicada e serviços ao produtor ajudou a aproximar laboratórios, empresas e propriedades rurais, com foco em resultados práticos de curto e médio prazo.
Ao longo dos três dias, pesquisadores e técnicos detalharam metodologias, métricas de acompanhamento e formas de medir ganhos em produtividade, qualidade de produtos e eficiência do uso de insumos. O formato de exposição buscou dialogar com o público profissional do evento, que incluiu produtores, cooperativas, consultorias, indústrias de insumos e autoridades. Em vez de conceitos abstratos, as apresentações trouxeram protocolos, checklists, estudos de caso e orientações passo a passo que podem ser aplicadas na rotina de campo e em processos industriais da cadeia agropecuária.
Pesquisa aplicada: o que o Napi Prosolo entrega no campo
O Napi Prosolo reúne pesquisadores de cinco universidades paranaenses para atacar um ponto sensível de qualquer sistema agrícola: o solo. A proposta é transformar resultados científicos em protocolos práticos de manejo que reduzam erosão, evitem a perda de nutrientes e mantenham a estrutura física adequada ao desenvolvimento das raízes. O arranjo trabalha com diagnósticos, metas de melhoria e acompanhamento, sempre com orientações que possam ser replicadas por técnicos de cooperativas e equipes de assistência pública e privada no atendimento a propriedades de diferentes portes.
Entre os tópicos mostrados estão procedimentos para planejamento de curvas de nível, uso correto de plantas de cobertura, ajustes no sistema de semeadura, análise de compactação e definições de taxa variável de corretivos. Também foram apresentados métodos para reduzir o escoamento superficial de água e para reter sedimentos nas áreas de produção. A ênfase recaiu sobre ganhos mensuráveis: menor perda de insumos, mais uniformidade de estande e estabilidade de produtividade em safras consecutivas, com redução de custos de correção no médio prazo.
Como as universidades trabalham em conjunto
O arranjo congrega equipes com especialidades complementares, como física do solo, máquinas agrícolas, fitotecnia, geotecnologias e hidrologia. A cooperação permite desenhar protocolos com base em experimentos comparativos e dados de longo prazo, mas escritos em linguagem operacional. Cada universidade contribui com áreas de validação e bancos de dados. Em paralelo, cooperativas e produtores parceiros oferecem áreas de teste em condições reais de produção, criando um ciclo contínuo de ajuste fino nas recomendações. O fluxo inclui diagnóstico, plano de ação, capacitação e aferição de resultados com indicadores definidos desde o início.
Os pesquisadores destacaram ferramentas acessíveis para expansão do programa, como planilhas de campo padronizadas, guias ilustrados e aplicativos de coleta de dados compatíveis com smartphones. A ideia é facilitar o trabalho de quem está no dia a dia da lavoura, sem exigir equipamentos caros. Com dados georreferenciados e registro de práticas adotadas, as equipes conseguem comparar áreas, entender por que um talhão responde melhor que outro e priorizar intervenções. O esforço conjunto reduz o tempo entre a geração do conhecimento e sua aplicação nas propriedades.
Tecnologia veterinária: próteses 3D reabsorvíveis para animais
Outro destaque do estande de ciência foi o modelo cirúrgico com próteses ortopédicas personalizadas para uso veterinário. O processo começa com exames de imagem do animal, como tomografia ou ressonância. As imagens são convertidas em modelos digitais, que servem de base para imprimir, em 3D, implantes sob medida. O material empregado é reabsorvível, o que dispensa uma segunda cirurgia para retirada. O desenho inclui um componente que estimula a regeneração óssea, favorecendo a consolidação e agilizando a recuperação.
A startup responsável pelo desenvolvimento é a Orthopetica, que recebeu aporte de investimento do Estado em 2023 dentro do programa Prime (Propriedade Intelectual com Foco no Mercado). A solução busca encurtar o tempo entre o diagnóstico e a reabilitação, com peças adaptadas às variações anatômicas de cada paciente. Para clínicas e hospitais, o método tende a reduzir tempo de cirurgia e de internação, além de facilitar o planejamento do procedimento. Para os tutores, o ganho esperado é a retomada mais rápida das funções locomotoras e, em muitos casos, a possibilidade de voltar às atividades de manejo em propriedades rurais.
Fluxo de produção dos implantes: do exame à cirurgia
O fluxo apresentado aos visitantes seguiu etapas claras. Primeiro, a coleta de imagens com parâmetros padronizados para garantir definição e contraste. Em seguida, a segmentação do volume no software, que separa os tecidos e reconstrói a área afetada em três dimensões. A etapa de engenharia define medidas, espessuras e pontos de fixação, além de prever cargas durante a locomoção. A impressão 3D utiliza polímeros específicos para uso médico veterinário. Depois, as peças são submetidas a acabamento e esterilização. Por fim, a equipe cirúrgica recebe um kit com o implante e, quando necessário, modelos-guia para corte e perfuração precisos.
No treinamento, profissionais tiveram acesso a casos modelos que simulam fraturas em membros e deformidades com necessidade de correção. Foram discutidos critérios para indicação do implante, tempo de reabsorção do material e protocolos de acompanhamento pós-operatório. O foco esteve em padronizar a jornada clínica e reduzir variações de procedimento. A Orthopetica também apresentou métricas de desempenho que podem ser acompanhadas pelas equipes parceiras, como tempo operatório, escala de dor no pós-cirúrgico, retorno à marcha e incidência de complicações, o que ajuda na tomada de decisão e na melhoria contínua.
Políticas públicas e atendimento ao produtor no estande da Seab
A Seab concentrou sua participação em orientar produtores e cooperativas sobre serviços voltados ao aumento de produtividade e ao acesso a mercados. Técnicos apresentaram programas de apoio à gestão rural, iniciativas para qualificação de mão de obra, mecanismos de mitigação de risco e canais de atendimento presencial e digital. Também foram detalhadas ações integradas do Sistema Estadual de Agricultura do Paraná (Seagri), que reúne estruturas de assistência técnica, defesa agropecuária, pesquisa e abastecimento, ampliando a cobertura das políticas públicas no Estado e facilitando a vida de quem busca soluções em uma única porta de entrada.
Segundo a pasta, o objetivo é alinhar as demandas do campo com instrumentos práticos de execução. Entre os temas tratados estiveram certificações exigidas por compradores, rastreabilidade, adequação a normas sanitárias, qualificação de processos e acesso a feiras e rodadas de negócios. A equipe reforçou a importância de planejamento de safra, gestão de custos e ampliação da oferta de crédito para investimentos em maquinário, armazenagem e irrigação. A orientação é que produtores busquem os escritórios regionais para montar, com apoio técnico, um plano de investimento claro, com metas, indicadores e cronograma.
Programas, metas e resultados esperados na gestão rural
Os programas apresentados pela Seab enfatizam metas mensuráveis. Para propriedades familiares, há roteiros de assistência que combinam diagnóstico de solo, análise de água para uso agroindustrial, atualização de cadastro e capacitação em boas práticas de manejo. Para médios e grandes produtores, a ênfase recai sobre intensificação responsável do uso de áreas já abertas, com rotação de culturas, integração lavoura-pecuária, manejo de dejetos e melhoria de infraestrutura interna, como estradas vicinais e sistemas de reservação de água. A meta é reduzir gargalos que afetam logística e produtividade.
Os técnicos também destacaram ferramentas de gestão de risco, como contratação adequada de seguro rural e mecanismos de proteção de preço. O recado foi objetivo: sem planejamento financeiro e técnico, o produtor fica mais exposto à instabilidade e pode perder oportunidades de mercado. Com o apoio de cooperativas e consultorias, é possível mapear custos fixos e variáveis, definir margens e escolher o melhor momento para travar preços. O Estado, por sua vez, atua para ampliar o alcance da assistência e manter o calendário de vacinação e defesa agropecuária em dia, condição básica para vender dentro e fora do país.
Ciência e produção: visão das secretarias Seti e Seab
Para a Seti, a ciência tem papel direto no desempenho do agronegócio paranaense. A avaliação é que o setor responde por parcela expressiva do Produto Interno Bruto e gera empregos em toda a cadeia, do insumo à indústria de alimentos. A secretaria defende que investimentos em pesquisa aplicada e transferência de tecnologia ajudam a elevar produtividade e a garantir alimentos de qualidade. O argumento central é que, quando protocolos chegam ao produtor por meio de assistência técnica e capacitação, o ganho é coletivo: as propriedades melhoram sua eficiência e a indústria conta com oferta regular e padronizada.
A Seab reforça a ideia de que tecnologia, tradição e políticas públicas precisam caminhar juntas. No entendimento da pasta, a articulação com cooperativas é um diferencial do Paraná, pois encurta a distância entre pesquisa e lavoura. A secretaria também cita o papel do Estado em abrir mercados e auxiliar na adequação a exigências sanitárias e de qualidade. A mensagem é que, com gestão e assistência, a produção ganha competitividade, amplia o acesso a compradores internacionais e impulsiona a geração de empregos, mantendo o Paraná entre os principais exportadores do país em produtos de origem agropecuária.
Direito, tecnologia e energia no Congresso do Agronegócio Global
Promovido pelo Conselho Internacional de Estudos Contemporâneos em Pós-Graduação (Consinter) em parceria com a Juruá Editora, o congresso reuniu painéis sobre temas que influenciam o dia a dia do campo. Entre os assuntos, estiveram segurança jurídica em contratos de compra e venda, exigências sanitárias e tributárias, uso de dados em gestão rural, inovação aberta e transição energética em processos agroindustriais. A proposta foi aproximar especialistas do ambiente produtivo para tratar de casos práticos e de mudanças regulatórias que afetam o planejamento das empresas e das propriedades.
As discussões mostraram que a competitividade do setor depende de combinar eficiência técnica com conformidade regulatória. Para exportar, por exemplo, além de qualidade intrínseca, é preciso comprovar rastreabilidade e atender padrões sanitários dos países de destino. Em energia, o debate abordou fontes, custos e previsibilidade de fornecimento para plantas de beneficiamento e frigoríficos. Em tecnologia, painéis trataram de conectividade no campo, coleta de dados, interoperabilidade de sistemas e proteção de informações sensíveis. O objetivo é dar ao produtor e à indústria ferramentas para decisões baseadas em evidências.
Aplicações do Napi Prosolo: práticas, métricas e passos de implementação
Entre as práticas difundidas pelo Napi Prosolo, a equipe destacou o planejamento conservacionista de talhões com base em topografia de alta resolução. O produtor é orientado a mapear declividades, delimitar linhas de plantio e implantar estruturas de retenção compatíveis com a intensidade de chuvas da região. A recomendação inclui escolha de plantas de cobertura por função (produção de biomassa, reciclagem de nutrientes, ruptura de camadas compactadas), definição de janelas de semeadura e manejo para maximizar cobertura do solo entre safras. O uso de semeadura direta permanece como eixo, com ajustes por cultura e por tipo de solo.
Para medir resultados, o arranjo propõe indicadores simples e comparáveis: perdas de solo por hectare estimadas por coletas sazonais, variação de matéria orgânica em camadas de 0–10 e 10–20 cm, infiltração de água medida por anéis infiltrômetros, densidade de solo por amostras indeformadas e estabilidade de agregados. Na parte agronômica, indicadores incluem estande de plantas, interceptação de luz e índice de área foliar em momentos críticos do ciclo. A mensuração é registrada em planilhas padronizadas e, quando possível, integrada a aplicativos móveis, permitindo visualização temporal e comparação entre áreas.
Passo a passo sugerido para propriedades participantes
A equipe do Napi Prosolo apresentou um roteiro de seis meses para propriedades que iniciam a implementação. Nos primeiros 30 dias, recomenda-se diagnóstico com coleta de amostras, verificação de compactação e mapeamento básico de relevo com GPS. Entre o segundo e o terceiro mês, ocorre a definição de plantas de cobertura, correções de pH e de nutrientes em taxa variável, além do ajuste de semeadora e distribuição de palha. Do quarto ao sexto mês, intensifica-se o monitoramento: infiltração de água, perdas em bordaduras, escorrimento superficial e avaliação de estande para a cultura principal, com correções pontuais planejadas para a safra seguinte.
O roteiro prevê reuniões mensais com assistência técnica para reavaliar metas, checar evolução de indicadores e validar ajustes. A recomendação é trabalhar por módulos, começando em talhões com maior risco de erosão ou com histórico de baixa produtividade. A partir dos resultados, o produtor pode escalar as práticas para o restante da área. O arranjo também incentiva a troca de experiências entre propriedades da mesma região, de modo que as equipes conheçam soluções que deram certo em solos e regimes de chuva semelhantes, encurtando o tempo de aprendizado coletivo.
Exemplos práticos: ganhos possíveis com manejo de solo e próteses 3D
Em uma propriedade de grãos com áreas onduladas, a aplicação do plano de manejo proposto pelo Napi Prosolo pode reduzir o carreamento de sedimentos para carreadores, diminuir as perdas de adubo e melhorar a uniformidade de emergência. Com curvas de nível bem posicionadas e cobertura adequada, o produtor tende a observar menor necessidade de replantio em pontos críticos e maior estabilidade de rendimento entre os talhões. Em um segundo ciclo, a matéria orgânica tende a se recuperar gradualmente em áreas degradadas, o que melhora a estrutura do solo e reduz o esforço de máquinas, com impacto direto no consumo de combustível e no desgaste de equipamentos.
No caso das próteses 3D reabsorvíveis para animais, um cenário comum é o de fraturas decorrentes de acidentes em atividades de manejo. Com o modelo personalizado, a equipe planeja cortes e fixações de forma antecipada, reduzindo tempo cirúrgico. O pós-operatório é padronizado, com protocolos para controle de dor, fisioterapia e retorno gradual à atividade. A expectativa é de recuperação mais rápida e com menos necessidade de procedimentos complementares, já que o implante é absorvido pelo organismo ao longo do tempo. Para propriedades, isso significa menor tempo de afastamento do animal e, em alguns casos, manutenção de aptidão para tarefas específicas.
Como acessar os projetos e serviços apresentados no congresso
Produtores interessados em aplicar as práticas do Napi Prosolo ou em conhecer os serviços da Seab podem iniciar pelos canais regionais de assistência técnica e pelas cooperativas. A orientação é organizar documentos básicos da propriedade e, quando possível, levar um histórico de produtividade, notas de compra de insumos e registros de intervenções mecânicas no solo. Com essas informações, os técnicos conseguem propor um plano de ação realista, alinhado ao orçamento e ao calendário da safra. Para clínicas e hospitais veterinários, o contato com a equipe que desenvolve as próteses 3D permite avaliar a viabilidade de casos e alinhar prazos cirúrgicos e de entrega.
Antes de buscar crédito, a recomendação é fechar o projeto técnico, com memorial descritivo e estimativa de ganhos operacionais. Isso facilita a análise pelas instituições financeiras e reduz o risco de contratar um financiamento que não atende à necessidade real da fazenda. Para quem pretende adotar irrigação, armazenagem ou mecanização, o ideal é incluir no plano itens de manutenção, custos de energia e capacitação da equipe. Dessa forma, a implementação tende a ser mais rápida e com menos surpresas durante a operação.
- Reúna dados da propriedade: mapas, histórico de produtividade e compras de insumos.
- Procure o escritório regional da Seab ou a cooperativa para um diagnóstico inicial.
- Defina metas claras com indicadores, prazos e orçamento.
- Avalie opções de crédito e seguro rural compatíveis com o projeto técnico.
- Implemente por módulos e registre resultados para ajustes.
- No caso de próteses 3D veterinárias, centralize exames de imagem e laudos para análise da equipe.
Integração entre pesquisa, extensão e mercado
A presença do Paraná no congresso evidenciou um ponto-chave: a integração entre pesquisa, extensão e mercado reduz o tempo entre a criação de uma solução e seu uso em larga escala. Universidades geram conhecimento, o setor público organiza o caminho para que esse conhecimento chegue ao campo e as empresas traduzem projetos em produtos e serviços. Quando todos os elos conversam, protocolos saem do laboratório com linguagem simples e checklist de implementação. O resultado é a adoção mais rápida de práticas que melhoram o desempenho das lavouras e rebanhos, com menos retrabalho e menor risco.
No caso do Napi Prosolo, essa integração aparece na padronização de amostragens, na elaboração de guias de campo e no acompanhamento de indicadores. Já no projeto de próteses veterinárias, o diálogo com clínicas e hospitais acelera a validação clínica e facilita o treinamento de equipes. A Seab, por sua vez, atua para garantir que produtores tenham acesso a informações e a instrumentos de financiamento e proteção de renda, ampliando a capacidade de investimento. Essa engrenagem forma uma base para dar escala às soluções e mantê-las atualizadas conforme novas evidências surgem.
Métricas de desempenho: do talhão à cadeia produtiva
Para que ações ganhem tração, o acompanhamento por métricas é decisivo. Nas lavouras, indicadores de solo e de planta ajudam a ajustar práticas e a comprovar resultados. Em cadeias pecuárias, registros de ganho médio diário, conversão alimentar e índices reprodutivos orientam a tomada de decisão. Já no elo industrial, dados de eficiência energética, perdas de processo e produtividade de linhas ajudam a planejar investimentos. O congresso reforçou essa visão ao propor que cada projeto apresente, desde a origem, quais variáveis serão medidas, com que periodicidade e como serão usadas no ciclo de melhoria contínua.
A construção de painéis de controle simples, acessíveis por celular, foi apontada como caminho para tornar a gestão do campo mais objetiva. Ao visualizar mapas de produtividade, curvas de custos e alertas de risco, produtores e gestores conseguem agir antes que problemas se agravem. Para cooperativas, a consolidação de dados por região revela gargalos comuns e oportunidades de capacitação. Para órgãos públicos, as métricas orientam alocação de recursos e priorização de políticas, elevando o impacto de cada real investido.
Agenda de trabalho após o congresso
Com a troca de experiências ocorrida entre os dias 22 e 24, a expectativa é de intensificar agendas técnicas regionais no Paraná. A partir dos contatos realizados nos estandes, equipes da Seti e da Seab devem dar continuidade a reuniões com cooperativas, prefeituras e empresas para detalhar cronogramas de capacitação e expansão de projetos. Na pesquisa, a meta é ampliar áreas demonstrativas do Napi Prosolo e firmar novas parcerias para validar recomendações em diferentes tipos de solo e regimes de chuva, sempre com protocolos claros e comparáveis entre regiões.
Na área veterinária, a Orthopetica deve avançar em estudos clínicos observacionais com cães, gatos e animais de produção, mapeando perfis de casos e resultados por tipo de implante. A disseminação de modelos-guia impressos e treinamentos para equipes cirúrgicas tende a acelerar a curva de aprendizado. Do lado da gestão pública, a Seab projeta calendários de caravanas técnicas e mutirões de documentação para facilitar o acesso a crédito e a programas de apoio, alinhando demanda e oferta de serviços no interior do Estado.
Perguntas frequentes do produtor e do técnico que visitaram os estandes
Visitantes buscaram saber quanto tempo leva para perceber ganhos com o manejo de solo. A resposta depende do ponto de partida. Em áreas com problemas severos de erosão ou compactação, ajustes de plantio, curvas de nível e plantas de cobertura podem reduzir perdas já na primeira safra, enquanto a recuperação de atributos químicos e físicos costuma aparecer ao longo de mais ciclos. Outro tema frequente foi a compatibilidade das recomendações com diferentes culturas e máquinas disponíveis. Os pesquisadores explicaram que o roteiro é adaptável, desde que os indicadores sejam acompanhados com disciplina para permitir correções rápidas.
No estande de veterinária, a dúvida principal foi sobre a indicação dos implantes reabsorvíveis em comparação a placas metálicas convencionais. A equipe ressaltou que a decisão considera localização da fratura, peso do animal, nível de atividade e possibilidade de acompanhamento pós-operatório. Em geral, a vantagem de materiais reabsorvíveis é eliminar a necessidade de nova cirurgia para retirada, o que reduz riscos e custos. Porém, cada caso exige avaliação criteriosa do cirurgião, com base em exames de imagem e em parâmetros clínicos objetivos.
Dicas práticas para iniciar projetos após o evento
Para quem decidiu começar pelo manejo de solo, o primeiro passo é organizar o diagnóstico com dados confiáveis. Vale investir tempo em amostragem representativa, uso de GPS para registrar pontos e fotos georreferenciadas que mostrem problemas recorrentes, como sulcos e enxurradas. Em seguida, a elaboração de um mapa simples de classes de risco orienta a priorização de talhões para intervenção. A compra de insumos deve vir depois do plano técnico, evitando desperdícios. Acompanhe os indicadores definidos e marque revisões periódicas com a assistência para ajustar o que for necessário.
No campo da veterinária, alinhe com a equipe clínica o cronograma de exames e o tempo de fabricação do implante 3D. Organize um checklist com prazos para coleta de imagens, envio de arquivos, validação do design, impressão, esterilização e data da cirurgia. Garanta que o tutor compreenda os cuidados pós-operatórios, como restrição de movimento, administração de medicamentos, higiene do local e retornos para avaliação de consolidação. Registre tudo em prontuário para comparação com casos futuros e construção de um banco de resultados.
O papel das cooperativas e das parcerias locais
Cooperativas funcionam como ponte entre pesquisa, produtor e mercado. Elas podem organizar dias de campo, centralizar a coleta de dados e negociar condições comerciais para aquisição de insumos ligados ao manejo de solo. Também ajudam a dar escala à adoção de práticas, permitindo que várias propriedades implementem protocolos semelhantes e comparem resultados. Nos estandes, representantes relataram experiências em que grupos de produtores reduzem custos ao contratar serviços de topografia e análises laboratoriais de forma coletiva, com cronogramas coordenados e compartilhamento de máquinas e implementos.
Parcerias com prefeituras, sindicatos rurais e instituições de ensino locais ampliam a capilaridade das ações. Cursos rápidos para operadores de máquinas, por exemplo, têm impacto direto no sucesso do plano de manejo, pois parâmetros de regulagem e velocidade de trabalho afetam a qualidade da semeadura e a eficácia das curvas de nível. Na área veterinária, acordos com clínicas da região facilitam o acesso aos implantes 3D e permitem treinos conjuntos, criando redes de referência para casos ortopédicos de maior complexidade.
Custos, financiamento e retorno esperado
A decisão de investir em manejo de solo ou em tecnologias clínicas passa por uma conta simples: quanto custa implementar e qual é o retorno esperado. No caso do Prosolo, os principais investimentos no início costumam envolver serviços de topografia, correção do solo e aquisição de sementes para plantas de cobertura. A médio prazo, há redução de perdas por erosão, menor necessidade de replantio e, em muitos cenários, economia com combustível e manutenção de máquinas devido a melhores condições de tráfego no campo. O retorno aparece na estabilidade de produção e na maior previsibilidade de resultados.
No projeto de próteses veterinárias, o custo está ligado a exames de imagem, design personalizado e impressão 3D. A vantagem é evitar uma segunda intervenção para retirada do implante e reduzir tempo de internação, o que diminui despesas associadas ao tratamento. Para propriedades, a rapidez de recuperação de animais usados em atividades de manejo pode evitar perdas de produtividade. Em ambos os casos, a recomendação é elaborar um plano financeiro com estimativas realistas e considerar a contratação de seguro quando houver riscos relevantes para o fluxo de caixa.
O que fica da participação paranaense no congresso
A presença do Paraná no Congresso do Agronegócio Global evidenciou um caminho baseado em resultados: orientar o produtor com passos claros, medir o que realmente importa e ajustar as práticas a cada safra. O Napi Prosolo mostrou que é possível transformar pesquisas de solo em decisões cotidianas na propriedade, com métricas simples para guiar o processo. As próteses 3D reabsorvíveis, por sua vez, ilustram como a transferência de tecnologia pode encurtar o tempo entre diagnóstico e reabilitação na medicina veterinária. No âmbito das políticas públicas, a Seab apresentou uma carteira de serviços voltada à eficiência produtiva e à qualificação de processos.
Ao reunir ciência, gestão e mercado, o evento em Curitiba reforçou que ganhos consistentes dependem de planejamento, acompanhamento e cooperação. As agendas abertas a partir dos contatos feitos nos estandes tendem a render novos projetos, ampliar áreas demonstrativas e fortalecer redes de atendimento. Para produtores, cooperativas e empresas, a mensagem é objetiva: há caminhos testados para melhorar o desempenho na lavoura e no rebanho, e existem serviços públicos e privados à disposição para acelerar essa jornada, do diagnóstico técnico ao financiamento, passando pela capacitação da equipe e pelo monitoramento contínuo.